Requião participa da reunião da elaboração do plano de governo nacional do PMDB

Esta é a primeira de 27 reuniões que se repetirão pelo país com objetivo de receber mais sugestões ao texto base e de estabelecer a unidade em torno do plano
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13/09/2005 - 12:08
Editoria
O governador Roberto Requião participou na noite de segunda-feira (12) do debate do plano de governo “Para Mudar o Brasil” elaborado pelo economista Carlos Lessa a pedido dele e de outros membros do PMDB. O documento deve ser a base das propostas do partido para as próximas eleições e faz duras críticas à atual política econômica propondo, entre outras ações, a redução da taxa básica de juros e a redução e eventual eliminação do superávit primário, hoje superior a 5% do PIB. “O fundamental é termos uma política econômica em favor do povo e não dos interesses hegemônicos dos bancos e do capital internacional. Hoje, por exemplo, apenas 20 mil famílias ganham com as letras da dívida interna do Brasil”, explicou o governador. O debate reuniu os principais líderes nacionais do partido na sede da Federação da Indústria do Paraná (Fiep), que também contribuiu para a elaboração da proposta. Esta é a primeira de 27 reuniões que se repetirão pelo país com objetivo de receber mais sugestões ao texto base e de estabelecer a unidade em torno do plano. Durante o encontro, um questionário foi distribuído para recolher novas opiniões, que serão analisadas por Lessa e a equipe de economistas que trabalha com ele, como Darc Antônio da Luz Costa, Márcio Henrique Monteiro de Castro, César Benjamin, Fernando Peregrino e Luiz Eduardo Melin. Ao longo do encontro, o governador e Lessa, ex-presidente do BNDES, destacaram alguns números que confirmam a estratégia de beneficiamento aos especuladores financeiros imposta pelo Governo Federal. “Nós temos um superávit primário de R$ 80 bilhões anuais que não se transforma em investimento. Nós precisamos de emprego, de desenvolvimento econômico real e de um país que vibre com a nossa gente. Esta política está equivocadamente voltada para abertura absoluta ao capital internacional”, salientou Requião. O governador lembrou o sociólogo César Benjamin, presente na reunião, ao ressaltar que a essência do encontro “é nos questionarmos se queremos ser um ‘Brasil Nação’ - com história, território e cultura de um povo – ou ‘Brasil mercado para os outros’. Exemplos como o da Argentina e da Venezuela não podem ser adotados pelo Brasil mecanicamente, mas revelam que é possível resistir à dependência excessiva do capital externo”, comparou Requião. Contribuições - Lessa criticou a falta de controle sobre os investimentos externos no país e responsabilizou a política de facilitação de entrada e saída pela criação do “capital cigano”. “Este capital entra no país para desfrutar nossos escandalosos juros precisando apenas ‘avisar’ o Banco Central. Ele é uma chantagem ao país e por isso governos de vários países já adotaram regras como o estabelecimento de um período de permanência mínima do capital no país”, condenou. O economista considerou “intolerável o gasto do Governo Federal de R$ 145 bilhões com o pagamento de juros, enquanto o programa Bolsa Família recebe apenas R$ 7 bilhões”. Ainda segundo Lessa, é preciso que o Brasil tenha um crescimento de no mínimo 5% ao ano para gerar novos empregos. Para o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, a forma de elaboração deve tornar o plano de governo adequado para ser aplicado em todo país. “Teremos três meses para receber contribuições e estabelecer um discurso unitário”, afirmou. Segundo o presidente do Senado, Renan Calheiros, esta é “a oportunidade para resgatar esta hipoteca social e devolver ao Brasil sua capacidade de crescimento”. Além das ações diretamente direcionadas ao mercado, o governador de Santa Catarina, Luís Henrique da Silveira, chamou atenção para a necessidade de uma nova divisão dos recursos obtidos com a cobrança de impostos pela União, priorizando maior participação e autonomia dos municípios. O encontro teve ainda a participação do vice-governador Orlando Pessuti, da governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus, do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, do secretário de Governo do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, do ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, do presidente do PMDB no Paraná, deputado estadual Dobrandino da Silva e de deputados e prefeitos de vários Estados.

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