Em seu primeiro dia de visita à China, onde lidera uma missão comercial, o governador Roberto Requião participou nesta segunda-feira (21) em Beijing (Pequim) da abertura de uma rodada de negócios entre empresários paranaenses e chineses e foi recebido no Ministério da Agricultura local, onde discutiu as possibilidades de incremento da venda da soja convencional paranaense para aquele país.
A rodada de negócios foi realizada na sede do Conselho Chinês para Promoção do Comércio Internacional. Além do governador Roberto Requião, também estiveram presentes no encontro empresários paranaense e chineses, o presidente da Fiep, Rodrigo Rocha Loures, o secretário da Indústria, Comercio e Assuntos do Mercosul, Luiz Mussi, e o conselheiro comercial da embaixada do Brasil na China, Carlos Den Hartog.
O governador foi recebido no conselho por Yu Pig, um de seus dirigentes. Na rodada, do lado brasileiro, participavam 16 empresários e dirigentes de entidades empresariais. Do lado chinês, 60 empresários e dirigentes de entidades. Na abertura da reunião, o governador lembrou que, em sua administração anterior (1991 a 1994), o Paraná foi um dos primeiros Estados brasileiros a estabelecer vínculos comerciais mais consistentes com a China, com a criação de um escritório voltado a estimular intercâmbio comercial entre as duas partes.
Hoje, a China é um dos maiores compradores de produtos paranaenses, e, nos últimos anos, as exportações para aquele país saltaram de US$ 115 milhões em 2001, para US$ 1,14 bilhão em 2003. “Da mesma forma, cresceram nossas importações de produtos chineses especialmente de têxteis, chegando a US$ 170 milhões, no último ano”, comentou Requião.
O governador disse aos empresários chineses que acredita que esses negócios possam avançar ainda mais, especialmente depois que o governo brasileiro reconheceu a condição da China como “uma economia de mercado”, relevando possíveis restrições no intercâmbio entre os dois países.
Requião fez uma minuciosa descrição da economia paranaense e de suas potencialidades, afirmando que o Paraná tem o máximo interesse em aprofundar as relações comerciais com a China. Ele lembrou que recebeu diversas missões chinesas e destacou: “Está na hora de transitarmos das intenções à prática, com a concretização de negócios, já que ambas as partes revelaram por diversas vezes este propósito”.
Soja – O governador do Paraná referiu-se, ainda, ao desejo dos chineses de comprarem produtos, como a soja, diretamente dos agricultores e cooperativas agrícolas paranaenses, eliminando a intermedição das grandes trades multinacionais.
“Os chineses querem comprar diretamente e os paranaenses também querem vender diretamente. Se esse é o desejo de ambas as partes, está na hora de concretizarmos isso rapidamente”, estimulou Requião.
O governador reafirmou a empresários e funcionários do governo chinês a disposição de fazer do Paraná uma referência mundial na produção da soja convencional. Essa afirmação do governador foi muito bem recebida pois, conforme os próprios chineses, também na China são cada vez maiores as restrições à soja transgênica.
Porto - O governador Roberto Requião garantiu, ainda, que o Paraná tem condições de colocar na China um produto isento de transgenia e que o Porto de Paranaguá continuará exportando exclusivamente o produto convencional.
Em relação ao Porto, o governador descreveu as várias iniciativas do Estado para aumentar a eficiência do terminal e exportar produtos rigorosamente fiscalizados e de qualidade.
Requião elogiou ainda o processo de desenvolvimento chinês, afirmando que o país está mudando, “mas sem mudar sua visão de solidariedade e de desenvolvimento econômico para todos, e não somente em busca cega pelo lucro”.
Em sua intervenção, Requião lembrou que, nesta viagem, ele não representa apenas o governo do Paraná, mas também os estados que compõe o Codesul, conselho que preside nesta gestão. Os Estados que formam o Codesul são Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.
Ensino – Na palestra que ele fez aos empresários chineses no Conselho Chinês para Promoção do Comercio Internacional, o governador anunciou que vai instalar, nas seis universidades públicas paranaenses, cursos permanentes da língua chinesa, já que, hoje, uma das grandes barreiras que dificulta o comércio entre o Brasil e a China, além da distância é a língua. O governador acredita que o Paraná pode dar mais um passo importante nesse intercâmbio com a China.
Outra providência que o governador anunciou foi a de reorganizar o escritório Brasil-China, que o Governo do Estado mantém, com ampliação do seu quadro de pessoal e de recursos para facilitar o contato entre os dois países. Depois de sua palestra, o governador Requião respondeu a diversas perguntas de empresários chineses, todos interessados em viabilizar negócios com o Paraná.
Agricultura – Depois de almoçar na Embaixada do Brasil em Pequim, o governador Roberto Requião, acompanhado do embaixador Luiz Augusto de Castro Neves, do secretário de Indústria e Comércio, Luiz Mussi, e do empresário Rodrigo Rocha Loures, o governador foi recebido no Ministério da Agricultura da China. Lá, se reuniu com especialistas nos setores de grãos e transgênicos. No encontro, o governador detalhou a posição do Paraná em relação aos transgênicos e quais as razões das restrições impostas ao produto.
A condição do Paraná foi muito bem recebida pelo Ministério da Agricultura chinês, já que, segundo seus dirigentes, a China também tem restrições aos produtos transgênicos e vem, cada vez mais, enrijecendo as regulamentações em relação aos produtos geneticamente modificados. É preciso lembrar que a China não produz soja transgênica e impõe várias medidas restritivas à comercialização do produto geneticamente modificado. Os chineses ouviram atentamente as explicações do governador, já que, segundo eles, o Brasil fornece 30% da soja comprada pela China.
Os técnicos identificaram uma identidade do Paraná com relação ao tema. Os chineses disseram ao governador que, hoje, eles produzem 17 milhões toneladas de soja, importado outras 20 milhões de toneladas. Daí a preocupação deles com a qualidade do produto que estão importando. O governador garantiu que o Paraná sempre terá uma soja pura, limpa sem transgenia.
Os diretores do Ministério da Agricultura da China manifestaram, ainda, um grande interesse na importação da soja orgânica do Paraná. Segundo eles, cresce na China a demanda por esse tipo de produto e o país não tem encontrado no mundo um fornecedor. Os chineses garantiram que uma eventual produção desse tipo de produto teria colocação certa e de imediato no mercado chinês.
O governador Roberto Requião disse aos chineses que o Governo do Paraná tem investido neste segmento inclusive com a criação de uma fazenda agroecológica para desenvolver produtos e treinar agricultores em sua produção Essa informação do governador despertou grande interesse dos diretores, que manifestaram interesses em conhecer a experiência paranaense.
O governador avaliou a reunião com os técnicos do ministério chinês como proveitosa e os chineses também fizeram a mesma avaliação e manifestaram interesse em cooperação tecnologia na produção da soja com o Paraná.
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Negócios continuam em Shangai
Nesta terça-feira (22), o governador Roberto Requião e a comitiva do Paraná estarão em Shangai, onde serão recebidos às 13 horas (horário na China) pelo cônsul-geral do Brasil João de Mendonça Lima Neto. Às 16h30, a comitiva se reúne no consulado e, logo depois, mantém um encontro com representantes do Banco do Brasil. Itaú, BBA e CVRD. À noite, a comitiva será recebida num jantar oferecido pelo representante do Banco do Brasil na China, Sergio Ribas Câmara.