O governador Roberto Requião acionou nesta quarta-feira (01) o disjuntor para efetivar a milésima ligação do Programa de Irrigação Noturna (PIN) na propriedade do agricultor familiar Joslei Antonietti, de Renascença. Estabeleceu como meta fazer 2.500 ligações para irrigação noturna nas propriedades até o final deste ano. Para ele, a irrigação é a solução para os problemas de estiagem que enfrenta a pequena propriedade e a garantia da produção de alimentos. Segundo Requião, esse programa só está sendo possível porque ele não vendeu a Copel. O sistema utiliza o aproveitamento da energia gerada à noite quando o consumo cai. Como a energia não pode ser armazenada, ela se perde. Ele disse que ficou convencido dos benefícios da irrigação para ampliar a produção de alimentos quando foi à Suíça. Numa conversa com o então secretário-geral da ONU, Kofi Anan, o dirigente da ONU disse que a solução para aumentar a produção de alimentos no mundo não passava pela produção de alimentos transgênicos, e sim pela irrigação. Daí a idéia de criar o PIN, aliando essa iniciativa com o uso da energia no período noturno quando cai a demanda. Com o Programa, o agricultor vai pagar o equivalente a 16% do custo da energia urbana em sistema de baixa-tensão e apenas 12% do custo da energia urbana em sistema de alta-tensão. Além disso, o agricultor eleva sua renda na propriedade porque deixa de perder com a seca, disse o governador. Segundo o secretário da Agricultura, Valter Bianchini, será possível agilizar o programa com o aumento da demanda. Só na região Sudoeste cerca de 300 pequenos agricultores estão na expectativa da instalação do sistema em suas propriedades. O produtor Joslei Antonietti planeja aumentar em 30 % a produtividade de suas lavouras com o uso da irrigação Com uma área de 24 hectares, produz feijão, milho, soja, trigo e leite, além de frutas e verduras. O agricultor disse que em pouco tempo irá aumentar a produção com a mesma área, só com o equipamento da irrigação durante a noite. CAPRINOS - O programa de incentivo à caprinocultura (criação de cabras) foi outro setor que o governador Roberto Requião quer acelerar no Paraná. Determinou ao secretário da Agricultura, Valter Bianchini, para comprar animais reprodutores e matrizes no Nordeste do País para ampliar a base de produção. Para Requião, a caprinocultura é garantia de proteína na propriedade da agricultura familiar diversificada. Além da compra de reprodutores e matrizes, o governador determinou a formalização de um convênio com o Centro de Transferência de Embriões e de Inseminação Artificial de Francisco Beltrão para que o governo do Estado possa repassar 50 mil doses de inseminação artificial para os produtores interessados em desenvolver a criação de cabritos em suas propriedades. PROGRAMA DE IRRIGAÇÃO - Beneficia os agricultores familiares não só pela redução no custo da energia elétrica na propriedade rural, mas também com o aumento da produtividade das lavouras. O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, vê nessa técnica a solução para os problemas recorrentes da falta de chuvas, que vem acontecendo no Paraná nos últimos anos. A irrigação é indicada para lavouras de grãos, horticultura, fruticultura e até pastagens. Em Icaraíma, na região do Arenito Caiuá, sete agricultores familiares estão utilizando a irrigação em áreas de pastagens para o gado leiteiro. Conforme o técnico agrícola que acompanha a experiência, Cid Clay Gabarão, a produtividade da área com as pastagens irrigadas deu um salto em menos de quatro meses. A média de ocupação daquelas áreas, que era de três cabeças por alqueire, avançou para 33 cabeças por alqueire só com a irrigação. Gabarão destaca que o uso da irrigação transforma a propriedade. O show tecnológico exibido recentemente na Expo Umuarama mostrou que o milho cresce de quatro a cinco vezes mais rápido em relação às lavouras comuns com o uso da técnica. Na última safra, onde houve seca, foram registradas perdas severas com o milho. Onde havia irrigação, as lavouras floresceram, comparou o técnico. DEMANDA - O coordenador da área de Meio Ambiente do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PR), Benno Henrique Weigert Doetzer, acredita que a demanda pelo PIN vai aumentar ainda mais com a ocorrência de períodos frequentes de estiagem, que colocam em risco os investimentos nas lavouras em algumas regiões do Estado. Segundo Doetzer, a Emater vem notando a irregularidade das chuvas, com faltas em algumas regiões e concentração em outras. Portanto, junto com a assistência à irrigação, a Emater está iniciando um trabalho com os agricultores para o armazenamento de água por meio de cisternas, reservatórios, calhas ou outros meios que permitam a reutilização da água das chuvas. Os programas de conservação de solos e água e de gestão de microbacias hidrográficas vão estimular o armazenamento, a conservação e a reutilização das águas, para potencializar a técnica da irrigação, explicou o técnico. De acordo com o secretário Valter Bianchini, a água é um recurso escasso e, por isso, os produtores rurais, beneficiários do PIN, devem firmar um compromisso com o governo do Estado para se tornarem “cultivadores de água”. Segundo Bianchini, o programa enfrentou diversos obstáculos com o excesso de burocracia entre os vários órgãos envolvidos. Quando assumiu a Secretaria da Agricultura, havia apenas 134 ligações feitas. Por determinação do governador Requião foi feito um ajuste no programa entre as secretarias da Agricultura, do Meio Ambiente, Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Copel. Com a redução da burocracia, a Emater ficou encarregada de fazer as vistorias nas propriedades e liberação do processo, facilitando o uso da irrigação para o agricultor familiar. Com a adesão ao PIN, além do baixo custo na energia noturna, o agricultor também tem acesso a financiamento dos equipamentos necessários para instalação do sistema de irrigação, com juros de 1% ao ano.