O governador Roberto Requião defendeu, na manhã desta terça-feira (09), o fortalecimento do Mercosul e a adoção de moeda própria para a América do Sul, que, dessa forma, não ficaria tão dependente da moeda norte-americana. “Nós precisamos ter um mercado nosso, que não dependa do dólar”, afirmou. Requião deu entrevista à TV Paraná Educativa, antes do início do seminário internacional “Crise – Rumos e Verdades”, promovido pelo governo do Estado, no Canal da Música, em Curitiba.
Requião elogiou a participação do senador Aloizio Mercadante (PT), na mesa-redonda de segunda-feira (08). “Ele foi perfeito na sua exposição, ao falar sobre o Mercosul”, avaliou o governador. “Estamos escapando do dólar. No Paraná, temos apostado tudo na integração sul-americana. Multiplicamos por várias vezes o nosso comércio com a Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. Assim, conseguimos escapar um pouco desse comércio dominado pelas superpotências e fugir da dominação absoluta do dólar, que se transformou na moeda padrão do mundo”, detalhou.
De acordo com o governador, a dominação do planeta pelo dólar norte-americano se voltou contra os próprios Estados Unidos, que chegaram num estágio de excesso de liquidez e de moeda. “Daí, eles inventaram um superfinanciamento, o ‘subprime’, que é de alto risco imobiliário. De repente, os financiados descobriram que as suas casas não valiam um terço do valor que eles tinham que pagar e daí deixaram de fazer isso. E esta é a origem, de uma forma bem simplificada, da crise que nós vivemos e atinge o mundo inteiro”, observou.
Requião também defendeu a criação de uma moeda própria para a América do Sul, assim como existe no Mercado Comum Europeu, com o Euro. “Com a nossa moeda, poderíamos influir no mercado. Se nós perdemos a moeda, perdemos completamente a soberania”, salientou. “É só vermos o que aconteceu com o Equador, que suprimiu a moeda, agora trabalha com o dólar. Portanto, ele não tem política fiscal e tributária, e está vivendo ao sabor da moeda norte-americana”, completou.
SEMINÁRIO – Durante a entrevista, o governador também destacou a importância do seminário internacional, cuja programação segue até a próxima quinta-feira (11). “É um evento que milita a favor da democratização da informação. A grande mídia brasileira faz o papel estranho de se render à perspectiva do mercado, das financeiras, dos bancos. E nós estamos assumindo a perspectiva do interesse da população, que precisa saber o que está acontecendo. Esse conhecimento por parte dos cidadãos força, inclusive, o governo a tomar medidas por meio da sua visão mais popular”, observou.
Requião adiantou que a programação do seminário está sendo gravada e será veiculada em outros horários na TV Paraná Educativa. “A idéia é fazer com que esses debates sejam conhecidos pelos cidadãos. É preciso que o país se informe e saiba o que está acontecendo no mundo. Nós não podemos deixar mais as decisões e a informação na mão de meia dúzia de pseudo-sábios que querem conduzir tudo à revelia dos interesses do povo”, afirmou.