Representante venezuelano propõe modelo alternativo de desenvolvimento


Novo modelo é baseado na cooperação entre os países latinoamericanos e nos projetos sociais de empresas e financiadores públicos da região
Publicação
26/03/2009 - 14:40
Editoria
Para Bernardo Alvarez, presidente do Banco Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas) e representante da Venezuela no fórum Crise: Desafios e Soluções na América do Sul, a crise financeira mundial é a oportunidade para a criação de um novo modelo de desenvolvimento econômico, baseado na cooperação entre os países latinoamericanos e nos projetos sociais de empresas e financiadores públicos da região. Alvarez participou da mesa de debates “A Crise e o Continente Sulamericano”, na manhã desta quinta-feira (26), no Espaço das Américas, em Foz do Iguaçu. “Acreditamos que estamos em um processo novo, temos que avançar neste momento de crise e precisamos de um modelo alternativo ao modelo capitalista. Temos capacidade política e seria uma grande irresponsabilidade se não a usássemos para efetivamente resolver nossos problemas”, disse. Para Alvarez – presidente do banco de financiamentos que reúne inicialmente Venezuela, Bolívia, Cuba e Nicarágua, as saídas possíveis da crise financeira mundial para a América do Sul precisam ir além dos atuais acordos bilaterais. Ele afirma que a cooperação deve ser multilateral, com a presença de vários países, apoiados pelos movimentos sociais e empresas públicas, além de pequenos e médios empresários locais. Segundo Alvarez, não existe solução para a atual crise dentro do modelo capitalista. “Algumas empresas vão aproveitar a crise para crescer e tornarem-se ainda mais poderosas”, disse. Ele afirmou a necessidade de que as relações comerciais latinoamericanas passem do atual modelo bilateral para acordos multilaterais de cooperação. “A Venezuela e o Brasil têm um importante intercâmbio econômico, que está crescendo. Como fazer para usar isto como alavanca para avançar muito além de uma relação puramente bilateral? Não é fácil, mas é importante caminhar nessa direção”, disse. O objetivo do Alba e a proposta da organização para o modelo alternativo são, segundo Alvarez, criar mecanismos de cooperação entre as empresas públicas, que somem recursos aplicados em setores econômicos comuns e projetos sociais na América Latina. Ele explica a ação como a criação de grandes empresas “granacionais”. “A Bolívia tem grande produção de soja e a Venezuela tem indústrias para o refino desse produto, o que resulta em óleo ou farelo para consumo animal. Cuba tem tecnologia para produzir alimentos para consumo humano à base da soja”, explica, lembrando que a cooperação entre as partes pode beneficiar a todos. Alvarez afirma que, atualmente, apesar da produção regional estar nas mãos dos agricultores latinoamericanos, a produção industrial está sob o controle de empresas multinacionais ou gigantes latinoamericanas. “Por que nós não poderíamos criar uma empresa pública multinacional de logística, financiamento e comercialização que nos permitisse integrar algo tão importante como a produção de alimentos?”, indagou. O presidente da Alba citou o exemplo do Petrocaribe, acordo energético mantido entre Venezuela e países do Caribe. “Nós fornecemos 80 mil barris de petróleo por dia e o grupo caribenho paga este produto dividido em 50% em 90 dias, 25% em 25 anos com dois anos de carência. Os outros 25% vão para um fundo para programas de desenvolvimento destes países. Nos próximos cinco anos este financiamento poderá ser de U$ 2 bilhões para os países do Caribe”, explica. Este é, segundo Alvarez, um dos modelos de integração que já funcionam sobre uma nova ótica. O representante venezuelano citou ainda um programa de saúde, financiado pelo Banco Alba, que atendeu a cerca de 247 mil pessoas em 13 países da América Latina. Operações de cataratas foram oferecidos sem custo algum aos pacientes. “A idéia é chegar a um milhão de pessoas, em um programa apoiado por Venezuela, Cuba e Bolívia, gratuito, sem falar dos projetos de alfabetização que já foram implantados e a segunda fase deste na Bolívia, que começa com novo crédito a ser aprovado pelo banco”, explicou.

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