A construção da Usina Termelétrica de Araucária – UEG Araucária - consumiu investimentos superiores a US$ 300 milhões e onerou a Copel em mais US$ 43 milhões por erros de projeto: as turbinas instaladas não conseguiriam operar em condição ótima com o gás natural boliviano, que teria de ser depurado previamente numa estação de tratamento – paga pela Copel e, mais tarde, atestada como desnecessária por técnicos da própria fabricante das turbinas.
A usina, instalada na Região Metropolitana de Curitiba, tem 484 megawatts de potência e seria capaz de suprir praticamente toda demanda de Curitiba, mas jamais produziu eletricidade comercialmente. Mesmo sem conseguir operar, a UEG pleiteava no Tribunal Arbitral do Comércio Internacional de Paris o cumprimento do contrato que obrigava o Estado a comprar a energia supostamente produzida por R$ 300 milhões ao ano. Em abril de 2003 a Copel rompeu o contrato e suspendeu os pagamentos.
O contrato de compra de energia da usina a gás natural de Araucária era o maior dos três contratos do gênero herdados pela atual gestão. Juntos, eles levariam a Copel à falência ainda no ano de 2003 por comprometerem mais de um terço das receitas da Companhia.
O contrato com a Cien, Companhia de Interconexão Energética, empresa controlada pela espanhola Endesa, foi renegociado em bases bem mais favoráveis em meados de agosto de 2003: a quantidade de energia adquirida foi reduzida à metade (de 800 para 400 MW), o prazo do compromisso caiu de 20 para 7 anos e o preço do megawatt-hora passou a ter como referências índices reconhecidos pela Aneel.
Já o contrato com a Usina de Itiquira, controlada pela multinacional americana NRG Energy, adquiriu contornos de um contrato de compra de energia (antes, ele servia apenas para garantir um preço mínimo de venda à dona da usina) e com preços totalmente adequados ao mercado brasileiro.