O projeto de lei do novo marco regulatório do petróleo será alterado para acabar com a distribuição de royalties apenas para alguns estados e municípios, anunciou nesta quinta-feira (22), em Curitiba, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Ele participou do seminário “Pré-sal — O Brasil no caminho certo”, organizado pelo Governo do Paraná. “O pagamento dos royalties sobre as atuais reservas continua como está, mas haverá novas regras para as jazidas do pré-sal, em que todos os estados e municípios terão o mesmo direito”, disse.
“Não tem cabimento deixar que o petróleo explorado a 250 quilômetros da costa renda royalties para apenas um estado, um município. Assim, resolvemos debater a mudança das regras no Congresso Nacional. Já conversei com o (relator do texto na Câmara,) deputado Henrique José Alves (PMDB/RN), que irá encaminhar a mudança ao texto enviado pelo governo”, falou Bernardo.
Segundo o ministro, a exploração de petróleo rendeu R$ 22,6 bilhões em royalties em 2008, dos quais R$ 12,85 bilhões foram pagos a estados e municípios. “Oitenta por cento do total, ou R$ 10,3 bilhões, vão para o Rio de Janeiro. Com os novos campos na Bacia de Santos, São Paulo passará a ficar com a metade de todos os royalties nos próximos anos”, explicou o ministro.
Enquanto isso, o Paraná ficou com apenas R$ 35 milhões dos R$ 22,6 bilhões distribuídos no ano passado. “O relator da proposta no Congresso já assegurou que irá propor a alteração no texto, para que todos os Estados tenham direito aos recursos da exploração do pré-sal. Para a maioria dos estados, inclusive o Paraná, é importante que se consiga mudar o modelo atual de distribuição”, disse.
Bernardo estima que a exploração de petróleo deverá render R$ 41 bilhões por ano em 2017 — “isso se o preço do barril se mantiver na faixa dos US$ 70.” Por isso, é preciso que a sociedade também discuta o uso que estados e municípios fazem dos royalties do petróleo. “O governo federal anunciou a intenção de criar o fundo social. Mas muitas cidades que recebem royalties há anos seguem com parte da população vivendo em situação de pobreza extrema”, argumentou o ministro.
“Todos sabemos, no Paraná, pela experiência de Itaipu, que o modelo atual de distribuição de royalties está exaurido, não nos serve mais”, corroborou o vice-governador Orlando Pessuti. “Esperamos que o Congresso Nacional tenha sensibilidade e agilidade para discutir e votar o marco regulatório, norteando a discussão pelo sentimento de nação, e não pelo mercado. É preciso que o pré-sal seja a alavanca do desenvolvimento que precisamos estabelecer nesse País, e não apenas um instrumento de lucro para o mercado. Precisamos nos colocar nessa luta da mesma forma que brigamos pela Copel e pela Sanepar públicas”, lembrou.
RESPONSABILIDADE HISTÓRICA — Paulo Bernardo antevê uma “grande batalha política” pela aprovação do novo marco regulatório do petróleo. “É o grande debate das últimas décadas. Temos que ter grande atenção e unidade para não perdermos essa batalha. Afinal, se não aprovarmos o novo modelo, não adianta discutir quais áreas terão mais recursos no fundo social, porque simplesmente não haverá fundo algum”, falou.
“O debate realizado hoje (quinta-feira) pode ser um marco para que o Paraná se some a outros estados em favor desse projeto que interessa a todo o País. Vamos primeiro lutar em favor do interesse nacional. Não podemos cair no equívoco de nos desaglutinarmos por questões locais”, lembrou o ministro. Para ele, a descoberta do pré-sal coloca uma “responsabilidade histórica” nas mãos da sociedade brasileira.
“Tudo indica que a Câmara termina a votação do marco regulatório até o final de novembro, para que o Senado possa discutir e votar as novas regras até março de 2010. Com isso, ficam criados a nova empresa estatal e o fundo social, o Estado brasileiro poderá planejar a gestão das novas reservas de petróleo, definindo inclusive qual será o ritmo da exploração. Afinal, não queremos ser exportadores de petróleo. Temos que aproveitar essa oportunidade para criar um projeto de desenvolvimento nacional”, defendeu Bernardo.
Relator vai propor mudança na distribuição de royalties do pré-sal, diz Paulo Bernardo
Relator do texto na Câmara, deputado Henrique José Alves (PMDB/RN) irá encaminhar mudança ao texto enviado pelo governo
Publicação
22/10/2009 - 18:40
22/10/2009 - 18:40
Editoria