Região de Umuarama inicia combate à saúva

Sauveiros que ameaçam atividade econômica de 15 mil propriedades rurais do Norte e Noroeste devem ser controlados antes da revoada, prevê projeto da Emater
Publicação
11/06/2005 - 06:00
Editoria
O produtor rural Romildo Costa, 56 anos, do Sítio Santa Isabel, da Comunidade Casa de Tabua, município de Tapejara, aceitou o convite e levou a esposa Dulce e o filho Luiz Henrique na Tarde de Campo sobre Formigas Cortadeiras, dia 3 de junho, na propriedade de Jair Valério, localizada no distrito Marabá, em Tuneiras do Oeste. Isto porque na sua propriedade de 34 alqueires três estão comprometidos com imensos sauveiros. Situação igual a esta, de prejuízo na produção agropecuária, em milhares de propriedades e a necessidade legal de controlar o inseto que se tornou praga, levaram a Emater a colocar em práticas as estratégias de mobilização dos produtores para a convivência controlada da formiga cortadeira no Paraná. A formiga passa a ser praga quando é afetada pelo desequilíbrio da natureza, atesta o engenheiro agrônomo Lauro Morales, entomologista da Emater, lembrando que ela está presente em todas as regiões paranaenses, “mas de forma preocupante nas regiões de solos arenitos, onde ocorre degradação ambiental provocada pelas atividades rurais sem tecnologias sustentáveis nas culturas anuais e perenes, especialmente nas pastagens intensivas da pecuária de corte”. A proposta do governo estadual, diz Morales, é envolver as comunidades de cada município e juntamente com as entidades afins, eliminar sauveiros nesta época do ano que antecede a revoada, visando reduzir as possibilidades de disseminação da praga pelo nascimento de novos sauveiros, decorrente do vôo nupcial de fêmeas iças acasaladas por machos pitus, previsto a partir de agosto e setembro. A presença de 150 participantes no evento técnico em Tuneiras do Oeste, que teve aberturas de sauveiros por máquina escavadeira, apresentação da legislação vigente pelo Departamento de Fiscalização Sanitária da Secretaria da Agricultura e demonstrações das práticas de controle com iscas, pó e termonebulizador formicidas, mostra “o aumento da conscientização do produtor rural e da responsabilidade das autoridades e lideranças em reduzir significativamente as conseqüências do prejuízo que a formiga cortadeira causa nos 32 municípios da região de Umuarama”, assegura Márcia Laino, gerente regional da Emater. Ela aponta dados de pesquisa, para afirmar que a praga instalada há cinco anos em um hectare, consome o mesmo volume diário de forragem de um bovino. Em sauveiros adultos de mais de 250 m2 e população superior a cinco milhões de formigas, o prejuízo no bolso do produtor rural e do município é muito grande, porque a área ficar sem reforma do pasto durante 10 anos, a formiga cria mais de 15 novos sauveiros, ocupando quase que integralmente cada hectare. O comprometimento da produção agrícola é bem visível em Tuneiras do Oeste, embora a formiga Atta capiguara, também conhecida como saúva parda esteja presente e causando estragos em diversos municípios integrantes das regiões de Cornélio Procópio, Londrina, Maringá, Paranavaí e Umuarama. No levantamento realizado pela Emater local, o extensionista Célio Tardin identificou dentre as 986 propriedades rurais do município, 120 delas apresentando sauveiros de 80m2 até 200m2, que potencializam a disseminação da praga. “Com a revoada prevista para o início das chuvas da primavera a situação ficará mais grave devido o nascimento de milhões de novos sauveiros aqui no município, na região e até no Paraná, porque cada iça acasalada volta ao solo para abrir o seu próprio sauveiro”, alerta Tardin. BOX Para combater a formiga cortadeira O projeto da Emater que estabelece a convivência com a formiga cortadeira de forma controlada, define alguns procedimentos técnicos, como os métodos de controle que podem ser mecânico pela destruição física de formigueiro pequeno ou cultural pelo de cultivo de plantas armadilhas e plantas resistentes. Dependendo da gravidade da infestação o controle só é possível com o uso de produtos químicos. Qualquer controle deve estar baseado no procedimento comunitário, com todos os produtores prejudicados trabalhando em conjunto e no mesmo período e tendo consciência das implicações do problema. Para tal, devem participar dos treinamentos e buscar orientação agronômica. O produtor rural, segundo a Emater, só deve utilizar formicida registrado e conforme a recomendação da receita agronômica. Como é agrotóxico, o aplicador deve estar em segurança trajando o equipamento de proteção individual, com luva, máscara de rosto, bota, capa e calça. Em dias de chuva evitar o uso de formicidas. Não existem formicidas 100% eficientes, necessitando repasses de 1 até 3 meses, porque depois desse tempo a geração de formigas que estava sendo controlada passa a ser outra nova. Na área infestada, medir corretamente o tamanho do formigueiro, identificando os olheiros ativos que são as entradas dos formigueiros. Lembrar que a formiga operária cortadeira trabalha nas horas mais frescas do dia, período propício para realizar o controle, definindo as formas de controle que podem ser: Termonebulização - É a utilização de produto químico submetido a uma corrente de ar quente de um equipamento que produz fumaça e injetada no olheiro de entrada do formigueiro até a saturação, intoxicando as formigas. Isca granulada - É o formicida misturado com substância atraente no formato de grânulos que as operárias carregadeiras coletam próximo aos olheiros de entrada e levam ao interior. São colocados com a forragem cortada e que serve de substrato para o fungo, assim contaminando o único alimento das formigas. Pó - Produtos químicos aplicados com equipamentos que bombeiam o pó para dentro das galerias e panelas do formigueiro. Sua utilização seja em pó ou em líquido, é restrita pelo elevado risco de contaminação do aplicador e do meio ambiente. Pela Lei Estadual 11.200/95 e Resolução 123/87, os agricultores e pecuaristas são obrigados a controlar formigas cortadeiras em suas propriedades rurais. Ao não fazer, prejudica vizinhos e está sujeito às penalidades, começando por advertência, multa de 100 a 5.400 Ufir`s, interdição da propriedade e até impedimento de acesso ao crédito rural e benefícios dos programas do governo estadual. EMATER/Paraná Mais informações Lauro Morales (43)3341-1411

GALERIA DE IMAGENS