A safra 2007/08, encerrada neste mês de dezembro com a colheita das últimas lavouras de trigo na região Centro-Sul do Estado, fechou com um recorde de produção de 32,06 milhões de toneladas de grãos. Com isso, o Paraná se consolida como principal Estado produtor de grãos do Brasil, respondendo por 22% da safra nacional, que foi de 143,8 milhões de toneladas de grãos este ano. “Ao mesmo tempo em que comemoramos um bom ano para a agricultura e para a pecuária em termos de produção, produtividade e renda, fechamos 2008 com um cenário de preocupação para o primeiro semestre de 2009”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, ao fazer um balanço da agropecuária paranaense neste ano de 2008. Segundo ele, contribuiu para o bom desempenho da safra 07/08 no Estado produtividades excelentes das lavouras, onde os produtores capitalizados da safra anterior investiram em tecnologia e o clima também colaborou. O milho na primeira safra do ano 07/08 fechou com produtividade recorde de 7.063 quilos por hectare, o milho da segunda safra, com produtividade 3.820 quilos por hectare, a soja obteve rendimento de 3.000 quilos por hectare e o trigo tem alcançou produtividade elevada com 2.780 quilos por hectare. De acordo com Bianchini, a safra 07/08 foi excelente também em faturamento, apesar de quedas de preços pontuais como no milho e feijão. A projeção para o Valor Bruto da Produção (VBP) em 2008 aponta para um faturamento bruto de R$ 38,8 bilhões, um acréscimo de 19,39% sobre o ano passado, onde o faturamento bruto da agropecuária paranaense atingiu R$ 32,5 bilhões. “Foi uma safra recorde que trouxe bons resultados econômicos ao produtor”, resumiu o secretário. Para a pecuária, o ano também foi bom, com uma boa política de sanidade animal executada pelo governo do Estado, o que permitiu ao Paraná a retomada de mercados internacionais que estavam suspensos. Segundo Bianchini, as exportações de carne bovina irão fechar este ano com um faturamento quatro vezes maior em relação às exportações do ano passado. No ano passado o faturamento com as exportações de carne bovina foi de US$ 20,78 milhões e este ano o acumulado de janeiro a novembro indicava um faturamento de US$ 86,97 milhões, segundo informações da Secretaria Especial de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). As exportações paranaenses de carne de frango em 2008 foram crescentes mês a mês, encerrando o período janeiro a novembro com uma renda 50% maior em relação ao ano passado. O volume de carne exportada alcançou 847.871 toneladas e o faturamento foi de US$ 1,52 bilhão. No mesmo período de 2007, foram exportadas 771.065 toneladas de carne de frango, com faturamento de US$ 1,04 bilhão. Essa conjuntura consolida o Paraná como principal produtor de carne de frango do País e o segundo maior exportador. O valor de exportação da carne suína também cresceu este ano, embora o volume exportado seja menor. No período janeiro a novembro de 2007 foram exportadas 39.366 toneladas de carne suína, com faturamento de R$ 67,1 milhões. No mesmo período deste ano, foram embarcadas 29.494 toneladas de carne e o faturamento foi de US$ 71,18 milhoes. Essa conjuntura demonstra que de maneira geral a pecuária viveu também um bom momento tanto no mercado interno como externo, disse o secretário. Segundo Bianchini, a preocupação é com o leite que teve queda de preços no segundo semestre deste ano. A renda do setor foi prejudicada pelas exportações, que este ano foi menor em volume e em faturamento. CRÉDITO - Bianchini falou também sobre o crédito que este ano teve apoio total dos agentes financeiros como o Banco do Brasil, complementados com recursos do Banco Regional de Desenvolvimento Econômico (BRDE) e o sistema Sicredi/Cresol, que trouxe recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao setor. De acordo com o secretário, os agricultores tiveram oportunidade de renegociar as dívidas, embora o Paraná não tenha sentido o mesmo problema de Estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde os financiamentos foram suspensos de uma hora para outra. “Aqui a maior parte dos financiamentos foi garantida pelos bancos enquanto nesses Estados o crédito para o setor agrícola depende de tradings que tiveram problemas com a forte oscilação do dólar e ainda tiveram que enviar recursos para suas matrizes”, comparou. SAFRA 08/09 - A preocupação para a safra 08/09 que já está plantada é justamente com o volume de crédito disponível no período da comercialização a partir de março do ano que vem, disse Bianchini. Além disso, não fossem os problemas com o clima, o Paraná se preparou para repetir o bom desempenho da safra 07/08, com uma expectativa de colher 22 milhões de toneladas na safra de verão, disse Bianchini. Conforme o secretário, o Paraná está encerrando o ano de 2008 com alguns desafios a serem vencidos: um deles é com relação ao clima, onde as chuvas ocorridas entre novembro e dezembro foram insuficientes para o bom desenvolvimento das lavouras. Ao invés de ter um crescimento de 3% nas lavouras, como estava sendo esperado, a expectativa agora é que sejam colhidas 19 milhões de toneladas de grãos, uma redução de 15% em relação à estimativa inicial. O desafio será o de recuperar as perdas no período da safrinha. Outro problema a ser enfrentado refere-se ao aumento do custo de produção da safra de verão e a queda de produtividade das lavouras, em função da seca. Para completar, nesse cenário de crise, “podemos ter problemas com o crédito entre os meses de março de abril de 2009, se não forem adotas medidas de crédito, de garantia de continuidade da demanda interna e também dos países importadores, onde a demanda por matéria prima pode ser menor”. Bianchini destacou que tanto o governo federal como o estadual estão atentos a essa situação e estão monitorando e buscando políticas complementares para garantir as linhas de crédito necessárias, a agilidade das exportações e a manutenção das políticas de emprego e renda no mercado interno.