O projeto da ligação ferroviária da Ferroeste entre Cascavel e Foz do Iguaçu ganhou impulso em reunião realizada em Buenos Aires, no Palácio San Martin, entre os governos do Chile, Argentina, Paraguai e Brasil. O encontro ocorreu nos marcos do Grupo de Trabalho em Transportes e Logística Argentina – Brasil, que tem como um dos seus objetivos o desenvolvimento do corredor ferroviário bioceânico, projeto que vai ligar os portos do Paraná e os chilenos, passando pelos territórios do Paraguai e Argentina.
O trecho da ferrovia entre Cascavel e Foz do Iguaçu, para o qual a Ferroeste tem concessão e projeto executivo de engenharia, foi apresentado pelo Itamaraty como um compromisso do governo brasileiro com o Paraguai, já firmado entre os dois governos no âmbito do Grupo Brasil – Paraguai de Logística e Transportes, criado na visita do presidente Lula a Assunção em maio de 2007, e com a implementação do corredor ferroviário bioceânico.
A decisão brasileira de apoiar a ligação ferroviária entre Cascavel e Foz do Iguaçu e a construção da ferrovia no território paraguaio foi consolidada através do Aviso Interministerial nº. 002/2007, dirigida ao presidente do BNDES pelos Ministros dos Transportes, do Planejamento e das Relações Exteriores, nos quais o governo solicita que o banco proceda aos estudos necessários à realização do projeto.
O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, participou da reunião internacional, integrando a delegação brasileira formada pelo Itamarati para o encontro. Segundo ele, “a reunião confirma o que sempre dissemos: a expansão da Ferroeste para Guaíra e para Foz do Iguaçu não são alternativas excludentes, mas complementares, que respondem a impulsos econômicos e políticos distintos.”
A ferrovia para Guaíra é uma demanda do Mato Grosso do Sul, que precisa que a Ferroeste chegue a Maracaju e conecte a economia sul-matogrossense com os portos do Paraná. Já a extensão da Ferroeste para Foz do Iguaçu é um compromisso do Brasil com o Paraguai, especialmente, que precisa ligação ferroviária com os portos do Paraná, mas também com a Argentina e Chile, que, em conjunto com o governo brasileiro, lutam para conformar um corredor ferroviário que una o Oceano Atlântico e o Pacífico. “Esta a grandeza da Ferroeste a de ser ao mesmo tempo um projeto de integração nacional e sul-americana”, completa Gomes.
Na reunião de Buenos Aires, os países apresentaram o estado da malha ferroviária em cada território e os planos de construção e reforma, bem como os pontos previstos de interligação para que seja formado o corredor bioceânico. Foi importante, em especial, a definição da Argentina, que enfatizou ser sua prioridade ligar-se ao Paraguai através de Resistência.
O Paraguai, por sua vez, apresentou três alternativas de ligação com a Argentina, a partir da ferrovia que sairá de Porto Presidente Franco, na fronteira com o Brasil em Foz do Iguaçu. A definição da ligação entre os dois países ficou para a próxima reunião do Grupo, que será realizada em Assunção, após a posse do novo governo paraguaio.
As empresas ferroviárias cujos trechos comporão o corredor estiveram presentes. São elas, as brasileiras, Ferroeste e ALL, a argentina General Belgrano, que liga a cidade de Salta à estação de Socompa, na fronteira com o Chile, a chilena Ferronor, que completa a ligação com o porto de Antofagasta.
Também participou o Ministério dos Transportes, representado pelo seu diretor Francisco Costa. O BNDES esteve representada pela chefe do Departamento da América do Sul e de Comércio Exterior, Ângela Regina Pereira de Carvalho, que confirmou a participação do banco no desenvolvimento dos projetos de integração ferroviária da América do Sul.
Na reunião ficou estabelecido um prazo entre cinco e dez anos para que o corredor ferroviário seja totalmente construído. “É uma grande notícia para integração latino-americana neste momento em que 12 países da América do Sul criam uma entidade que os reúne politicamente, a UNASUR. A Ferroeste está honrada em participar desse processo de integração física da América Latina. No marco das relações do Brasil na América do Sul, especialmente com o Paraguai, está claro que a ferrovia entre Cascavel e Foz do Iguaçu terá andamento acelerado a partir de agora”, concluiu Gomes.
O presidente da Ferroeste apresentou os benefícios que a integração da América do Sul por ferrovias trará para os portos do Paraná: “A desapropriação de áreas para a instalação do porto público do Mercosul em Pontal e a expansão da ferrovia ao Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraguai e a interligação através daquele país com a Argentina e o Chile projetam um gigantesco desenvolvimento dos portos paranaenses, que certamente serão destino de cargas daqueles países.”
Ainda, segundo o presidente, “com a construção da Ferroeste até Maracaju, estaremos nos interligando por ferrovia, através de Corumbá, com a Bolívia, na região de Santa Cruz de la Sierra, cujo caminho ao Pacífico exige viagens por caminhão de mais de 1500 quilômetros, através da Cordilheira dos Andes, até o porto de Arica, no Chile. Com a expansão da Ferroeste, Santa Cruz de La Sierra estará distante 2.200 quilômetros dos portos paranaenses, que deverão passar a ser demandados por produtos bolivianos.”