Provopar vai divulgar a cultura indígena paranaense

“Kits” contendo peças de artesanato, como arco, flecha, colares, cestarias, produzidas por índios das etnias guarani, kaingang e xetá farão parte do acervo das escolas e museus
Publicação
29/09/2005 - 14:58
Editoria
O Provopar Ação Social se prepara para distribuir às escolas estaduais e museus “kits” contendo peças de artesanato e folhetos explicativos sobre a cultura indígena paranaense, como forma de difundi-la e, ao mesmo tempo, dar vazão a produção artesanal de várias aldeias existentes no Estado. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (29) pela presidente do Provopar, Lucia Arruda, e por Iramar Diório Hermógenes, coordenador do setor de artesanato e responsável pelo programa “Artesanato que Alimenta”, que tem como objetivo a troca de artesanato por alimento nas aldeias indígenas. Lucia Arruda disse que a idéia de fornecer os “kits” a princípio para as escolas estaduais e museus surgiu da necessidade de dar vazão a produção artesanal indígena, tendo em vista que até o momento 800 famílias aderiram ao programa, garantindo o fornecimento de aproximadamente 3 mil peças de artesanato por mês. “Além do mais, é comum professor pedir emprestado ao Provopar material indígena para mostrar aos alunos. Agora, esse material fará parte do acervo cultural das escolas e estará à disposição de alunos e professores”, destacou. A maior parte desta produção vem das aldeias Pinhal, Água Santa, Taquara, Campo do Dia, Encruzilhada, Trevo, Sede e Toldo da Boa Vista, nos municípios de Nova Laranjeira, Laranjeiras do Sul e Espigão Alto do Iguaçu, onde vivem cerca de 2.800 índios kaingangs e guaranis. E, de acordo com Iramar, nessas aldeias, cerca de 600 famílias estão cadastradas no programa “Artesanato que Alimenta”. O programa, no entanto, atende outros municípios, como Guaraqueçaba, Pontal do Paraná, Paranaguá, Piraquara, São José dos Pinhais, Tamarana e Ortigueira. A idéia é levá-lo para outros municípios e aldeias. Atualmente, 12.060 índios vivem em 48 aldeias, situadas em 26 municípios. São 2.565 famílias, que sobrevivem do plantio de algumas culturas, artesanato e cestas básicas da Conab – Companhia Nacional de Abastecimento, que muitas vezes esbarram na questão burocrática. Iramar Hermógenes faz questão de salientar que o programa “Artesanato que Alimenta” não tem a intenção de substituir as ações da Conab e muito menos da Funai. “Mas sim de cobrar que essas ações cheguem no tempo certo, para que os índios paranaenses possam produzir o próprio sustento. Assim, é necessário que a semente e os recursos para o plantio das safras agrícolas cheguem em tempo hábil em nossas aldeias. E, quando isso não acontece, o Provopar põe em prática programas de natureza social, como é o caso do “Artesanato que Alimenta”, que tem entre outras finalidades melhorar as condições de vida da população mais vulnerável e incentivar a participação da comunidade no desenvolvimento local”. Os “kits” terão peças de artesanatos produzidas pelos índios, como arco e flecha, instrumentos musicais, colares, bichos esculpidos em madeira e cestarias; folhetos com dados sobre a cultura das etnias Kaingang, Guarani e Xetá (essa quase extinta); e um CD gravado pelos guaranis com várias músicas. Já os folhetos estão sendo elaborados por Edívio Battistelli, assessor de assuntos indígenas da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos. Esses folhetos vão conter aspectos gerais da cultura indígena, como língua, dança, comidas típicas, usos e costumes, além de dados estatísticos e mapa com a localização de cada aldeia. A entrega dos kits será feita a partir de novembro.