O Provopar Ação Social inicia este mês a troca de cestas básicas por artesanato com os índios de várias aldeias do Estado. O programa “Artesanato que alimenta” traz de volta uma antiga tradição entre os povos indígenas, o “escambo”, que além de garantir boa alimentação nas 26 aldeias existentes no Paraná, evita que as peças de artesanato sejam trocadas por bebida alcoólica, como preferem fazer alguns índios. “É, por isso, que o programa vem sendo aguardado com expectativa pelas índias”, afirma Lucia Arruda, presidente do Provopar.
Ela lembra que a atual diretoria do Provopar está empenhada em incentivar, apoiar e patrocinar projetos que venham a gerar emprego e renda, deixando de lado a surrada prática do assistencialismo. “Porém, não abandonamos as ações de caráter emergencial e nem o papel de contribuir para a superação da fome, da pobreza e do desemprego. É preciso melhorar as condições de vida da população mais vulnerável”, argumenta.
Os materiais que os indígenas dominam como ninguém são os trançados das cestarias, a madeira nos entalhes e detalhes das armas, as pinturas corporais e a cerâmica, na confecção de potes e tigelas até urnas funerárias, desenhadas com vários motivos - e a fauna, muitas vezes representada em madeira queimada ou em cera de abelhas.
História - O Estado do Paraná, muito antes da chegada dos europeus, era ocupado por dezenas de grupos étnicos indígenas de origem pré-colombiana. Os dois maiores grupos eram os Kaigang e os Guarani, mas existem três importantes etnias indígenas no Paraná: Kaigang, Guarani e Xetá.. Os Kaigang, que falam a língua do tronco lingüístico Jê e representam hoje a terceira etnia indígena em população no Brasil, habitavam os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Viveram sempre no Centro- Sul do Brasil, nem muito para o Leste e nem para o Oeste, ou seja, sempre no miolo dos estados. Os Guarani habitavam a região litorânea do Sul do Brasil, entre Cananéia (SP) e o Rio Grande do Sul, além do Estuário do Prata, às margens do Rio Paraná, parte do território do Paraguai, Argentina, Uruguai e Bolívia. Os Xetá são índios genuinamente paranaenses. Foram encontrados no início dos anos 50 na região de Serra dos Dourados, e viviam, à época, na idade da pedra polida. Existem ainda no Paraná em torno de uma dezena de índios Xetá puros e 71 descendentes.
Habitam ainda hoje no Paraná cerca de 13 mil índios das três tribos. A maioria deles se serve do artesanato como fonte de renda, que vendem ou trocam por alimentos.