Durante cinco dias, o artesão pernambucano Jaime Nicola esteve a frente da oficina de entalhe em madeira promovida pelo Provopar Ação Social, em sua sede, na Alameda Dr Muricy, em Curitiba. Nicola, que já expôs seus trabalhos na Europa e foi um dos destaques da Feira Nacional de Artesanato, em Olinda (PE), foi convidado para realizar a oficina de entalhe em madeira pela própria presidente do Provopar, Lucia Arruda, que ficou encantada com o trabalho do artista popular.
Jaime Nicola conta que há 32 anos trabalha com entalhe em madeira, mas que pela primeira vez usou troncos de araucárias e imbuias – resultado das madeiras apreendidas pelo IAP – Instituto Ambiental do Paraná – e doadas ao Provopar. “Apesar de mais dura que as demais madeiras, a imbuia é, sem dúvida, a melhor madeira para o trabalho do artesão. Não conheço outra igual”, destaca.
Ao todo, seis artesãos de Curitiba, Ponta Grossa, Curitiba e Santa Helena participaram da oficina de entalhe. “Aqui, tive a oportunidade de aprender novas técnicas e de aperfeiçoar o meu trabalho. Foi muito bom e proveitoso”, afirma José Carlos Aguiar, 31 anos, que trabalha como motorista de uma empresa de material de construção. “O entalhe em madeira é um hobby pra mim. Mesmo porque minha cidade é muito pequena e ainda não dá para viver do artesanato”.
Já o artesão Alceu Meister, 63 anos, revelou que há mais de 40 anos vive do artesanato. “E, quando deixei tudo para viver do artesanato, os amigos e parentes achavam que tinha ficado louco. Outros me chamavam de vagabundo, porque ficava na praça vendendo minhas peças”. Hoje, Meister é um artesão respeitado em Ponta Grossa e já não precisa ficar na praça ou viajar até Curitiba para vender seus trabalhos. “Minhas peças são vendidas na loja do Provopar na Vila Velha, um dos principais pontos turísticos do Paraná”, acrescenta.
Meister se considera um autodidata. Mas destacou a importância da oficina de entalhe em madeira promovida pelo Provopar. “Eu já trabalhava com entalhes em pedra, especialmente em arenito, bastante comum na região dos Campos Gerais. A oficina nos acrescentou nova técnica e mostrou a todos nós o estilo barroco, que aprendi a gostar”.
O coordenador de artesanato do Provopar, Iramar Diório Hermógenes, informou que outras oficinas serão realizadas no espaço cultural da sede administrativa de instituição. “Vamos realizar oficinas de marchetaria, cerâmica (modelagem), fibras e com teares que estão sendo fabricados pelos presos da Penitenciária Central do Estado”. Segundo ele, as oficinas tem por objetivo aprimorar as técnicas que são empregadas pelos artesãos e assim melhorar a qualidade dos produtos levados para exposições e comercializados pelo Provopar. “Com isso, estaremos melhorando a renda de nossos artesãos”, finalizou.