O Provopar Ação Social está investindo cerca de R$ 50 mil na construção de um barracão de 200 metros quadrados e na compra de equipamentos e utensílios para a comunidade Negra de Sutil, situada na divisa dos municípios de Ponta Grossa e Palmeira, onde vivem cerca de 120 pessoas, descendentes de escravos e que tem no bordado uma de suas principais atividades econômicas.
A comunidade do Sul é datada do século XIX, quando os escravos que foram trazidos ao Paraná nas últimas décadas do século XVII para trabalharem na exploração de ouro no litoral do Estado, foram transferidos para o planalto e usados em grande número pelos fazendeiros da região dos Campos Gerais.
Em 1854, a proprietária da antiga Fazenda Santa Cruz, Maria Clara do Nascimento, deixou em testamento 6,5 mil hectares dos 13 mil que possuía para os seus empregados negros, dando origem a colônia, que atualmente conta com cerca de 23 hectares. Seus habitantes vivem do cultivo agrícola de subsistência. A Cohapar – Companhia de Habitação Paraná, foi a primeira a investir na comunidade, construindo 27 casas populares, com 52 metros quadrados de área construída cada.
O barracão comunitário e as casas mudaram o aspecto da comunidade, que antes parecia ter parado no tempo. As pessoas são receosas em contar histórias, não gostam de perguntas e de estranhos. A teimosia em sobreviver em uma sociedade marcada pela exclusão, particularmente no sul do país onde a imigração européia foi acentuada, retrata o apego à terra da comunidade negra. “Portanto, a intervenção do Provopar na comunidade, além de dar apoio para a geração de renda, promove a inclusão social dessas famílias”, afirma Lucia Arruda, presidente do Provopar.
Segundo ela, as mulheres negras trabalham fazendo bordados para os russos-brancos, instalados praticamente em frente à comunidade Sutil. Curiosamente, os russos da Colônia Santa Cruz vieram da China, em 1953, numa época de grandes transformações políticas no mundo. As mulheres de Sutil recebem de R$ 70 a R$ 80,00 por um jogo de quatro panos bordados, que são vendidos numa loja de aviamentos e bolsas no centro de Ponta Grossa ou então exportadas por US$ 30 em média cada pano. Os panos, fios e desenhos são fornecidos pelos russos.
Lucia Arruda disse que, com a construção do barracão comunitário, será possível o desenvolvimento de outras atividades, além do bordado. É que algumas mulheres da comunidade demonstraram interesse pela costura e confecção de roupas e outras em pintura em tecido. “Acredito que assim elas poderão ter outras opções de renda. Mesmo porque não são todas as mulheres que gostam de bordar. Acham que o bordado é demorado e rende muito pouco. O importante é que, com a ajuda e o apoio do Provopar, elas terão um rendimento melhor e conseqüentemente mais qualidade de vida”, concluiu.