Projeto inédito vai restaurar 1,3 mil hectares da Mata Atlântica no Paraná

O projeto Serra Nativa foi lançado nesta sexta-feira (11), em Curitiba, pelo grupo norueguês Norske Skog Pisa que atua na produção de papel para publicações
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11/12/2009 - 19:50
Editoria
A Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) estão participando do primeiro projeto de restauração de Floresta Atlântica feito por uma empresa privada – em 1,3 mil hectares, na Serra do Mar, Litoral do Paraná – considerado o maior trecho contínuo de Mata Atlântica do país. O projeto Serra Nativa foi lançado nesta sexta-feira (11), em Curitiba, pelo grupo norueguês Norske Skog Pisa que atua na produção de papel para publicações. A empresa possui uma área em Morretes (PR), onde foram introduzidas espécies exóticas na década de 1960 com incentivo governamental. Em 2001, a propriedade foi adquirida pelo grupo Norske Skog, que deu início a estudos no sentido de promover a restauração da mata nativa. A ação, que terá início em 15 de dezembro e duração de oito anos, vai abranger uma área de aproximadamente 1.300 campos de futebol, removendo espécies exóticas como pinus e braquiária, para que a vegetação nativa tenha condições de se regenerar. O secretário do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, diz que a parceria entre o setor público e privado é fundamental para a preservação do meio ambiente. “Estas espécies exóticas dominam o espaço das nativas, diminuindo a multiplicidade da flora e também da fauna. Portanto a parceria é fundamental e vai ao encontro a política ambiental do Estado”, ressalta o secretário. A iniciativa vem ao encontro do Programa Estadual para Erradicação de Espécies Exóticas Invasoras – coordenado pelo IAP – e que visa restaurar os ecossistemas naturais com a retirada das espécies invasoras prejudiciais ao desenvolvimento da fauna e da flora nativa. Todas as licenças ambientais necessárias para retirada das espécies exóticas foram emitidas pelo IAP e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Já os técnicos da Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do IAP (DIBAP) deu orientações sobre as espécies nativas que serão plantadas no local e procedimentos para retirada das espécies exóticas, juntamente com a consultora e bióloga do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, Sílvia Ziller. Sílvia, que atua internacionalmente no combate a espécies exóticas invasoras, acredita que a iniciativa significa uma mudança de valores. “As espécies exóticas são consideradas a segunda maior causa de perda de biodiversidade no mundo. Por isso essa iniciativa é um exemplo que deve ser seguida por outras empresas também”, destaca. A decisão de idealizar e colocar em prática o Projeto Serra Nativa decorre da avaliação do grupo Norske Skog de que a restauração ambiental no local é importante tendo em vista a sua localização, que abrange a Área de Preservação Ambiental (APA) de Guaratuba, o Parque Estadual do Marumbi e o Parque Estadual do Pau Oco. “Trata-se de um projeto audacioso que estamos desenvolvendo há muito tempo e hoje estamos aptos a desenvolver um trabalho positivo a favor da biodiversidade local”, destacou o diretor-geral da Norske Skog Pisa, Eric d’Olce. PIONEIRISMO - O Programa para Erradicação de Espécies exóticas Invasoras do IAP foi pioneiro no país em publicar uma lista com 57 espécies de plantas e 26 de animais considerados exóticos aos ecossistemas paranaenses. A portaria do IAP que prevê a retirada destas espécies em Unidades de Conservação já está sendo utilizada por outros cinco Estados brasileiros. Entre as ações desenvolvidas pelo Programa está a retirada de mais de 500 mil árvores de pinus do Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa. Desde então, especialistas do mundo todo têm visitado o Parque Estadual de Vila Velha para conhecer a ação pioneira do IAP na erradicação de pinus - espécie exótica que ameaça as características naturais da área. “Demos início aos trabalhos de revitalização e remoção de espécies exóticas invasoras dentro das Unidades de Conservação do Estado a partir do trabalho feito em Vila velha”, comenta a coordenadora do programa de espécies exóticas do IAP, Odete Maria Carpanezzi. Segundo ela, os estudos realizados no projeto da Serra Nativa contribuirão para outras ações em áreas de floresta atlântica. O superintendente do Ibama no Paraná, José Álvaro Carneiro, comenta que além da importância ambiental o projeto será desenvolvido na região que é também historicamente valorizada. “A área é uma peculiar zona de transição entre dois biomas: a Mata Atlântica e a Floresta de Araucárias – vegetação símbolo do Estado”, finaliza.

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