Proibição do bingo no Paraná foi amparada pela Justiça

Participação de Caíto Quintana e Luiz Cláudio Romanelli em gravação de fita durante campanha eleitoral não significou compromisso com o jogo
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20/02/2004 - 00:00
Editoria
O secretário-chefe da Casa Civil, Caíto Quintana, afirma que na ocasião da gravação da fita na qual aparece, juntamente com o presidente da Cohapar, Luiz Cláudio Romanelli, em uma reunião com funcionários de bingo, o contexto dado era absolutamente diferente. Tratava-se de uma situação em que secretários do governo anterior tinham interesse direto na atividade. Tanto assim, que a Secretaria de Governo da administração anterior buscou até mesmo regulamentar o jogo, em um choque claro com a legislação que o proibia. “Após eleito, o atual Governo se deparou com uma situação bastante diferente daquela imaginada na campanha eleitoral. Fatos desconhecidos e graves vieram à superfície, fazendo com que o Governo suspendesse as resoluções anteriores e proibisse o jogo no Paraná. Essa decisão do Governo teve respaldo e foi confirmada na Justiça Estadual e Federal”, afirmou Caíto Quintana, lembrando que em todos os tribunais em que a questão foi levada, a decisão do Governo do Paraná foi confirmada. “Cumpriu-se a lei.” A reunião do secretário-chefe da Casa Civil, Caíto Quintana, com funcionários de bingo, foi um ato corriqueiro de sua campanha à reeleição a deputado estadual. “Isso não significou compromisso algum com o jogo”, disse Quintana. Da mesma forma foi a participação de Luiz Cláudio Romanelli, presidente da Cohapar, na reunião. “A gravação foi feita com o meu consentimento. Se virem a fita sem ser editada, saberão o que ocorreu”, afirmou o secretário-chefe da Casa Civil, garantindo que nunca recebeu um centavo sequer de donos de bingos. O secretário-chefe da Casa Civil lembrou ainda o fato de o Sindicato dos Trabalhadores em Bingos e Videoloterias do Paraná ter sido criado apenas no dia 21 de junho de 2003. “Foi feito apenas para instrumentalizar uma denúncia.” Segundo Quintana, o que motivou toda essa situação foi a proximidade do julgamento da questão do caixa dois do prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi. “Agora, tenta-se colocar uma história de caixa dois no Governo do Estado. Não há a menor possibilidade de isso prosperar, porque isso não aconteceu. Não há constrangimento ao Governo”, afirmou, lembrando que o governador Roberto Requião é autor de um projeto de lei no Senado, enquanto Senador, proibindo os bingos no Brasil. “O Governo do Estado fechou os bingos por inexistência de lei que possa amparar o funcionamento dessas casas, não é nem por uma questão ideológica. Estão atirando na pessoa errada. Não nos constrange. Isso será desmascarado, como já está ocorrendo. Pessoas integrantes, proprietários de casas de bingos, inclusive, já se manifestando que não querem ser manipulados por interesses políticos, que não é a questão deles”, disse o chefe da Casa Civil, frisando que nunca esteve envolvido em nada que pudesse pôr em dúvida sua conduta moral e a do partido. “Não há configuração ou documento que comprove a denúncia que foi feita”. Segue abaixo, nota oficial emitida pelo presidente da Cohapar, Luiz Claudio Romanelli, na época das denúncias: Nota oficial de esclarecimento à imprensa e à sociedade 1- São completamente inverídicas, em sua essência e conteúdo, as declarações da Sra. Janete do Rocio Nowakowski, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Bingo e Videoloterias do Estado do Paraná, a respeito da pretensa doação em dinheiro para a campanha do PMDB. A bem da verdade, é preciso esclarecer que o Sindicato presidido pela Sra. Janete sequer existia em 2002 , tendo sido criado apenas no mês de junho de 2003, justamente a fim da instrumentalizar as calúnias proferidas por alguns proprietários de casas de bingo. 2- A convite do vice-presidente do Sindibingo, Luiz Eduardo Dib, de quem sou amigo há mais de 20 anos, estive, acompanhado do então deputado estadual e candidato à reeleição, Caíto Quintana, na sede do Bingo Ventura, para pedir votos. Não cometi crime algum, porque como um dos coordenadores da campanha, participei de centenas de reuniões com o mesmo objetivo, nos mais diversos locais. 3- Em nenhum momento assumi qualquer tipo de compromisso em prol da causa das casas de bingo, até porque sempre compartilhei da opinião do governador Roberto Requião sobre a “legalização” do jogo. 4- Também em nenhum momento pedi ou recebi qualquer apoio financeiro do Sindibingo ou do então inexistente Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Bingo e Videoloterias. Desafio quem quer que seja a provar o contrário. 5- Minha vida pública sempre foi pautada por valores éticos e morais irretocáveis. Participei do gestão do então prefeito Roberto Requião, fui vereador em Curitiba, Secretário Especial de Política Habitacional e presidente da Companhia de Habitação do Paraná e deputado estadual. Em todas estas funções defendi o interesse público com veemência e determinação. 6- Como deputado estadual denunciei e tornei público o contrato “ secreto” firmado com a Renault, e o desmanche do Estado praticado pelo governo Lerner. Recusei-me a assinar o projeto que autorizava a venda da Copel e não compactuei com dezenas de outros projetos lesivos ao interesse do povo paranaense. Fiz uma oposição conseqüente e ferrenha a um governo que, hoje está mais do que provado, praticou uma política de sangria do patrimônio do Estado. 7- Não consegui a reeleição e voltei às minhas atividades profissionais e políticas. Fui duramente perseguido pelos governantes de então, com o claro objetivo de intimidação. Minha vida foi vasculhada e nada que pudesse depor contra mim ou minhas atividades foi encontrado. 8- Os valores que herdei de meus pais, de justiça, honestidade, humildade, respeito e honradez continuam a nortear minha conduta. A lisura de meus atos e de minhas atitudes são o meu maior patrimônio e a maior herança que deixarei a meus filhos. 9- Por isso, repudio as ameaças, calúnias e a tentativa sórdida do presidente do Sindibingo, sr. Gianfranco Cesare Zambom, de denegrir minha imagem. Nada tenho a temer. Tenho certeza de que o povo do Paraná, que elegeu o governador Roberto Requião e referendou suas propostas de campanha, reconhece de que lado está a verdade. Curitiba, 27 de agosto de 2003 LUIZ CLAUDIO ROMANELLI Presidente da Companhia de Habitação do Paraná