O programa de urbanização que vai desenvolver nova estrutura social para a Grande Curitiba está levando esperança às famílias que moram em situação de risco, na beira do Rio Passaúna, em Campo Magro. Os moradores serão transferidos para áreas seguras, com toda infra-estrutura necessária para uma vida digna. O projeto de Campo Magro faz parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e tem investimentos previstos de cerca de R$ 15,6 milhões, desse total perto de R$ 3 milhões são da contrapartida do Governo do Paraná.
O projeto tem como foco a recuperação ambiental das áreas de manancial de abastecimento, mas também vai promover o resgate social de 510 famílias, nos Jardins Santa Cecília e Boa Vista, e no Morro da Formiga. Elas serão realocadas para áreas no próprio bairro, ou terão seus terrenos regularizados. Isso significa esperança de uma nova vida para os moradores, como a aposentada Maria José dos Santos de Paula, 63 anos, que vive com duas netas e uma filha em situação extremamente precária, no Jardim Boa Vista.
A casa da aposentada fica a menos de um metro do Rio Passaúna e corre o risco de desabar a qualquer momento. “Só por milagre a casa ainda está em pé”, desabafou. “Estou ansiosa para a nova casa, tenho medo de acordar de noite com tudo desabando”, disse.
Desabamento é apenas um dos riscos que sofre o velho barraco de madeira, que abriga a família há 20 anos, época em que a aposentada ficou viúva. “Só Deus para saber o que passamos aqui. Na última enchente, a água tomou conta da casa, até acima do joelho. Não saímos com medo de perder tudo”, lembrou.
Além disso, o emaranhado de fios da instalação elétrica da casa representa perigo constante de incêndio. “Tenho medo, mas o que eu posso fazer?”, questionou. “Recebo aposentadoria de R$ 500,00 e às vezes não dá nem para comprar os remédios que tenho que tomar todos os dias”, explicou.
Julie Teresinha de Paulo Guimarães, 36 anos, filha de Maria José, também mora perto do Rio Passaúna. “Aqui não tem área para as crianças brincarem. Elas ficam na rua ou na beira do rio, o que é perigoso. Duas crianças já morreram afogadas neste rio e poderiam ter sido três”, lamentou. “Um dia estava limpando a casa e meu filho caiu no rio. Ele tinha apenas dois anos, sorte que eu estava perto e consegui salvá-lo”, contou aliviada, ao recordar do fato ocorrido há 10 anos.
“Nunca ninguém tinha vindo aqui ou se preocupado em ajudar. Esta é a primeira vez”, afirmou Julie. “Estamos esperando ansiosos. Quem não quer ser dona da própria casa?”, disse.
PAC - Campo Magro é o segundo município no qual os governos federal e estadual iniciam as intervenções do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O projeto será realizado por meio da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) com apoio de diversos órgãos da administração estadual, e prefeitura.
Os recursos são destinados a dar posse de terra a 42 moradores, a reassentar 468 famílias que moram em áreas de risco e a reurbanizar o território, além de um intenso Plano de Recuperação Ambiental e Urbanização do município, onde está localizada a Área de Proteção Ambiental (APA) do Passaúna, rio que constitui a bacia secundária do Alto Iguaçu, importante para abastecimento de água da RMC.
Além de Campo Magro, o governo do Paraná irá realizar a reurbanização e recuperação ambiental de outros três municípios: Colombo, Pinhais e Piraquara, totalizando 2.510 realocações, 12.488 regularizações, com investimentos de mais de R$ 157 milhões. Ao todo, serão beneficiadas 14.998 famílias, o que corresponde a aproximadamente 75 mil pessoas.