Programa incrementa produção em Salto do Lontra


No município, 76 propriedades estão sendo beneficiadas e outras 10 estão inscritas no programa do governo do Estado
Publicação
01/04/2009 - 11:53
Editoria
Os agricultores paranaenses estão apostando numa prática milenar para melhorar a renda, ajudar a reduzir o êxodo rural e ainda a gerar novos empregos, entre outras vantagens técnicas e ambientais. Trata-se do uso da irrigação noturna para pastagens, culturas perenes e anuais. Em Salto do Lontra, no Sudoeste do Estado, por exemplo, 76 propriedades estão sendo beneficiadas e outras 10 estão inscritas pelo Programa de Irrigação Noturna (PIN), desenvolvido pelo Governo do Estado, através da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, em parceria com o Instituto Emater, Copel, Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e a Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Sudersha). O benefício direto é a diminuição em 60% da taxa de energia elétrica no período das 21h30 às 6 horas e obras para uso desta energia. No município de Salto do Lontra a conversa vai além do uso da água na pastagem, por exemplo. A irrigação é uma ferramenta para alimentar o processo. O produtor é capacitado em outras áreas como espécie forrageira, que é a mais indicada, fertilidade do solo, manejo animal e momento, tempo e intervalo de irrigação. “A partir do início dos projetos de irrigação, em outubro de 2007, as propriedades são avaliadas e se faz um planejamento da mesma, implantando as explorações conforme o uso da capacidade dos solos, com um levantamento, denominado marco zero”, diz o engenheiro agrônomo Valdir Koch, da Emater. Através desse trabalho se obtém a realidade da propriedade, momento em que ocorrem tas propostas de mudanças para corrigir as deficiências. Segundo Valdir Koch, nestes dois anos de programa muita coisa mudou em todos os aspectos tanto econômicos, sociais e ambientais. O engenheiro agrônomo destaca que, no quadro ambiental, “as propriedades são adequadas nos aspectos de Área de Preservação Permanente e outros para melhorar o ambiente”. “Quanto aos aspectos sociais, há uma maior discussão do uso da água e como aumentar a disponibilidade do líquido, portanto, participação popular na solução dos problemas”, explica o engenheiro da Emater. Houve, inclusive, a instalação de uma empresa no município que comercializa os equipamentos. Nos aspectos econômicos, são vários os ganhos dos produtores, observando na atividade leiteira os seguintes aspectos: eliminação dos picos de produção de leite, com a falta de pastagem em períodos. Outro ponto é a melhoria da disponibilidade de pasto em qualidade e quantidade, com incremento superior a 30%. Neste aspecto, há produtores que aumentaram o número de animais, que oscilava em 15 vacas/alqueire. Aliado a este ponto, o intervalo de retorno dos animais, que era superior a 25 dias, hoje não ultrapassa 20 dias, chegando em algumas propriedades a ser de até 15 dias. Também é importante salientar o número de pastejos em espécies anuais. Antes eles eram de quatro a cinco pastejos, chegou a ser conseguido até 11 pastejos na espécies de capim sudão e sorgo forrageiro. Merecem ainda atenção outras culturas, como o caso do milho, onde a produção foi de 232 sacas deste produto em dois hectares na propriedade de Antonio Berndt, do distrito de Primeiro de Maio, em Salto do Lontra. Enquanto propriedades vizinhas solicitaram indenização do Proagro, a produtividade alcançada por Berndt foi de 6.960 quilos por hectares. O período de estiagem, que durou de 11 de novembro de 2008 a 2 de janeiro deste ano, chegou a prejudicar o período de floração e formação de grãos. Na propriedade de Fiorindo Américo Ribeiro, no distrito de Nova Sananduva, houve, na safra 2007/08, uma perda de mais de 1.500 litros de cachaça pela baixa produção da cana-de-açúcar com a falta de água. Neste ano, com a irrigação, resolveu-se a baixa produção. Mais apoio - Neste momento, outras instituições estão apoiando o processo, como a Unioeste, de Cascavel, a UTFPR, de Pato Branco, e o Iapar. As duas universidades, através de um projeto de pesquisa aprovado pelo CNPq, estão participando em conjunto com o Instituto Emater, avaliando os sistemas de irrigação. Este trabalho tende a avaliar a eficácia dos sistemas de irrigação nas diferentes culturas e solos. Para tanto, foi instalada uma Unidade Climatológica que medirá a precipitação, temperatura, ventos e umidade relativa do ar entre outros aspectos do clima. Serão avaliados também os solos nos aspectos físicos, químicos e biológicos. Quanto ao uso da água, a qualidade da água usada será monitorada. Com isso, informações técnicas serão disponibilizadas periodicamente aos agricultores, para que se possam tomar decisões. Neste momento, quem ganha é o produtor, melhorando a qualidade de vida. Dados das propriedades (BOX) São Domingos, de Nerci da Silva – Salto do Lontra Área da propriedade: 10 h; Área de pastagem - Perene: 3 h, Anual: 4, Capineira: 1,5 h Sem Irrigação: Vacas - Lactação 14 Produção/mês 6 mil litros Produção/h/ano 8.400 litros Intervalo Pastejo 25 – 30 dias Nº Animais/h 6 vacas/h Prod. Perene/Estiagem 30% perda Renda/h/ano 4.200,00 Com Irrigação Vacas - Lactação 17 Produção/mês 9 mil litros Produção/h/ano 11.368 litros Intervalo Pastejo 15 – 20 dias Prod. Perene/Estiagem 0% perda Renda/h/ano 5.684,00 Nº Animais/h 10,3 vacas/h Potencial Produção 15 mil litros Produção de Milho (BOX 1) Produtor: Antonio Berndt Comunidade: Primeiro de Maio – Salto do Lontra Área de milho 2 hectare Produção obtida 232 sacas Produtividade 6.960 kg/h Período de estiagem 11/11 até 02/0 Obs: As demais propriedades que cultivaram milho nas imediações solicitaram Proagro, onde a produtividade não ultrapassou 2.500 kg/h.

GALERIA DE IMAGENS