Programa do Provopar combate a desnutrição nas aldeias e resgata a cultura indígena

Provopar Ação Social já entregou mais de 14 mil cestas básicas nas aldeias indígenas e, agora, se prepara para distribuir um kit indígena nas escolas, bibliotecas e museus paranaenses
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06/09/2006 - 16:50
Editoria
Desde a implantação do programa “Artesanato que Alimenta”, em julho do ano passado, o Provopar Ação Social trocou 14.330 cestas básicas por peças de artesanato, que agora vão compor um “kit” a ser distribuído nas escolas públicas e museus paranaenses como forma de preservar a cultura indígena. O escambo (troca de mercadorias) evitou que os índios paranaenses, especialmente as crianças, fossem atingidos pela desnutrição, como aconteceu no Mato Grosso do Sul, onde 15 índios com menos de 5 anos morreram por falta de uma alimentação adequada e muitos outros apresentaram seqüelas causadas pela doença. No Brasil, a desnutrição é um problema que atinge uma em cada quatro crianças indígenas de zero a cinco anos. Entre meninos e meninas não-índios, esta taxa é de 16,3%. Já a mortalidade infantil entre as crianças indígenas brasileiras é de 24,3 por mil, segundo relatório do Ministério da Saúde. No Mato Grosso do Sul, a taxa é de 60,5 por mil. No Paraná, a mortalidade infantil indígena tem caído sistematicamente. Em 2003, foram registrados 11 óbitos e, nos dois anos seguintes, apenas 7 – um dos mais baixos índices do país. O Estado possui 21 aldeias e a população indígena totaliza 11.365 pessoas, entre eles estão 5.776 homens, 5.589 mulheres e 1.577 crianças (de 0 a 5 anos). Lucia Arruda, presidente do Provopar, revelou que o programa Artesanato que Alimenta já conta com 1.020 famílias indígenas inscritas e que, portanto, todos os meses troca peças de artesanato (cestarias, arco e flecha e bichos esculpidos em madeira) por cestas básicas fornecidas pelos supermercados da Rede Sonae (Mercadorama e Big). “A troca de alimentos somada a ação do Governo do Estado, como o Leite das Crianças, diminuiu a desnutrição nas aldeias paranaenses”, destacou. A presidente do Provopar disse que o programa tem beneficiado todos os meses cerca de 3,8 mil índios das aldeias localizadas nos municípios de São José dos Pinhais, Piraquara, Guaraqueçaba, Mangueirinha, Ortigueira, Tamarana, Nova Laranjeiras, Laranjeiras do Sul e Espigão Alto do Iguaçu. Além de fornecer alimentos aos índios, o programa fez com que muitas famílias retomassem a produção do artesanato, ajudando a preservar a cultura indígena no Paraná. Agora, com o apoio das secretarias estaduais da Educação, Cultura e Assuntos Estratégicos e da TV Educativa, o Provopar prepara o lançamento do “kit da cultura indígena”, um material didático destinado a professores e estudantes das escolas públicas, freqüentadores de bibliotecas e visitantes de museus paranaenses. O kit contém exemplares do artesanato kaingang e guarani, como cestarias, arco, flechas e bichos esculpidos em madeiras, além de CD multimídia com cânticos sagrados guarani, um DVD com informações sobre os povos indígenas do Paraná, e o livro “Memória, Presença e Horizontes”, que fala do modo de vida do índio. “Desta forma pretende-se formar uma geração mais consciente sobre a sua cultura, capaz de respeitar e valorizar os saberes dos povos indígenas do nosso Estado”, finalizou Lucia Arruda.

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