Beneficiária do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) há cinco anos, a adolescente Thaís Renata Alves, de 14 anos, é um dos destaque do programa no município de Sarandi, região Norte do Paraná. Por meio das atividades de contraturno escolar, desenvolvidas pelo Programa, Thaís começou a praticar capoeira há três anos, e conquistou o segundo lugar, na categoria Faixa Verde, no Brasileirão de Capoeira, disputado na cidade de Santa Bárbara do Oeste, estado de São Paulo.
“A cada dia que eu estou aqui, minha vida muda um pouquinho. Antes eu só ficava na rua, e não podia compra um batom, uma presilha para o meu cabelo. Hoje eu ganho o auxílio do Peti e posso comprar minhas coisinhas, sem precisar ir para a rua”, lembra Thaís. “Acho que toda criança que tem a oportunidade de participar do Peti deve participar, porque ela será muito mais feliz do que ficar nas ruas”, alerta a adolescente, que tem um irmão de 12 anos também beneficiado pelo programa.
O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, um programa federal do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), é coordenado no Paraná pela Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social (SETP). É desenvolvido nos municípios pela parceria entre Governo Federal, Estadual e Municipal. Em Sarandi, o programa foi implantado em novembro de 2001 e atende, atualmente, 319 crianças e adolescentes com idade entre 7 e 15 anos.
“O Peti busca resgatar a cidadania das crianças que antes estavam envolvidas no trabalho precoce e impróprio para a idade”, assegura o secretário do Trabalho, Nelson Garcia. “Por meio de uma bolsa-auxílio, que substitui a renda que essa criança teria se fosse trabalhar, o programa oferece oportunidade para esses pequenos cidadãos participarem de atividades culturais, educacionais, sem o prejuízo que o compromisso com o trabalho traz”, explica o secretário.
BENEFÍCIOS – Sarandi é um dos 200 municípios paranaenses que têm o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. É também nessa cidade que mora a dona Leonilda Monteiro dos Santos, mãe de três filhos que estão cadastrados no Peti.
Ela conta que está desempregada no momento, e que a família se mantém com o salário do marido, Aparecido A. dos Santos Pedrino, que ganha R$ 600 reais como pedreiro. Graças à inclusão dos filhos Jhonathas M. dos Santos (14), Fernanda Lays M. dos Santos (12) e Jhemisson M. dos Santos (11) no programa, dona Leonilda recebe uma bolsa-auxílio no valor de R$ 40 por filho beneficiário. “O que eu, às vezes, não podia dar aos meus filhos, como um tênis, ou algo que eles vêem em outros colegas e me pedem, agora eu posso ver se eles precisam e tenho condições de comprar com o dinheiro do programa”, comenta contente a dona Leonilda, que ainda lembra a condição de dever usar o dinheiro para benefício das crianças beneficiárias.
Além de receber o auxílio, os filhos da dona Leonilda e as outras 316 crianças e adolescentes beneficiárias do Peti em Sarandi contam com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar de 15 funcionários, composta por nutricionista, psicólogo, assistente social, pedagogo, entre outros.
Para se manter no programa, os beneficiários devem participar de atividades de contra-turno escolar, como oficinas de Capoeira, Futsal, Futebol, Break, Violão, Dança de Rua, Atletismo, Teatro, Jazz, Coral e Bate Lata.
A chefe do Escritório Regional da Secretaria de Maringá, Mônica Grillo, defende que o programa é uma ação de inclusão social. “Todos os profissionais envolvidos no Peti trabalham pela inclusão dessas crianças, resgatando sua auto-estima e estimulando nelas o desejo de vencer”, argumenta Mônica. “Crianças que eram pedintes, engraxates ou carroceiras, hoje freqüentam a escola regular e têm a oportunidade de desenvolver talentos”, comenta ainda a chefe do Escritório da SETP.
Até o final do ano, o centro onde são desenvolvidas as atividades do Peti de Sarandi será ampliando, e a nova instalação terá salas de atividade, video-teca e qualificação profissional também para as famílias.
Segundo o coordenador do programa em Sarandi, João Francisco Freire Neto, “a criança e o adolescente não são o futuro do país, mas sim o presente”. “Devemos tratá-las como cidadãos, oferecer condições para que elas tenham uma vida mais digna e cheia de oportunidades, para desenvolver um talento, uma profissão, porque elas existem e são realidade presente no nosso dia-a-dia, e não projetos para o futuro”, afirma João.
PETI – O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil está unificado ao Bolsa Família e, atualmente, está implantado em 200 municípios do Paraná, beneficiando 48.231 crianças e adolescentes com idade entre 7 e 15 anos e em situação de trabalho infantil.
O programa oferece uma bolsa-auxílio no valor de R$ 40 para crianças que vivem na cidade, e de R$ 25 para as que vivem na área rural. Para ter direito ao benefício, essas crianças devem ser de famílias em que a renda média por pessoa seja de até R$ 120,00. São exigidos que elas mantenham a freqüência escolar de, no mínimo, 85% do ano letivo, e que participem de atividades desenvolvidas no horário de contra-turno escolar.
Mais informações sobre o Peti podem ser encontradas na página da Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social, www.setp.pr.gov.br.
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil incentiva talentos de crianças e adolescentes no Paraná
A adolescente Thaís Renata Alves, de 14 anos, é um dos destaques do programa no município de Sarandi, região Norte do Paraná
Publicação
21/08/2007 - 16:27
21/08/2007 - 16:27
Editoria