Programa Superação eleva Ideb das escolas estaduais paranaenses

Aproximadamente 60% das escolas da rede pública estadual paranaense elevaram o seu Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)
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27/08/2010 - 17:50
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Aproximadamente 60% das escolas da rede pública estadual paranaense elevaram o seu Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e superaram as metas estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC). Foi nas que tiveram avaliações mais baixas em 2007 que ocorreram os melhores resultados. “Isso não aconteceu por acaso. É fruto das ações efetivadas pela Secretaria de Estado da Educação (SEED), principalmente de um programa desenvolvido pela secretaria desde 2007, o Superação”, ressaltou a secretária da Educação, Yvelise Arco-Verde.
O objetivo do Superação é promover a condição de igualdade entre as escolas da rede por meio do desenvolvimento de ações integradas que envolvem os Núcleos Regionais de Educação (NREs), diretorias e Departamentos da SEED. Participam do programa 384 escolas. A meta é promover a melhoria do ensino, com a consequente elevação do Ideb, por meio de ações integradas com as demais secretarias de Estado e órgãos governamentais e, inclusive, com a comunidade.
De acordo com a SEED, os números são animadores. Dos 353 estabelecimentos de ensino da rede estadual que participam do Superação e que foram avaliados pelo Ideb em 2007 e 2009, 65% (230) apresentaram aumento do índice em 2009 e 80% (281) atingiram ou superaram a meta projetada para 2009.
Na Prova Brasil, 303 escolas aumentaram o desempenho em Língua Portuguesa, ou seja 85,8%, e 170 melhoraram o desempenho em Matemática, ou seja, 48,2%. Houve, ainda, um aumento significativo das escolas com avaliações acima de 4.0. Em 2005, eram apenas 24,8%. Em 2007, esse percentual aumentou para 48% e, em 2009, 61,1% das escolas apresentaram IDEB superior a 4,0.
AVALIAÇÃO - Para a secretária estadual da Educação, Yvelise Arco-Verde, o Ideb é de grande importância para uma avaliação geral da educação no país, nos estados e municípios, permitindo que se tenha uma noção mais precisa da evolução da qualidade do ensino.
Mas, segundo ela, o índice também possibilita ações pontuais, pois permite saber como estão as práticas pedagógicas em cada escola e apontar quais as que precisam de mais atenção. “Aqui, no Paraná, com o programa Superação, essas escolas recebem um tratamento diferenciado. Colocamos em prática a política de dar mais a quem recebe menos. A idéia é promover condições de igualdade entre as diferentes escolas, de forma que todas possam ofertar uma educação com qualidade”.
A secretária explica que o Superação prevê um trabalho articulado pedagogicamente, com assessoramento técnico, pedagógico, de recursos humanos e financeiros, com o intuito de potencializar a qualidade educacional no Paraná, superando problemas constatados e localizados em determinadas escolas da rede. “As escolas que integram o Superação têm prioridade, são as primeiras a serem atendidas e, conforme a necessidade, recebem mais merenda, mais professores, mais capacitação ou material de apoio”, diz.
“Se uma escola apresentar maiores dificuldades na área de ciências, por exemplo, são intensificadas a formação continuada dos professores na área e a oferta de atividades em laboratório”, explica a secretária. Segundo ela, junto com o diagnóstico, os colégios recebem atendimento prioritário nos programas Escola Aberta (que oferta atividades nos finais de semana), Viva Escola (que oferta atividades de complementação curricular no contraturno), Paraná Digital (informatização das escolas) e na análise do Projeto Político Pedagógico.
Yvelise ressalta que o Superação trabalha com a noção de que é preciso conhecer quais os pontos críticos de cada instituição, desenvolver ações para resolvê-los e fornecer subsídios teóricos e práticos para os professores, de modo que se tornem mais fáceis as correções de rumo na condução do processo ensino-aprendizagem e intervenções eficazes no fluxo aprovação/ reprovação/abandono. Porém, a secretária entende que não bastam apenas ações do governo para que ocorra de fato uma superação dos problemas. “É fundamental a movimentação da gestão de cada escola. É um trabalho coletivo que envolve diretores, pais, professores e alunos”, afirma.
PESQUISA - Recentemente, uma pesquisa desenvolvida pelo Movimento Todos pela Educação demonstrou que, no Paraná, as diferenças de qualidade entre escolas diminuíram, se comparado o IDEB de 2005 com o de 2009. A maior parte das escolas da rede pública estadual apresenta valores do IDEB nos Anos Finais entre 3,0 e 5,0. Em 2005 eram 81,5%, em 2007, passaram a 90,6% e, em 2009, foram 88,4%, sendo que, nesse mesmo ano, 8,5% das escolas estaduais paranaenses alcançaram IDEB igual ou superior a 5,0. Em 2005, apenas 1,5% superou a média 5,0 e, em 2007, 4,9%.
EXEMPLO - O programa Superação foi criado em 2007 e sua implantação contribuiu para que as escolas participassem de programas federais, os quais têm como prioridade investir junto com os Estados e Municípios em ações que contribuem para a melhoria do trabalho pedagógico, adquirindo materiais pedagógicos e tecnologia para a concretização de várias atividades com os estudantes.
O Superação foi implantado no Colégio Estadual Tancredo Neves, no município de Colombo, em 2007 e aumentou de 2,4 em 2005, para 4,3, em 2009. A pedagoga Adriana Cristina dos Santos, que trabalha há três anos na escola, afirma que graças a esses investimentos foi possível realizar atividades diferenciadas. Ela destaca que não foi apenas a aquisição de materiais que mudou o cotidiano da escola, mas uma soma de ações. “O principal foi o envolvimento dos professores, a interação com os alunos e com a comunidade, gerando um resultado positivo”, diz.
Adriana explica que houve uma tomada de consciência dos professores a partir de um diagnóstico da realidade da escola, que incluiu não apenas a avaliação baixa do IDEB, mas também os índices de repetência, reprovação e evasão que, principalmente no período noturno, eram muito grandes. “Discutimos, em conjunto, o projeto político pedagógico da escola, conceitos de avaliação, ensino e aprendizagem. Antes, cada um agia de uma maneira e não se chegava ao mesmo objetivo”.
Adriana deixa claro que a gestão democrática também contribuiu para a mudança. “Toda tomada de decisão é coletiva, há divergências, mas são discutidas para o bem comum, e também existe uma forte atuação do Conselho Escolar, da Associação de Pais e Mestres (APMF) e do Grêmio Estudantil”, conta Adriana.
A mudança por parte dos professores causou também uma modificação no comportamento dos alunos. “Antes, os alunos eram apáticos, hoje são críticos e são participativos, têm total liberdade de conversar com a gente”, diz . A pedagoga entende que a mudança só foi possível graças a essa nova postura dos estudantes.
Para ela, o marco desta transformação foi a realização da Prova Brasil em novembro de 2009. “No dia da prova, não faltou ninguém, todos os outros alunos da escola queriam estudar na 8ª série para participar da prova e eles vestiram literalmente a camisa da escola. ”, diz.
Os resultados foram excelentes. A média em Língua Portuguesa passou de 229,31 em 2007 para 263,20 em 2009. Em Matemática, essa média passou de 240,02 para 260,15 no mesmo período. “O resultado mostrou que os alunos eram capazes, a prova só elevou a autoestima deles”, conclui Adriana.
ATIVIDADES – Várias atividades fazem parte do cotidiano dos alunos do Tancredo Neves. Além de praticar esportes, os estudantes produzem um jornal impresso – o “Tancredo News” - e um jornal audiovisual, o “Minha Escola Filmo Eu”, que é exibido na televisão multimídia, presente em todas as salas de aula e são interligadas a um sistema interno único. “Os alunos fazem as matérias, nós damos o apoio de instrumentalização, mas todos participam porque se os professores gostam do que fazem, os alunos gostam mais ainda”, destacou a pedagoga.
Há ainda o envolvimento dos alunos com a comunidade e com questões sociais. Eles debatem esses temas dentro da escola em todas as disciplinas. “Os estudantes aprendem com exemplos do cotidiano, vivenciando na comunidade, o que os torna cidadãos mais participativos”, destaca Katia Regina Maceno, professora de Língua Portuguesa no colégio. Na sala de aula o contato com a realidade melhora a argumentação para produzir textos. “Os conteúdos trabalhados nas disciplinas e nas atividades não podem ser isolados. Nunca deixando no ar aquilo que foi aprendido”, conclui a professora.
O Superação, por meio do programa PDE-Escola viabilizou que fossem adquiridos obras de literatura para a biblioteca da escola. Foi criado um horário para que alunos, professores e funcionários parem suas atividades para ler. E até as pichações no muro e nas paredes da escola diminuíram com a realização da atividade artística de grafite.

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