Produtores de cogumelo tipo champignon da região metropolitana de Curitiba estão preocupados com a concorrência chinesa, que está colocando o produto similar no mercado brasileiro bem mais barato. Durante visita ao diretor-geral da secretaria da Agricultura, Herlon Goelzer de Almeida, eles alertaram que a situação é crítica e que muitas famílias podem deixar de produzir.
De acordo com o produtor Celso Possobon, de São José dos Pinhais, enquanto o cogumelo do Paraná é vendido entre R$ 9,00 e R$ 10,00 o quilo, o chinês chega ao consumidor por preços que variam entre R$ 3,50 a R$ 4,00 o quilo. “É uma concorrência desleal, uma vez que nosso custo de produção, principalmente no caso do champignon em conserva, chega a R$ 7,00. Ou seja, 70% de nosso faturamento vai para custeio de mão de obra”, alertou.
Os produtores lembraram que em 1998 o Governo Federal criou uma sobretaxa para os cogumelos chineses como forma de preservar a produção nacional, mas que em dezembro do ano passado essa sobretaxa caiu e não foi renovada. Isto provocou a volta do produto chinês, em grande quantidade, ao mercado brasileiro.
No Paraná os produtores ainda estão em fase de organização, mas estimam que a produção anual é de três mil toneladas, enquanto que a nacional é de 12 mil toneladas. O maior produtor é o Estado de São Paulo, responsável por 80% do que é produzido no Brasil.
A produção paranaense abastece principalmente pizzarias e restaurantes. Terezinha de Almeida, da Colônia Murici, em São José dos Pinhais, produz cinco mil quilos por mês e lamenta que a concorrência chinesa esteja inviabilizando a produção nacional. “O custo operacional, desde a compostagem até a colocação no mercado é alto e não dá para concorrer com os chineses”, ressaltou.
Depois de ouvir as explicações o diretor secretaria pediu aos produtores que coloquem os problemas e as reivindicações, de maneira formal e com embasamento técnico, num documento que possa ser encaminhado aos Ministérios da Indústria e Comércio, do Desenvolvimento Agrário, e da Agricultura.
“Para ajudar os produtores que vivem dessa atividade temos que provar que a importação está causando dano à nossa produção e provocando essa crise”, acrescentou Herlon Almeida.
Ainda durante a reunião, Almeida manteve contato com técnicos do Ministério do Desenvolvimento Agrário, em Brasília, que já estão tratando da questão, a pedido dos produtores de Mogi das Cruzes e outros municípios do interior paulista, e orientou como proceder nesse caso. Uma das alternativas, é a união dos produtores paranaenses com os paulistas em torno da reivindicação que pede nova taxação ao produto importado da China. O problema é que esta solução não seria de imediato, uma vez que o processo é lento e pode demorar até um ano para ser concluído.
A Associação dos Produtores do Estado de São Paulo está pedindo que o governo taxe novamente o produto importado da China. “Se a gente der entrada até o fim de outubro, acho que em outubro do ano que vem a gente tem essa taxa vigorando novamente”, diz.
Dos produtores de cogumelos do Brasil, 80% estão concentrados em Mogi das Cruzes e municípios vizinhos. Desses, 90% cultivam o cogumelo champignon. Para tentar fugir dessa crise, muitos já buscam alternativas.
Produtores de cogumelos do Paraná reclamam de concorrência da China
Sobretaxa aos produtos chineses, criada em 1998 para preservar a produção nacional, caiu em dezembro do ano passado. Paranaenses estudam se unir com agricultores de São Paulo para reivindicar nova taxação ao produto importado.
Publicação
06/10/2009 - 14:42
06/10/2009 - 14:42
Editoria