Presidente do Grupo Positivo quer formas de prever variações do câmbio

Oriovisto Guimarães diz que setor produtivo precisa se defender de prejuízos causados pela oscilação súbita do dólar
Publicação
07/12/2008 - 22:59
Editoria
O empresário Oriovisto Guimarães, presidente do Grupo Positivo, defendeu neste domingo (7), em Curitiba, a discussão de alternativas ao modelo de câmbio flutuante adotado pelo Brasil. Deixando claro que é contrário à centralização do câmbio, Guimarães disse que é preciso que o setor produtivo possa antecipar as variações do câmbio para se defender de prejuízos causados pela oscilação súbita do dólar. “Somos os maiores fabricantes de computadores do País, mas vivemos atualmente uma situação quase impossível, por causa da variação do dólar”, explicou, durante o seminário internacional “Crise — Rumos e Verdades”, promovido pelo Governo do Paraná no Canal da Música, em Curitiba. Dependente de peças e componentes importados e tendo de fixar preços de produtos que serão vendidos meses depois, a empresa sofre com as oscilações diárias e a imprevisibilidade do câmbio do dólar. “Como fecho a conta? Meu pedido é que se discutam formas alternativas para o modelo cambial. Não sou favorável ao câmbio fixo, acho que o câmbio flutuante é um avanço, mas é preciso que haja formas de prever as variações do câmbio”, argumentou Guimarães. RAÍZES DA CRISE — “Nesse primeiro dia do seminário, conhecemos as preocupações do empresariado brasileiro. No decorrer do seminário, vamos discutir com especialistas as raízes da crise”, comentou o governador Roberto Requião ao final do debate. “O que precisamos mudar? Eu gostaria que o Brasil pudesse reformular muito da política econômica desenvolvimento-dependente do Fernando Henrique Cardoso. Nós não devemos depender, em profundidade como dependemos hoje, da tecnologia de outros países, de capitais externos, ainda que eles sejam sempre bem-vindos”, disse Requião. “Um país tem que depender sempre do seu próprio povo, da sua capacidade de consumo. E entrar pesadamente no comércio internacional. Não se trata de uma reforma lampedusiana — mudar alguma coisa para que tudo fique como está. Queremos fazer aqui um seminário radical, no sentido original da palavra, um seminário que vá às origens, às raízes da crise”, falou. “O governo federal está tomando medidas, liberou o depósito compulsório, mas o que os bancos fizeram? Não repassaram para o setor privado, seguraram o dinheiro, aplicaram em títulos do tesouro que não rendem quase nada, sob pretexto de garantir a liquidez. É preciso haver patriotismo nesse momento, além de uma análise que leve às origens da crise , do impacto que ela causa no Brasil”, acrescentou o governador.