O Brasil terá uma posição fundamental para permitir a retomada de um processo integração latino-americana. Foi o que afirmou, nesta quarta-feira (10), o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Medeiros, durante o Seminário Crise: Rumos e Verdade, promovido pelo Governo do Paraná, em Curitiba. Medeiros é doutor em Ciência Econômica, pela Universidade Estadual de Campinas.
Segundo ele, mais do que nunca, o processo de integração regional latino-americana depende dos laços comerciais. “A crise é localizada, mas se manifesta de forma profunda entre os países periféricos. Essa profundidade está associada ao grau de exposição e vulnerabilidade externa aos fluxos internacionais, que torna sustentável, em longo prazo, o balanço e pagamentos de cada economia”, explicou.
Como a economia brasileira depende menos dos outros países do Mercosul para suas importações e conseguiu diversificar mais as suas exportações, o Brasil é o mais indicado a coordenar essa retomada. Em função dessa estrutura, segundo o professor, o Brasil vinha se beneficiando sistematicamente – comprando pouco e vendendo muito, gerando saldo comercial junto a outros países do bloco.
Outro fator que promoveu o fortalecimento brasileiro nesse processo foi o declínio do preço das commodities (em especial, os minérios), que causou um efeito negativo sob a balança comercial da maior parte dos países do Cone Sul. Apesar de ter resultado em menor capacidade de importação da economia brasileira, ficou claro que entre as economias do Cone Sul a brasileira foi a menos afetada.
CUSTOS - Carlos Medeiros ainda apontou a busca por maior ênfase na redução dos custos de transportes, e não nas tarifas, para a integração latino-americana. “Isso ocorre devido aos problemas de balanço de pagamento que vamos viver devido à mudança no sistema de troca. Caso contrário, essa situação se tornará insustentável, porque mais países necessitam termos de troca valorizados para financiar o déficit que tem com o Brasil”, detalhou.
A redução à exposição aos fluxos financeiros e a tentativa de estabilização nas taxas de câmbio também foi citada pelo professor como essencial para o prosseguimento e avanço da economia mais integrada na região sul.
Posição do Brasil é privilegiada na integração latino-americana, diz doutor em Economia
Para Carlos Medeiros, o Brasil é o mais indicado a coordenar a retomada do processo de integração latino-americana
Publicação
10/12/2008 - 14:14
10/12/2008 - 14:14
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