Porto no Paraguai é fundamental às exportações bolivianas, diz senador

“Realmente é uma sugestão que tomamos de grande importância, porque pode permitir que a Bolívia tenha acesso ao Oceano Atlântico”, declarou Culler Araújo
Publicação
28/04/2008 - 12:59
A instalação de um porto boliviano em território paraguaio é fundamental para melhorar as exportações dos produtos da Bolívia, avaliou, domingo (27), o senador Abrão Cueller Araújo, presente no Fórum Social do Mercosul. A proposta ao novo presidente do Paraguai Fernando Lugo foi lançada pelo governador do Paraná, Roberto Requião. “Realmente é uma sugestão que tomamos de grande importância, porque pode permitir que a Bolívia tenha acesso ao Oceano Atlântico. Se o Paraguai nos ajudar através do Rio Pilcomayo e do Rio Paraguai para chegar ao porto, ajudaria muito a economia boliviana a melhorar as exportações de seus produtos”, disse Cueller Araújo. A resolução sugerida por Requião e aprovada na plenária final do fórum tem como objetivo fechar cicatrizes históricas entre as duas nações, abertas durante a chamada Guerra do Chaco (1932 a 1935). O conflito, articulado pelo governo da Inglaterra, tinha como meta a disputa territorial pela região do Chaco Boreal, onde havia sido descoberta uma reserva de petróleo no sopé dos Andes. Mais de 90 mil pessoas (60 mil bolivianos e 30 mil paraguaios) morreram durante o conflito, que terminou com a derrota da Bolívia. Cueller Araújo informa ainda que o movimento para a divisão de novos departamentos (estados) na Bolívia é articulado pelos setores da direita boliviana incentivada pela política separatista norte-americana. “Porém não vão conseguir porque o governo Evo Morales tem uma ampla base social, uma ampla base do povo que vai defender este governo, não vai permitir a divisão do país, nem vai permitir que se acabe o governo popular”, destacou. BOX – Leia a seguir a íntegra da entrevista com o senador boliviano Abrão Cueller Araújo: O governador Roberto Requião apresentou como sugestão no Fórum Social do Mercosul aprovar uma recomendação ao novo presidente do Paraguai, Fernando Lugo, a criação de um porto boliviano em território paraguaio. O que o senhor tem a comentar sobre este fato? Abrão Cueller Araújo – Quero agradecer profundamente esta generosa atitude do governador do Paraná, do qual tenho uma referência excelente de um lutador por justiça social, pela paz. Realmente é uma sugestão que tomamos de grande importância porque pode permitir que a Bolívia tenha acesso ao Oceano Atlântico. Neste sentido, e que se o Paraguai nos ajuda através do Rio Pilcomayo e do Rio Paraguai para chegar ao porto, ajudaria muito a economia boliviana para melhorar as exportações dos nossos produtos. Quero agradecer esta palavra de muita importância do governador Requião e seguramente vai trazer impacto social e econômico na América Latina e no futuro se pode completar através de convênios bilaterais, trilaterais entre Paraguai, Brasil e Bolívia para que isto a sua vez possa se converter numa realidade. Para os bolivianos é um sonho ter mar e tendo uma saída ao mar não somente para o tema de exportação de seus produtos, também para a integração da Bolívia à América Latina e ao mundo. Nós agradecemos muito deveras esta sugestão do governador do Paraná e para nós é o agradecimento mais profundo do povo boliviano. Quais os reflexos sobre a população boliviana da guerra com o Paraguai? Abrão Cuellar Araújo - No passado as transnacionais de petróleo juntamente com países imperialistas, neste momento a Inglaterra, foram os que provocaram a guerra com entre Bolívia e Paraguai. Foi uma guerra muito violenta, mas finalmente nós conseguimos chegar a paz nesta guerra e nestes anos que se sucederam, posteriores os laços de amizade e paz com o povo paraguaio, que tem se tornado uma grande amizade. E nós somos povos irmãos apesar da guerra do passado, apesar do imperialismo que provocou a divisão e a guerra entre nossos país, nós seguimos fazendo a paz na América Latina, entre os paraguaios, os bolivianos, brasileiros, uruguaios, com todos os povos da América da Latina. Nós não queremos e nunca vamos seguir este caminho da violência e da guerra, exemplo que tivemos com o povo paraguaio. E nós temos qe aprender a analisar e superar este momento (de uma possível divisão) e darmos as mãos. Nos dias de hoje, todos os povos da América Latina, tem que lutar pela paz para seguir adiante e derrotar o imperialismo. Essa é a lógica que temos e a política do governo boliviano, uma política pacifista, de irmandade para o desenvolvimento sustentável da América Latina. O Congresso está votando a realização de um plebiscito para criar separar partes das regiões da Bolívia. Como o senhor analisa este movimento e o governo social do presidente Evo Morales? Abrão Cuellar Araújo - O governo Evo Morales é um governo que busca o socialismo comunitário, é um governo popular, que luta pela justiça social, é um governo que tem adotado medidas em favor dos mais pobres, dos excluídos. O governo tem buscado bastante a mudança do modelo econômico, político e modelo cultural. Nos últimos tempos estamos neste processo, não se pode mudar tudo de um golpe, é um processo longo. Também temos muitas posições da direita, dos latifundiários, dos empresários que não querem que outras pessoas se superem ou que tenham oportunidades. Neste sentido Evo Morales tem um governo que nós queremos que vá para adiante, vá triunfar. As diferenças que surgiram dentro do país e o perigo da divisão que estão surgindo através da direita boliviana e da política norte-americana, está provocando um movimento boliviano, de trabalhadores e latifundistas, que estão tratando de delimitar o governador Evo Morales, de impedir o governo Evo Morales de derrotá-los. Porém não vão conseguir, porque o governo Evo Morales tem uma ampla base social, uma ampla base do povo que vai defender este governo, não vai permitir a divisão do país, nem vai permitir que se acabe o governo popular. Os Estados Unidos estão em sua lógica para destruir a Bolívia, porém não vai conseguir porque as forças do povo são muito mais poderosas que estes intentos dos EUA e da direita boliviana.