A população brasileira participou dos debates do primeiro dia de atividades do seminário internacional “Crise – Rumos e Verdades”, na manhã desta segunda-feira (8), no Canal da Música, em Curitiba. Paranaenses e alagoanos, por exemplo, assistiram aos debates pela TV Paraná Educativa e enviaram por telefone e pela internet perguntas que foram respondidas pelos participantes da primeira mesa-redonda do evento - uma realização do Governo do Paraná.
A primeira pergunta foi formulada pelo economista Maurílio Leopoldo Schmitt, coordenador do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), que também compôs a mesa. Ele questionou o economista, especialista em finanças da Universidade Estatal de Moscou e editor-chefe do jornal Russian Entrepreneur, Andrey Kobyakov, sobre a reconquista de princípios de ordem moral pela humanidade, atualmente marcada pela busca do prazer individual a qualquer custo.
Kobyakov defendeu que ter mais do que os outros, simplesmente por estar no poder, não é correto e que deve haver uma redistribuição de riquezas. “Esta mudança estratégica deve contemplar uma alteração na forma de pensar. Portanto, é uma questão de educação, da mídia e até mesmo das nossas crenças. Acredito que deve haver uma luta contra a corrupção, porque isso é uma doença moral”, destacou. “A nossa função nesse processo é pressionar os líderes mundiais e conversar para que haja uma mudança de paradigma significativa”, completou.
Questionado sobre os impactos que a crise poderá causar nos países da América Latina, o economista mexicano Mario di Constanzo afirmou que isso dependerá das condições estruturais de cada País. “Se uma localidade tiver problemas como a falta de uma reforma tributária, gastos supérfluos e um sistema bancário que tenha ‘seqüestrado’ o Estado, como ocorreu no México, os estragos serão mais fortes”, constatou. “Mas, se o país não for tão dependente economicamente dos Estados Unidos, as conseqüências não serão tão severas”, acrescentou.
Um dos cidadãos que enviou suas perguntas abordou se não seria positivo que os Bancos Centrais fossem independentes, proposta que foi criticada pelo professor Nildo Ouriques, que dirige o Centro de Estudos Latino-americano da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por restringir o acesso da população ao tema. “A idéia pode parecer interessante, porém os bancos se tornariam independentes em relação ao povo, que não poderia mais opinar sobre a sua moeda, que é algo tão relevante em suas vidas”, ponderou.
Segundo Ouriques, os países também não devem dar mais atenção aos pensadores neoliberais, que, para ele, foram derrotados pelos fatos. “Se tivermos governos fracos, nossos países não serão ouvidos”, disse. Outro ponto destacado pelo professor foi a importância dos trabalhadores conhecerem os seus direitos assegurados por lei. “Falta a essas pessoas ter consciência sobre seus interesses, tanto nos países centrais como nos periféricos. Se os trabalhadores não tomarem conhecimento sobre isso, os ganhos da produtividade continuarão a ter ‘donos’, que serão muito zelosos ao tratar deles”, observou com ironia.
As últimas perguntas foram destinadas ao senador petista Aloizio Mercadante, que preside a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Ele defendeu que o País pode superar a crise econômica e ainda formular maneiras de prevenir novos momentos de dificuldade em todo o mundo. “Espero que saiamos dessa situação com um novo marco regulamentar e com o fim dos paraísos fiscais, por exemplo. Também precisamos compensar as desigualdades”, disse.
A população pode enviar suas perguntas para o telefone 0800 643 7555 ou pelo e-mail rumoseverdades@ccivil.pr.gov.br. O seminário está sendo veiculada na íntegra pela TV Paraná Educativa.
População participa de seminário internacional com perguntas
Economistas e professores responderam questões sobre impactos da crise na América Latina e a independência dos bancos centrais, entre outros temas
Publicação
08/12/2008 - 14:46
08/12/2008 - 14:46
Editoria