As micro e pequenas empresas paranaenses foram menos afetadas pela crise mundial, indica estudo realizado em todo o País pelo Sebrae. Segundo a pesquisa, 63% dos empresários brasileiros tiveram problemas com a crise. Entre os paranaenses, o índice é menor — 60%. E, no Paraná, o otimismo é maior — 40% dos micro e pequenos empresários planejam aumentar investimentos nos próximos meses, índice superior à média nacional (35%) e à de Santa Catarina e Rio Grande do Sul (30% em ambos os estados).
Segundo o coordenador da pesquisa do Sebrae, Marco Aurélio Bedê, as expectativas “bastante otimistas” dos empreendedores paranaenses refletem a maneira como a crise é sentida no Estado. “As expectativas quanto faturamento, por exemplo, estão cinco pontos percentuais acima da média nacional. No Brasil, 46% dos pesquisados disseram que os lucros devem aumentar. No Paraná, este índice é de 51%”, explica.
Para o economista Cid Codeiro, supervisor técnico regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), políticas de incentivo do Governo do Paraná e do governo federal às micro e pequenas empresas explicam a diferença em favor dos paranaense. “A desoneração fiscal e programas sociais, como o piso salarial regional, são boas pistas para se chegar a resposta dessa avaliação que fazem os empresários, segundo a pesquisa do Sebrae”, afirma Cordeiro.
O Paraná tem 218 mil micro e pequenas empresas, das quais 172 mil (78%) são beneficiadas pela isenção ou redução fiscal implementada em 2003 pelo governador Roberto Requião. Graças à política tributária que oferece mais de 80 benefícios fiscais a diferentes setores produtivos, são abertas 200 empresas por dia no Estado.
“Na ciência economia, a expectativa é um dado fundamental. Quando um empresário ouve que há crise, por exemplo, prefere não investir, deixar dinheiro guardado no mercado financeiro. A pesquisa do Sebrae/SP mostra que a economia do Paraná vai muito bem, pois os micro e pequenos empresários têm dados suficientes para dizer que vão manter ou até ampliar seus quadros de funcionários”, avalia o secretário estadual do Planejamento, Ênio Verri.
“A pesquisa demonstra que as políticas implementadas desde 2003 pelo Governo do Paraná cria uma visão positiva da economia, que é percebida pelos empresários e leva a esses bons resultados”, argumenta o secretário. “É evidente que a desoneração tributária e o aumento da renda das famílias de menor poder aquisitivo com o piso salarial regional ampliam as oportunidades do pequeno negócio”, corrobora Cordeiro.
EMPREGOS — A pesquisa Impacto da Crise Financeira Internacional nas Micro e Pequenas Empresas Brasileiras mostra que o impacto da turbulência na economia global foi menor no Paraná (60% de empresários afetados) que em São Paulo (64%), Minas Gerais (68%) e Goiás (72%). O índice também está abaixo da média nacional (63%).
O estudo ouviu 4,2 mil pequenos empresários industriais, comerciais e de serviços entre março e maio de 2009. Entre os principais impactos, citados por eles, está a queda na demanda. Cerca de 60% de todos os entrevistados no Brasil relataram redução nos pedidos. No Paraná, o percentual mais uma vez foi menor — 55%. Por outro lado, foi maior em São Paulo (63%), Minas Gerais (66%) e Goiás (67%).
O Sebrae também concluiu que os estabelecimentos de pequeno porte vão continuar empregando. No Paraná, 64% dos entrevistados responderam que não pretendem demitir e vão manter seus quadros funcionais. Outros 28% devem contratar novos empregados, e apenas 8% dizem que podem fechar postos de trabalho.
“É um dado fundamental, já que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Caged) deixa claro que as micro e pequenas empresas são responsáveis por 64% dos empregos gerados no Paraná”, avalia Ênio Verri.
Para o secretário estadual do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Nelson Garcia, os números acompanham tendência observada desde o início de 2003, quando o Governo do Paraná isentou ou reduziu o ICMS das micro e pequenas empresas. “Estes estabelecimentos são responsáveis por mais de 60% dos empregos formais gerados no Estado. Entre janeiro de 2003 e abril de 2009, empresas com até quatro funcionários admitiram 498.435 pessoas, enquanto as que tinham mais de 1.000 empregados abriram 36.298 vagas”, analisa.
Carlos Zimmer, secretário executivo da Federação dos Trabalhadores e integrante do Fórum Regional Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Paraná, vê na pesquisa uma garantia de segurança aos empregados e a continuidade de um ciclo virtuoso.
“Manter empregos num momento de crise é importante para o desenvolvimento do Estado e a recuperação da economia. Com dinheiro no bolso, o trabalhador gasta mais. Isto resulta em mais vendas no comércio, mais produção nas indústrias e mais pessoas contratadas”, explica.
Além de gerar mais empregos, as micro e pequenas empresas descentralizam a oferta de trabalho. De acordo com o Sebrae, a maioria desses negócios (81,3%) está instalada no interior. Em cidades pequenas, as micro empresas são maioria esmagadora (98% do total de empreendimentos). As cidades do interior responderam por 78% dos 34.547 empregos gerados no Paraná em 2009.
Mesmo com a turbulência na economia mundial, repete-se em 2009 a tendência apresentada durante o ano passado, quando o Anuário do Trabalho Sebrae/Dieese 2008 colocou o Paraná entre os quatro Estados do Brasil com o maior número de trabalhadores empregados formalmente em micro e pequenas empresas (981.184).
“De janeiro a maio, o Paraná é um dos únicos estados brasileiros com saldo positivo na geração de empregos”, lembra o secretário do Planejamento. Mesmo com a crise financeira mundial o Paraná continua gerando empregos. Além de não registrar resultado negativo em 2009, no mês de maio foi o único Estado do Sul do país que teve crescimento no número de carteiras assinadas.
As micro e pequenas empresas do Paraná com até quatro funcionários, contrataram 30.248 trabalhadores, com carteira assinada, no primeiro quadrimestre de 2009. Assim, garantiram o resultado positivo na geração de empregos formais, mesmo com o fechamento de postos de trabalho nas médias e grandes empresas.
Entre janeiro e abril, o saldo de empregos (calculado pelo número de novas admissões menos o total de demissões) foi de 22.865 no Paraná. No mesmo período, o Brasil registrou saldo de 48.454 novos empregos. Os números são do Caged.
Na outra ponta, as empresas com 500 a 999 funcionários demitiram 1.546 pessoas nos quatro primeiros meses de 2009. Nas de médio porte (entre 20 a 49 empregados), foram eliminadas 2.868 vagas. Empreendimentos com 50 a 99 empregados fecharam 4.098 postos de trabalho.
Os estabelecimentos com mais de mil funcionários apresentaram alta gradual na geração de empregos com carteira assinada e fecharam o quadrimestre, com 2.745 novas vagas abertas. Em janeiro, essas empresas rescindiram 2.185 contratos de trabalho. Em fevereiro, foram mais 776 demissões. Os sinais positivos aparecem a partir de março, quando foram contratadas 2.966 pessoas. Em abril, nova alta, e mais 2.740 trabalhadores admitidos.
Políticas do Paraná reduzem impacto da crise nas pequenas empresas, mostra Sebrae
Segundo pesquisa, expectativas “bastante otimistas” dos empreendedores paranaenses refletem a maneira como a crise é sentida pelos micro e pequenos empresários do Estado
Publicação
24/06/2009 - 18:20
24/06/2009 - 18:20
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