Reduzir em 30% as 20 mil toneladas de lixo geradas diariamente no Paraná tem sido a principal meta da política de resíduos sólidos implantada pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema) e suas autarquias – Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Instituto Paranaense das Águas/ Suderhsa.
Por meio do Programa Desperdício Zero, todos os grandes geradores e fabricantes de resíduos (como pilhas, baterias, pneus, vidros, entre outros) foram reunidos em fóruns setoriais e passaram a discutir formas de reciclagem, reaproveitamento e recolhimento dos produtos que disponibilizam no mercado.
“Algumas iniciativas encampadas pelo Paraná para reduzir o volume de lixo destinado aos aterros sanitários, aumentando sua vida útil, são pioneiras no Brasil”, declara o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues.
O Paraná foi o primeiro estado brasileiro a polemizar a discussão sobre os danos da sacola plástica e estimular o uso de sacolas retornáveis nas principais redes de supermercados. O Governo do Paraná também é o único que promove a coleta e a reciclagem do óleo de cozinha - garantindo o recolhimento de 10 mil litros de óleo mensalmente, em mais de mil pontos de recolhimento.
E como grande produtor agrícola, o Paraná trabalhou para alcançar a primeira colocação nacional, proporcionalmente, em número de embalagens de agrotóxicos recolhidas, sendo que há sete anos encontrava-se na 9ª posição. “Hoje, somos o estado pioneiro em recolhimento de embalagens de agrotóxicos, e os agricultores as entregam somente após a tríplice lavagem do produto, evitando qualquer tipo de contaminação”, explica o presidente da Suderhsa, João Samek. A Suderhsa é responsável pela campanha e também pela orientação técnica em projetos para construção de aterros sanitários, por meio da diretoria de saneamento ambiental.
Mais ações – O Programa Desperdício Zero conta hoje com mais de uma centena de instituições parceiras que constituem os Fóruns Setoriais dos fabricantes de pneus, lâmpadas, pilhas, baterias, vidro, embalagens de agrotóxicos, entre outros. Os fóruns estabelecem propostas e ações para os diferentes resíduos gerados nos municípios paranaenses. “Por meio dos fóruns colocamos frente a frente os grandes geradores e os recicladores. Ou seja, muitas vezes o que é lixo para um, pode ser resíduo para outro”, diz o secretário Rasca Rodrigues.
Uma das instituições parceiras é o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Derivados de Petróleo e Lojas de Conveniência do Paraná (Sindicombustíveis-PR) que, juntamente com a Sema e o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), lançou o Programa Jogue Limpo para recolhimento de embalagens de óleo lubrificante. O programa coleta mensalmente quase 11 toneladas de embalagens em mais de 156 municípios paranaenses, nas regiões Norte, Oeste e Curitiba e RMC.
A meta é abranger todo o Estado, de acordo com o presidente do Sindicombustíveis-PR, Roberto Fregonese. “Assim, no Paraná as embalagens deixarão de ser um fator de risco para o meio ambiente e passarão a ser material para confecção de diversos produtos. Com esta cadeia produtiva sustentável estamos fazendo a nossa parte”, enfatizou.
O Programa Desperdício Zero também é responsável pelo Programa ‘Recicla ação’, desenvolvido em parceria com a empresa Tetra Pak; pelo Manual da Cozinha Alternativa para o reaproveitamento de alimentos; pelo lançamento da primeira campanha de recolhimento de vidro - em parceria com a Associação Brasileira de Vidros (ABIVIDRO); e também pelo monitoramento e destinação das garrafas “long neck”.
O Programa promoveu mais de 700 oficinas, formando multiplicadores para a montagem do aquecedor solar feito de garrafas pet e caixas de leite longa vida. O aquecedor ecológico resulta em economia de energia e ainda retira resíduos do meio ambiente.
Laerty Dudas, coordenador do Programa Desperdício Zero, considera que grande parte do problema da degradação ambiental é ocasionada pelo tratamento e disposição inadequados de resíduos.
Para ele, o avanço da indústria pós-consumo pode auxiliar na resolução de alguns passivos ambientais, como as embalagens tipo longa-vida. “O que a gente tem de entender é que a indústria pós-consumo depende da indústria de vibra virgem, pois uma alimenta a outra. Agora, a pós-consumo pode ajudar a resolver alguns passivos ambientais, como as embalagens de longa-vida, que estão entre os piores resíduos não reciclados”, avaliou o coordenador.
Ao todo, mais de 200 mil pessoas já foram capacitadas pelo programa Desperdício Zero para atuarem como agentes multiplicadores no processo de implantação da coleta seletiva municipal. O programa produziu diferentes publicações direcionadas aos municípios e empresas – entre elas a ‘Versão Verde’, material de 532 páginas, contendo informações sobre os diferentes tipos de resíduos, riscos à saúde, forma de coleta, processo e produtos resultantes da reciclagem.
Outra importante ação da Secretaria do Meio Ambiente é das oficinas de reciclagem de banners, transformados em bolsas e outros acessórios. A Secretaria recebe doações e oferece as oficinas nos municípios, que já garantiram a reutilização de mais de cinco mil metros quadrados de banners, transformados em sacolas e outros materiais.
Exemplo – Todas as instituições da administração pública estadual substituíram o tradicional papel branco usado em cartões, recibos, papéis timbrados, publicações, processos e embalagens, por exemplo, pelo produto reciclado. O decreto regulamentando a Lei 15.696, que dispõe sobre a utilização de materiais de expediente confeccionados em papel reciclado, foi sancionado em novembro do ano passado pelo governador Roberto Requião.
Política de resíduos sólidos reduziu volume de lixo em aterros sanitários do Paraná
Por meio do Programa Desperdício Zero, os geradores e fabricantes de resíduos foram reunidos em fóruns setoriais e passaram a discutir formas de reciclagem, reaproveitamento e recolhimento dos produtos que disponibilizam no mercado
Publicação
10/12/2009 - 11:44
10/12/2009 - 11:44
Editoria