Política agroecológica paranaense é destaque em congressos

Atualmente, 5,3 mil agricultores do Paraná adotaram a agroecologia como modo de produção, numa média de 2,4 hectare por agricultor
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12/11/2009 - 11:10
Editoria
As políticas e experiências do Paraná na produção agrícola sustentável foram o destaque das discussões desta quarta-feira (11), durante o 6º Congresso Brasileiro de Agroecologia e o 2º Congresso Latino-Americano de Agroecologia, realizado em Curitiba. O estado é a principal referência em pesquisa, extensão e produção agroecológica, modo de produção agrícola que respeita as condições ambientais. Atualmente, existem 370 mil propriedades rurais em todo Paraná, sendo que, 5,3 mil agricultores adotaram a agroecologia como modo de produção, numa média de 2,4 hectare por agricultor. “A agroecologia é uma integração de vários conhecimentos: ambientais, agrícolas, culturais, antropológicos e técnicos. E, no Paraná, estamos modificando o jeito tradicional de agricultura para uma agricultura sustentável”, disse o secretário do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues. Duas experiências paranaenses, contudo, foram lembradas pelos participantes dos congressos. A primeira foi a criação dos módulos agroecológicos em todo o estado, através do Programa Paraná Biodiversidade, que capacitou mais de 5 mil pequenos agricultores. Também tiveram destaque cursos e seminários sobre a prática do modelo agroecológico, que somente em 2009 tiveram a participação de 3,5 mil estudantes em várias universidades do estado. Para o presidente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Francisco Caporal, o sucesso da política paranaense é decorrente da integração de diversos setores que perceberam a necessidade de alterar o modelo de produção. “Vejo que o Paraná não é vanguarda por acaso, pois começou a perceber a necessidade de mudança na produção agrícola há muito tempo. Primeiro foram os movimentos sociais, ONGs e depois com as instituições do governo estadual. Ou seja, a integração destes setores colaborou para que o Paraná tenha, hoje, a maior jornada agroecológica do Brasil”, disse. Um outro marco apontado pelo coordenador de Agroecologia da Secretaria do Meio Ambiente, Enio Goss, para o desenvolvimento da agricultora sustentável foi a criação, em 2005, do Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA). “O grande passo foi criarmos uma autarquia, a primeira e única do país, que cuida de assunto da agroecologia, principalmente, em pesquisa, extensão e ensino”, afirmou. Já o presidente do CPRA, Airton Brisolla, acredita que o centro tornou-se referência graças a uma ampla rede de interessados pelo tema. “Recebemos no CPRA estudantes de todas as partes do Brasil, somos humildes em dizer que o sucesso do centro se deve aos esforços de uma rede (movimentos sociais, cooperativas, universidades) que acreditam na possibilidade de equilíbrio na produção agrícola”. Entre as universidades parceiras do CPRA está a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Há um engajamento no Paraná de defesa da agroecologia, um envolvimento concreto. As lutas contra a entrada dos transgênicos demonstraram um pouco do comprometimento que o Estado tem na condução de uma agricultura verdadeiramente sustentável”, afirmou o professor Doutor da UFSC, Jucinei Comin. AGRONEGÓCIO – Durante os Congressos Brasileiro e Latino-Americano houve também debates acerca da adoção da agroecologia para o agronegócio. Estima-se que no Brasil apenas 30% das terras agrícolas estão nas mãos dos pequenos agricultores (agricultura familiar) e, mesmo assim, são eles que produzem mais de 70% do que os brasileiros consomem, garantindo assim, a soberania alimentar. No Paraná, 83% das propriedades rurais têm menos de 50 hectares. Segundo Airton Brisolla, a prática do modelo agroecológico ainda não encontra espaço no agronegócio. “A agricultura sustentável tem como um dos seus alicerces à produção diversificada, já o agronegócio sempre praticou a monocultura, onde apenas um produto é produzido, em grande escala, para exportar e lucrar. A agroecologia significa produzir e consumir equilibradamente”, afirmou.