Pessuti participa de encontro sobre ética e política com Grão-Mestres da Maçonaria

O evento, organizado pela Grande Loja do Paraná, definiu o calendário de discussões para 2010
Publicação
20/05/2010 - 09:50
Editoria
O governador Orlando Pessuti participou nesta quarta-feira (19) à noite, no Hotel Bourbon, em Curitiba, do 1º Encontro de Grão-Mestres do Sul e Sudeste, que teve como tema principal “A Ética e a Política sob a Ótica da Maçonaria”. O encontro, organizado pela Grande Loja do Paraná, reuniu dez grão-mestres da região e também definiu o calendário de discussões para este ano.
No centro dos debates estava o documento escrito pelo Sereníssimo Grão-Mestre Waldemar Zveiter, ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça, em que destaca que existe hoje no Brasil, em alguns segmentos da sociedade, um perigoso distanciamento entre a ética e política. Para o governador Orlando Pessuti, tanto a Maçonaria quanto a Igreja e os demais setores da sociedade “têm discutido muito esta questão que envolve política e ética”.
“A Maçonaria tem estado atenta a toda esta mobilização da sociedade, liderada pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em favor da aprovação do projeto Ficha Limpa e da exclusão da política dos políticos fichas sujas. Por esta razão, quando a Maçonaria se propõe a discutir a política e a ética está, na verdade, procurando discutir aquilo que toda a sociedade reclama, que é termos políticos honrados, sérios e com trabalho voltado ao bem comum e não aos seus interesses pessoais”.
Para o governador, “é preciso pautar a atuação pela ética, pela moral, coisa que, muitas vezes, não vemos acontecer nem na política nem em outros segmentos da sociedade”. Por isso, acrescentou, “a Maçonaria cumpre um papel importante para a sociedade, porque professa sempre os princípios através dos quais podemos construir uma sociedade livre, de bons costumes, para que nela possamos habitar com tranqüilidade e segurança”, afirmou.
Sobre o encontro em si, Pessuti disse que decidiu prestigiá-lo porque a Maçonaria sempre trata de assuntos que interessam à sociedade. “São assuntos relacionados à família, à segurança pública, e que colocam em destaque o civismo e o patriotismo que todos devemos exercitar no dia a dia. E esse encontro, que reúne representantes do Sul e Sudeste, é preparatório para a grande conferência que os maçons do Brasil estarão realizando oportunamente e onde, com certeza, assuntos mais importantes para o nosso país estarão sendo discutidos. A Maçonaria discute as questões sociais, de cidadania, meio ambiente, saúde e educação. Portanto, é uma instituição que preza pela organização da sociedade e pelos atendimentos aos mais humildes e carentes, e isso merece o nosso apoio e presença, para que juntos possamos construir um Paraná melhor”. Concluiu.
Ética e política – O ministro aposentado Waldemar Zveiter disse ser fundamental a convivência da ética com a política num país como o Brasil, “onde se cultua a democracia”. “Assim, quando se fala em política, sem falar em ética, não se estará falando em democracia. Uma é consequência da outra. Democracia sem ética, não é democracia. A ética é um fundamento essencial para que os governantes possam exercitar seu trabalho com o apoio da população, trabalhando em beneficio do povo e pelo progresso da Nação”.
Zveiter destacou que vê a política com grande esperança, “embora não veja os políticos com a mesma esperança. Essa que é a tristeza por nós constatada. Mas como a esperança deve ser sempre renovada, vamos ver como vamos nos conduzir nessas eleições. Temos opções. Podemos manter o que está e podemos tentar renovar com aquilo que não estamos satisfeitos. Como o voto é secreto, estimo que todos votem bem e que o próximo governo do Brasil possa completar aquilo que não foi feito neste”.
Ele também elogiou a presença do governador Orlando Pessuti no encontro dos Grãos-Mestres da Maçonaria. “Foi uma honra para todos nós. Tive o privilégio de ouvi-lo pela televisão. Sua presença nos prestigia sobremaneira. Não é em todos os lugares que nos reunimos que temos o privilégio de contar com um governador, que é maçom e que vem trazer o seu abraço aos maçons do Brasil inteiro que vieram a Curitiba”.
No documento colocado em discussão pelos demais Grão-Mestres, Zveiter afirma que “há uma percepção difusa de que ética e política não se complementam, constituindo-se universos distintos. A ética, assim, isoladamente, não teria espaço no mundo político. Contudo, a ética é uma instância que, tática e estrategicamente, deve se aplicar na política”.
Para o ex-ministro, a assertiva que os fins justificam os meios jamais poderia ser invocada na política. Se abandonasse os princípios básicos, a política perderia a sustentação dos seus atos. Nesse sentido, a ética deve embasar toda e qualquer ação política. Trata-se, enfim, de uma questão de princípios. Quando, eventualmente, os fins pudessem ser alcançados por meios espúrios, a sociedade passaria a correr perigo”.
Segundo ele, o que se exige hoje de cada nação e de cada ser humano é uma mudança de paradigma. “Ou se muda de rumo agora ou se legará às gerações futuras um mundo à beira do abismo. Para reverter esse quadro, precisa-se de uma nova política ambiental e, acima de tudo, de uma bioética, uma ética de vida. Só a atividade ético-política poder lutar mundialmente pela sobrevivência do planeta. No campo político, todos sabem que a democracia renova-se juntamente com a renovação da sociedade”.

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