Pessuti contesta acusações e defende liberdade para continuar seu Governo

Disse também que não vê crise ou qualquer outro problema no processo de transição, “que será feito num ambiente de paz e tranquilidade”
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29/10/2010 - 19:10
Editoria
O governador Orlando Pessuti disse nesta sexta-feira (29), em entrevista a Rádio CBN, que não pretende invadir o período em que Beto Richa assumir o governo do Paraná e que, por isso, não permitirá que o governador eleito e seus assessores ditem o que deve fazer nesses meses em que permanece à frente do governo do Estado.
“Tenho que ter um mínimo de liberdade para poder continuar governando o Estado do Paraná. Vou continuar governando com o respeito que merece o futuro governador, mesmo que não tenhamos sido companheiros de uma campanha eleitoral, mas tenho por ele amizade e respeito”, afirmou Pessuti ao rebater as críticas feitas por deputados oposicionistas contrários à criação da Defensoria Pública, bem como ao BOPE – Batalhão de Operações Policiais Especiais, e ao Grupamento Aéreo da Policia Militar.
Pessuti disse que "Beto Richa e o vice-governador eleito, Flávio Arns, podem ter certeza absoluta de que vão receber, em janeiro de 2011, um governo melhor estruturado e arrumado, tanto no aspecto financeiro quanto administrativo, do que o governo que eu e o Requião recebemos do Jaime Lerner, em janeiro de 2003. Tenham certeza absoluta que Orlando Pessuti, nos dois meses que ainda faltam, trabalhará dia e noite para organizar o Estado para que o Beto tenha todas as condições de realizar um bom governo”.
O governador negou que o processo de transição, que será instalado oficialmente no próximo dia 3, vive um período de crise, justamente em função das críticas feitas por pessoas ligadas ao futuro governador. “Não vejo crise ou qualquer outro problema no processo de transição, que será feito num ambiente de paz e tranquilidade. Portanto, qualquer afirmação que esteja sendo feita neste sentido por pessoas ligadas ao futuro governador é extemporânea, porque vai muito bem o processo de transição, mesmo que não tenha sido instalado oficialmente”.
TRANSIÇÃO – Sobre a queixa de que o processo de transição estaria atrasado, Pessuti revelou que propôs ao governador eleito iniciar os entendimentos depois do segundo turno da eleição presidencial para não politizar o assunto. “Estamos em meio a um processo eleitoral. O nosso grupo político tem uma candidata, que é a Dilma Rousseff, e o futuro governador tem um outro candidato: o José Serra. Ainda há pouco ouvi alguém dizer que iria fazer um pedido de proteção policial para a caminhada que o Serra pretende fazer. De minha parte, posso dizer que sou amigo do Beto Richa desde 1966 quando ia à casa de seu pai, José Richa, em Londrina. Ele sabe que temos um estilo totalmente diferente de fazer política em relação ao nosso antecessor, porque procuramos através do diálogo e do entendimento de conduzir as questões. Tanto que fizemos uma reunião e convidamos todos os deputados da atual legislatura para verificar o andamento das votações”.
Pessuti garantiu ainda que todos os pedidos de informação feitos pela equipe de transição de Beto Richa foram atendidos. “Até mesmo de pessoas que não integram a equipe de transição, mas que tem procurado as secretarias de Estado em busca de informações; temos atendidos a todos. Nenhuma pessoa que se apresentou em nome do futuro governador deixou de ser atendida. A transição não atrasou. O que ajustamos no dia em que o governador eleito esteve aqui, no Palácio das Araucárias, foi que os trabalhos seriam oficialmente iniciados no dia 3. Aquilo que combinados será cumprido. Ele concordou. Assim, a partir do momento que concordou, está combinado e, se está combinado, não deve ser cobrado. Não estamos atrasando nada. Vamos começar a transição na data combinada”.
CONTRATO COM A CAIXA – Para Pessuti, algumas críticas são feitas sem nenhum conhecimento dos fatos. É o caso do deputado Ademar Traiano, que criticou o governo pela renovação do contrato com a Caixa Econômica Federal e a ParanaPrevidência. “Não assinamos contrato nenhum com a Caixa. Estamos em processo de conversação com a Caixa, que é nossa parceira na construção de casas, na implantação do PAC da Habitação no Paraná e na cidade de Curitiba e nas obras de saneamento. A Caixa está nos procurando porque tem interesse na renovação do contrato que mantém com a ParanaPrevidência, para continuar cuidando de suas contas”.
“Portanto, não há o que criticar. Quer dizer que como governador não posso conversar com a presidente da Caixa? Não posso discutir um contrato que temos de parceria com representantes do banco? Lógico que posso, sou governador eleito como vice-governador e, com a renúncia do governador Requião, assumi o cargo em sua plenitude, até 31 de dezembro de 2010. Assim, sou responsável por todos os atos do governo do Estado neste período. Se não for feito o pagamento dos servidores, de quem vão cobrar? Do futuro governador ou do atual governador? Isto vale para as demais coisas em discussão no momento”, destacou.
DEFENSORIA PÚBLICA - Em relação ao projeto de criação da Defensoria Publica, Pessuti nega que esteja criando uma despesa acima da prevista como alega a oposição. “O tamanho da Defensoria, no período de 2011 a 2014, para o qual o Beto Richa foi eleito governador, será aquele que ele estabelecer. Estamos propondo apenas criar a Defensoria este ano.
Não vejo que, ao propor a criação da Defensoria Pública, estamos nos precipitando. É um compromisso que está na Constituição estadual de 1989. Eu era deputado estadual e ajudei a fazer a Constituição. Quando assumi a presidência da Assembléia em 1983, com o então governador Mario Pereira, iniciamos o processo de criação da Defensoria. Eu disse a todos que, ao assumir o governo, que enviaria o projeto à Assembleia Legislativa. Portanto, aquilo que o Requião não fez em 7 anos e o Lerner em oito, estamos fazendo agora, porque é um compromisso que temos. Agora, se os deputados estaduais entenderem que não devem votar o projeto, cabe a eles decidir. A mim, quando governador, coube enviar o projeto. A defensoria está prevista inclusive no orçamento do Estado”.
Em sua opinião, os deputados contrários à criação da Defensoria Publica deveriam ter se manifestado antes do processo eleitoral. O mesmo deveria ser feito por aqueles que criticam a criação do Grupamento Aéreo da Policia Militar e o Bope. “Em relação ao Grupamento Aéreo, estamos apenas oficializando aquilo que, na informalidade, já existe. O Grupamento possui três helicópteros e estamos providenciando a compra de uma quarta unidade. O Grupamento está em processo de implantação. Ele se implantará aos poucos, na medida das possibilidades financeiras do Estado do Paraná. Todos os deputados estaduais aprovaram a criação do Grupamento. Todos ficaram felizes com a aprovação. Assim, como ficaram felizes pela aprovação do Bope. O Paraná é um dos poucos estados que não possuía o Bope. Não estamos criando despesas adicionais nenhuma. Não estamos criando nenhum tipo de dificuldade para o futuro governador. Estamos criando o Bope em cima de uma estrutura já existente no “Choque”. Só que a partir da transformação dele em batalhão, vamos passar a estruturá-lo melhor, dentro de um ou dois anos, mesmo porque em 2013 teremos aqui em Curitiba os jogos da Copa das Confederações e, no ano seguinte, a Copa do Mundo. Vamos precisar, além do BOPE e do Grupamento Aéreo da Policia Militar, de um batalhão de eventos. Precisamos ter esta estrutura se quisermos fazer um bom trabalho na frente. Não há nada de exagero de nossa parte”.
Pessuti acredita que existe uma preocupação desnecessária por parte de companheiros do futuro governador Beto Richa. “Só para se ter uma idéia de nossa boa vontade, dias atrás vi num blog uma reclamação de que nos não deveríamos renovar o contrato para o fornecimento de refeições para os presos do Paraná, sob a alegação de que estaríamos entrando no período do novo governo. Agora, imagine se eu não renovasse o contrato e que no dia 1º de janeiro os 15 mil presos ficassem sem refeição. Eu com certeza seria criticado. Renovamos o contrato por um ano, com parecer favorável da Procuradoria e das Secretarias da Casa Civil, Planejamento, Fazenda e Justiça. Mas se o governador eleito, ao assumir, não quiser manter este contrato e só fazer a rescisão e uma nova licitação”.

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