Um grupo de estudo formado por três pesquisadores do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) foi um dos vencedores do “Concurso Josué de Castro” edição 2006. A cerimônia de entrega do prêmio ocorreu nesta semana em Brasília. O concurso é uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário e visa estimular a produção e a difusão de novos estudos e pesquisas sobre desenvolvimento rural, reforma agrária e agricultura familiar, buscando dar subsídios à formulação e ao monitoramento de políticas públicas.
Os pesquisadores paranaenses Angelita Bazotti, Anael Pinheiro de Ulhôa Cintra e Louise Ronconi de Nazareno obtiveram o terceiro lugar no concurso. O trabalho produzido pelo grupo foi “A Influência de Ser Colono na Percepção dos Assentados: Um Estudo Exploratório”. Os classificados receberam certificado e prêmio em dinheiro.
Os participantes elaboraram artigos que utilizaram as informações existentes em pelo menos um dos bancos de dados relacionados a desenvolvimento rural disponíveis no site do Consórcio de Informações Sociais (CIS). Os bancos são os seguintes: Censo da Reforma Agrária, 2002: Módulo Projetos; Os Impactos Regionais da Reforma Agrária, 2001; e Atlas Territórios Rurais, 2004.
“É indiscutível o mérito de vermos o nome do Ipardes recebendo um importante prêmio na formulação de políticas públicas”, afirma o presidente do Ipardes, José Moraes Neto. “É um orgulho ainda maior ver que os pesquisadores premiados são jovens admitidos concurso recente, demonstrando a eficiência do processo seletivo, o que vai garantir a perenidade da excelência intelectual e técnica dos funcionários da instituição bem como uma reafirmação do reconhecimento nacional e internacional da qualidade da produção científica do Ipardes”.
“Foi interessante a iniciativa do governo federal em proporcionar uma abertura do banco de dados do desenvolvimento agrário. Nosso interesse é participar da democratização das informações divulgando também o nosso banco de dados”, analisou a pesquisadora Louise Ronconi de Nazareno.
Estudo - Os pesquisadores do Ipardes analisaram a percepção dos assentados sobre suas condições de vida nos assentamentos em duas regiões: “Oeste Catarinense” e “Entorno do Distrito Federal (GO e MG)”. Os dados analisados envolveram a declaração dos assentados sobre moradia, alimentação, poder de compra, educação, saúde e futuro da família e procuraram também verificar a participação dos assentados em alguma associação ou movimento social colaborando para um mapeamento desta participação dos assentados nas regiões pesquisadas.
As respostas relacionadas às atuais condições de vida foram comparadas com as ocupações anteriores dos assentados, classificadas como: colonos (pequeno proprietário, posseiro, parceiros, arrendatário), trabalhadores rurais (assalariado rural permanente, assalariado rural temporário), trabalhadores urbanos (assalariado urbano permanente, assalariado urbano temporário, trabalhador autônomo urbano) e outros (mista, desempregado/não trabalho).
Foram observadas diferenças significativas de resposta entre os grupos pesquisados. Para os autores, a origem diversa do assentado é fator decisivo para sua percepção atual das condições de vida se comparadas às condições anteriores ao de assentado. Os resultados da pesquisa serão divulgados em breve pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead).
“O trabalho premiado reforça a importância de tornar disponíveis bancos de dados de pesquisas nacionais, a exemplo do Consórcio de Informações Sociais (CIS), com a finalidade de promover novas abordagens de estudo que possam subsidiar a formulação e o monitoramento de políticas públicas”, afirma o pesquisador Anael Pinheiro de Ulhôa.