A palestra de abertura da Capacitação para o Enfrentamento do Trabalho Infantil no Paraná, que começou nesta terça-feira (17), tratou do tema “A Importância do Trabalho em Rede para o Enfrentamento do Trabalho Infantil”. Ministrada pela docente e pesquisadora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Fátima Alberto, o tema passou pelas definições do trabalho infantil, pelo histórico das ações sociais em rede e metodologias para enfrentar o problema.
Fátima falou sobre a dificuldade de definir o que é trabalho infantil, já que várias atividades tornam o problema “invisível”. A palestrante ilustrou o problema com casos em que se considera que a criança ou adolescente apenas “ajuda” em certas atividades. Outro problema, de acordo com a pesquisadora, é o uso do termo infantil, que refere-se a até 12 anos de idade, quando considera-se trabalho infantil aquele feito até os 16 anos.
“É muito complicado dizer para um pai ou uma mãe que o seu filho de 14 anos não pode trabalhar”, disse Fátima. O problema, de acordo com a pesquisadora, é ainda maior quando se consideram os trabalhos feitos pelas crianças como “complemento de empreitadas familiares”, relacionadas a “estratégias de sobrevivência”.
Assim, uma metodologia é fundamental para abordar o problema. Uma das soluções, segundo Fátima, é analisar o trabalho infantil como “atividade de trabalho”, considerando o que é efetivamente feito pelas crianças e adolescentes, independente de se tratarem ou não de atividades “produtivas”. Quanto à denominação, a palestrante considera mais adequado o termo “trabalho precoce”, que supõe “antes da idade permitida”.
Depois das definições e conceitos, Fátima Alberto falou na importância das redes para garantir a aplicação dos direitos e metodologias citados. Traçando um histórico dos movimentos sociais, a palestrante demonstrou a importância das interações nas reivindicações de direitos sociais e políticas públicas.
Como exemplos de trabalhos em rede, a pesquisadora falou sobre as experiências colocadas em prática na Paraíba. Fátima demonstrou como o trabalho em conjunto da UFPB, do Ministério Público do Trabalho, Senai e Senat funcionou para resolver algumas dificuldades, como a capacitação e o levantamento de recursos. Outros agentes, como os meios de comunicação, também foram apontados como participantes decisivos para que as ações em rede tenham sucesso.
Para Fátima, sua participação na Capacitação para o Enfrentamento do Trabalho Infantil no Paraná pode ser considerada um exemplo de ação em rede. “Temos que construir uma agenda também em nível nacional. É preciso que a gente construa essa articulação, essa rede, pra que se possa construir uma agenda mais eficaz de enfrentamento do trabalho infantil”, diz.
A Capacitação para o Enfrentamento do Trabalho Infantil no Paraná reúne cerca de 200 profissionais de diversas áreas de atuação. Promovido pela Secretaria da Criança e da Juventude, o evento visa à articulação de políticas públicas intersetoriais para um trabalho conjunto de combate à exploração da mão de obra infantil no Estado.
O evento está sendo realizado até 19 de novembro, no Condor Hotel, em Curitiba. Nesta quarta-feira (18), coordenadora do Programa de Saúde do Trabalhador Adolescente do Núcleo de Estudo da Saúde do Adolescente da UERJ, Carmen Raymundo, e a psicóloga e pesquisadora do Programa de Saúde do Trabalhador Adolescente do Programa de Atenção Primária do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente da UERJ, Larissa Wolls, debatem a Sensibilização para Atenção Integral a Crianças e Adolescentes em Situação de Trabalho Infantil.
Pesquisadora fala sobre a importância das redes no combate ao trabalho infantil
Fátima Alberto tratou das definições do trabalho infantil, do histórico das ações sociais em rede e das metodologias para enfrentar o problema
Publicação
17/11/2009 - 19:44
17/11/2009 - 19:44
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