Pesquisa desenvolvida há oito anos pelo professor Galdino Andrade, do Departamento de Microbiologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), resultou num produto biológico para controle do cancro cítrico, com índice de eficiência que chega a 94%, e com boas perspectivas de viabilidade comercial. Atualmente, a doença é controlada com produtos à base de cobre, de baixa eficiência e elevado perigo para o meio ambiente, ou através de métodos caros, como a erradicação de plantas.
O cancro cítrico é uma doença causada por uma bactéria chamada Xanthomonas axonopodis pv. citri (Xac). Essa bactéria provoca necrose em folhas, galhos e frutos; em infecções severas, leva a desfolhação, queda prematura de frutos e declínio generalizado da planta. É praticamente impossível erradicar o cancro cítrico, pois ele se transmite pelo ar. Para reduzir seus efeitos, são eliminadas árvores doentes e outras próximas a elas e aplicados produtos à base de cobre, que reduzem a população bacteriana na superfície das folhas.
O tratamento, porém, perde eficácia diante da simples ocorrência de chuvas com ventos. Ademais, o uso contínuo desses produtos pode levar ao aparecimento de cepas de Xac resistentes e o acúmulo do metal no solo pode contaminar as plantas, o solo e o meio ambiente.
Investimento - O Brasil é o maior produtor mundial de citros, faturando US$ 1 bilhão por ano com a exportação de suco de laranja. O cancro cítrico é uma ameaça sempre presente à produção comercial de citros, tanto no país quando no mundo inteiro. Por isso, o professor Galdino destaca a importância do produto que vem pesquisando, com seus alunos, no Laboratório de Ecologia Microbiana.
Confiante na capacidade do seu produto – que, nos testes feitos até agora, revelou mais que o dobro da eficiência do controle químico à base de cobre – o professor já requereu a patente do processo. Mas para que a pesquisa avance e se confirme sua viabilidade comercial, são precisos mais investimentos, diz o professor. Ele acredita que com a divulgação da pesquisa, que já proporcionou quatro dissertações de mestrado de seus alunos, setores da iniciativa privada se interessem por financiar a continuidade do trabalho.
Experiência – O professor Galdino Andrade tem vasta experiência em pesquisa científica. Viveu sete anos fora do Brasil. Fez doutorado na Espanha e pós-doutorado na Inglaterra. Em seguida, esteve dois anos e meio nos Estados Unidos, como pesquisador convidado do Departamento de Agricultura do governo americano. Na UEL, é um dos 58 doutores que recebe a bolsa produtividade do CNPq – um adicional de incentivo à pesquisa.
É consultor do Ministério da Ciência e Tecnologia, avalia projetos para a CAPES, a FINEP, o CNPq. Faz o mesmo para órgãos de estímulo à pesquisa da Argentina e da Colômbia. É avaliador de artigos para importantes editoras científicas estrangeiras. Já publicou 24 artigos em periódicos, apresentou inúmeros trabalhos em eventos, escreveu oito capítulos de livros e foi organizador de um livro, orientou 11 dissertações de mestrado e três teses de doutorado.
Tudo isso, mais a vivência própria de um pesquisador brasileiro, acostumado a trabalhar com todo tipo de dificuldades, conforme diz, proporcionou ao professor e a oportunidade de “ir buscar a bactéria que controla o cancro cítrico no lugar certo, e ela estava exatamente onde eu pensei que poderia estar”.
E graças a isso, Andrade acredita estar perto de poder ajudar o Brasil, fornecedor de metade da laranja consumida em forma de suco no mundo, segundo a FAO, a amenizar muito os prejuízos do cancro cítrico. Prejuízos elevadíssimos: entre 1997 e 2000, a erradicação de quase quatro milhões de árvores por causa da doença no país custou R$ 300 milhões aos produtores.
O professor pode ser contatado pelo telefone 3371-4791, no Laboratório de Ecologia Microbiana, na UEL, ou pelo e-mail andradeg@uel.br.
Pesquisador da UEL desenvolve produto para controle biológico do cancro cítrico
O professor Galdino Andrade pesquisa há oito anos, no Laboratório de Ecologia Microbiana da universidade, um produto que já demonstrou, em testes, ter o dobro de eficiência no combate à doença, sem riscos para o meio ambiente e com boas perspectivas de viabilidade econômica.
Publicação
26/03/2008 - 11:20
26/03/2008 - 11:20
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