Pesquisa identifica mercados e indica ações para fortalecer o segmento

Ipardes aponta quatro eixos principais para ampliar mercados: harmonização, padronização, certificação e políticas públicas
Publicação
14/04/2007 - 22:42
Editoria
A pesquisa “Mercado de Orgânicos no Paraná – Caracterização e Tendências” identificou cinco tipos de mercado para esses produtos: venda direta, varejo, de transformação, exportação e institucional. No mercado de venda direta, a relação é entre produtor e consumidor não tem intermediários e acontece em feiras, na entrega em domicílio e no sistema colha-e-pague. No mercado de varejo, a produção é vendida para supermercados, lojas e restaurantes - o volume de venda é grande, mas a operação tem a participação de um intermediário. O mercado de transformação é composto de produtos com maior valor agregado, já embalados ou industrializados e rotulados - a soja orgânica ocupa um importante espaço neste mercado. O mercado de exportação ainda é pequeno no Paraná e exige certificação internacional, volume e diversificação de produtos. No mercado institucional, o Estado é o agente fundamental na comercialização, adquirindo os produtos para usá-los em programas voltados à segurança alimentar. Curitiba é o único local em que há feiras exclusivas de orgânicos, onde os produtos são obrigatoriamente certificados. As feiras agroecológicas têm produtos certificados e outros sem certificação e acontecem nos municípios de menor porte. As feiras mistas, comuns em Maringá, vendem produtos convencionais, hidropônicos e orgânicos, sendo estes últimos comercializados em barracas identificadas e certificadas. “Para o produtor familiar, as feiras oferecem uma relação mais próxima com o consumidor e com outros produtores, formando um tipo de mercado mais adaptado ao estilo de vida dele. Outro fator que torna as feiras principais mercados de venda de orgânicos é que nelas o pagamento é feito no ato da compra”, explica Marina Mori, pesquisadora do Ipardes. Para a expansão da produção e comercialização no Paraná, o Ipardes aponta quatro eixos principais: harmonização, padronização, certificação e políticas públicas. A dificuldade de acesso à padronização e certificação limita a inserção dos produtores em alguns mercados, principalmente o internacional. O Estado é o principal agente orientador do mercado, sinalizando ao setor privado sobre as perspectivas de crescimento deste tipo de produção. O Ipardes aponta que as políticas públicas devem ser fortalecidas com base na agricultura familiar, com a oferta de assistência técnica na produção e transformação de produtos orgânicos. A pecuária leiteira orgânica, ainda tímida no Paraná, pode ser um dos nichos de crescimento com apoio institucional, informa o coordenador de Projetos Estratégicos e de Inovação Tecnológica do Fundo Paraná, Aníbal Rodrigues. Ele informa que há uma verba no Fundo disponível para projetos ligados à produção do leite, inclusive orgânico. “O fortalecimento da agricultura familiar é dos eixos principais desta gestão e a produção do leite tem grande destaque. O leite orgânico vem ao encontro das ações do governo estadual para incentivar a produção e a oferta de alimentos seguros”, afirma Rodrigues. Segundo dados da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos Ambiental, o Brasil tem um crescimento estimado em 30% ao ano para o setor, praticamente o dobro da média mundial - o mercado global de orgânicos é estimado em US$ 30 bilhões por ano. Cálculos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo(Fipe) apontam que em 2010, o País deverá movimentar US$ 3 bilhões em produtos livres de agrotóxicos.