Perigo dos alimentos transgênicos no Brasil

A distância recomendada entre lavouras convencionais e transgênicas foram tema da palestra A Invasão dos Transgênicos: o papel dos cientistas e da sociedade organizada, durante os VI Congresso Brasileiro e do II Congresso Latino-Americano de Agroecologia
Publicação
11/11/2009 - 16:40
Editoria
A distância recomendada entre lavouras convencionais e transgênicas foram tema da palestra “A Invasão dos Transgênicos: o papel dos cientistas e da sociedade organizada”, que aconteceu nesta quarta-feira (11) durante os VI Congresso Brasileiro e do II Congresso Latino-Americano de Agroecologia, que está acontecendo em Curitiba. Um dos palestrantes, Rubens Nodari, da Universidade Federal Santa Catarina (UFSC), chamou a atenção para a necessidade de um marco regulatório que amplia as distâncias estabelecidas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio - para as lavouras convencionais e transgênicas para evitar a contaminação. A CTNBio é responsável pela regularização e manutenção das lavouras transgênicas no País. Segundo Nodari, o Paraná é o único Estado que se preocupa e adotou providências sobre esse tema. De acordo com ele, são necessários, pelo menos, 400 m de distância entre a cultura modificada e não-modificada geneticamente para evitar a polinização tanto para o milho como para a soja, destacou. Atualmente a CTNBio determina a distância de 100 metros entre a cultura geneticamente modificada e a comum. O pesquisador alerta ainda para o risco que o consumo de alimentos geneticamente modificados podem oferecer. E dos impactos ambientais e culturais que o desaparecimento das culturas crioulas podem causar. De acordo com Nodari, são necessárias mais pesquisas e estudos para que os transgênicos sejam considerados realmente seguros para consumo. Segundo ele, “ausência de evidência de impactos na saúde das pessoas e no meio ambiente jamais deve ser tomada como evidência de ausência”. Outra palestrante a falar desse tema foi a ativista e cientista Adelita San Vicente, do movimento mexicano “Sin maíz no hay país” (Sem milho não há país), que explicou o processo gradual de substituição do milho crioulo nas comunidades agrícolas do México, pelo milho transgênico de propriedade de empresas multinacionais. Adelita frisou a importância das variedades de milho desenvolvidas no seu país e a necessidade de manter o cultivo tradicional e artesanal do milho no México. Foi palestrante presente também a professora Marijane Lisboa, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), uma das principais responsáveis pela defesa dos cultivos não-transgênicos no Brasil. Segundo Marijane, os cultivos tanto de soja, quanto de milho, estão sendo gradativamente contaminados pelas sementes geneticamente modificadas.