O Laboratório Central do Estado (Lacen) recebeu nas últimas 24 horas mais de 50 amostras para fazer o exame que detecta a Doença de Chagas. Esse número é três vezes maior que o total de exames da doença realizados por mês – 150 – e dez vezes maior que a média diária (5). As coletas são feitas em todos os postos de saúde do Estado e enviados ao Lacen para que possa fazer os exames. O Lacen foi indicado pela Secretaria de Estado da Saúde como laboratório de referência no Estado para detectar a doença.
Todas as pessoas que estiveram em Santa Catarina, no trecho entre Garuva e Itajaí da BR 101 e tomaram caldo de cana no período de primeiro de fevereiro até 20 de março devem procurar os postos de saúde para a coleta de sangue. As amostras são enviadas ao Lacen, que conclui os exames em um período de dois a três dias. “Não existe motivo para pânico no Paraná, um surto como o que ocorreu em Santa Catarina é muito raro. O último que aconteceu foi no Estado da Paraíba há muito tempo”, disse o coordenador do Centro de Saúde Ambiental da Secretaria da Saúde, Natal Jataí de Camargo. “No entanto, é fundamental que todas as pessoas que estiveram nesses locais e tomaram o caldo de cana façam os exames porque a doença pode não apresentar sintomas. Nos exames, já é detectada no dia da contaminação”.
Os exames são feitos a partir de uma coleta de sangue nos postos de saúde. O sangue vai para o Laboratório, que faz uma pesquisa de anticorpos contra o protozoário Trypanosoma cruzi classe IgM (fase aguda). É feita uma triagem de amostras para cadastro no sistema. Separa-se o soro do sangue e o material é encaminhado para a imunologia, que usa uma técnica chamada imunofluorescência indireta. Essa técnica é para fazer uma pesquisa de anticorpos contra o protozoário. “Quando o exame der positivo, o paciente é rechamado para proceder a novos exames. Como a cultura e biologia molecular do protozoário”, disse Soraia Reda Gilber, farmacêutica bioquímica da área de imunologia do Lacen.
Até o momento uma pessoa foi internada com os sintomas da Doença de Chagas no hospital Nossa Senhora das Graças. O paciente tem 33 anos e tomou o caldo de cana em Santa Catarina no dia 12 de fevereiro. A Secretaria da Saúde possui um estoque regulador de medicamentos de cinco mil comprimidos do quimioterápico benzonidazol e já foi solicitado ao Ministério da Saúde um lote de mais dois mil comprimidos.
De acordo com a Vigilância Sanitária de Alimentos, as pessoas que possuem barracas de caldo de cana no Paraná não precisam se preocupar, embora tenham que observar alguns cuidados como manter a cana-de-açúcar em locais altos para evitar a formação de ninhos de ratos e verificar se as plantas não possuem rachaduras, pois é lá que o inseto Barbeiro se aloja. Para os consumidores, o principal é observar bem as condições da cana e as condições higiênicas dos locais de venda. “Observando esses detalhes, além de o consumidor ter certeza que está comprando um produto de qualidade, ele estará ajudando na fiscalização. Se identificarem algo errado é importante avisar as autoridades de saúde”, adverte Ronaldo Pizzo, chefe substituto da Divisão da Vigilância Sanitária de Alimentos da Secretaria da Saúde.