A afirmação feita pela Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR) de que as tarifas de pedágio no Paraná são as menores do país foi recebida com estranheza, indignação e revolta pelos caminhoneiros que trafegam nas rodovias pedagiadas paranaenses. Os transportadores que utilizam vias concessionadas de outros Estados e de países vizinhos afirmam que a qualidade e os serviços prestados pelas empresas no Paraná estão muito aquém, não justificam os valores cobrados. E, ainda, classificam as tarifas de abusivas.
“A comparação com outras estradas é absurda. Na Argentina, o valor pago pelo pedágio é no mínimo perto do que pagamos por aqui. O preço em São Paulo é mais alto, mas pagamos por um benefício que não temos no Paraná. Lá há mais faixas, rodovias duplicadas, terceiras-faixas, viadutos”, comparou o caminhoneiro Plínio de Souza Freire, que costuma passar semanalmente por vias administradas pela iniciativa privada em São Paulo e na Argentina.
Para o transportador - que trabalha com um caminhão cegonha há 17 anos - mesmo com uma redução efetiva das tarifas cobradas no Paraná, o pedágio continuaria sendo indevido. “Aqui é muito caro e, mesmo que não fosse, ainda não valeria a pena. São preços abusivos”, reclamou.
Outro caminhoneiro que achou a comparação indevida foi Emerson Romão. Ele contou que gasta praticamente o mesmo valor nos percursos entre Curitiba e Paranaguá e de São Paulo à Baixada Santista, contudo as rodovias paulistas, segundo o transportador, são muito superiores.
“Conheço quase todas as rodovias pedagiadas no Paraná e há estradas bem melhores em São Paulo, pelo mesmo valor que pagamos. São estradas com maior qualidade do pavimento, número de faixas e também segurança”, disse.
A conservação das rodovias administradas pelas seis concessionárias também foi alvo de reclamação constante dos motoristas. Giovani Dalla Líbera, de Francisco Beltrão, narrou que em períodos de safra faz semanalmente o percurso de Paranaguá-Curitiba-Apucarana e que a via de acesso à cidade do Norte paranaense está em péssimo estado.
“Está tudo mal cuidado. O acesso à Apucarana é só trepidação. Pelo preço que estamos pagando, esperamos pelo menos um bom pavimento. Já não pagamos barato e andando em São Paulo podemos ver a diferença: não apenas um pavimento decente mas pista dupla na maioria das estradas”, julgou. “Não tem o menor cabimento dizer que as tarifas no Paraná são as menores do Brasil”, completou.
Roberto Parra, que também realiza o transporte de cargas entre Paranaguá e o Norte do Estado, concordou. “Rodo em trechos no Paraná que não mudaram nada com o pedágio. Estão roçando a beira da estrada, mas o pavimento continua ruim”, observou. “Eu deixo o valor da prestação de um caminhão novo todos os meses nas praças de pedágio”, salientou.
Parra chamou a atenção também para a diferença entre as pistas simples e pistas duplas, que são muito mais freqüentes em São Paulo, como foi observado por todos os seus colegas. “É engraçado cobrar pedágio para rodarmos em pistas simples, sem segurança. Deveriam duplicar primeiro”, opinou.
Já sobre o cronograma de obras das empresas, que prevêem duplicações daqui alguns anos dentro dos contratos, Parra ironiza. “Até lá já levaram o caminhoneiro à falência”.
ATENDIMENTO – Com experiência de 26 anos de profissão, Paulo Vanderlind, nem pensa para responder que o pedágio no Paraná é o mais caro que existe. Hoje ele transporta entre Curitiba e Antonina, gastando R$ 1,2 mil por mês. E torce para não precisar de socorro mecânico.
“Se quebra o caminhão, são 3 ou 4 horas esperando socorro. Na Dutra, já precisei, não demorou nem 10 minutos. O valor aqui deveria ser muito menor para compensar”, afirmou.
Pedágio no PR é o mais caro do país, dizem caminhoneiros
"Não tem o menor cabimento dizer que as tarifas no Paraná são as menores do Brasil”, afirmou o caminhoneiro de Francisco Beltrão, Giovani Dalla Libera
Publicação
28/11/2007 - 18:30
28/11/2007 - 18:30
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