Patrulha Escolar Comunitária começa a ser implantada nas escolas

Diretores aprovam o programa e acreditam que ele irá reduzir os índices de violência e trazer mais segurança para dentro dos estabelecimentos de ensino
Publicação
18/02/2004 - 00:00
A Patrulha Escolar Comunitária, que ampliou a atuação do patrulhamento tradicional, agradou diretores de escolas de Curitiba e Região Metropolitana. Desde que o programa foi lançado governador Roberto Requião na terça-feira (17), policiais militares treinados estão visitando estabelecimentos de ensino e conversando com alunos e diretores para expor o novo trabalho da PM, que transforma o policial em um consultor de segurança para professores e estudantes. Os diretores são unânimes em reconhecer a importância do programa no apoio à reversão do quadro de violência dentro e nas imediações dos estabelecimentos de ensino A dupla de policiais responsáveis pelo programa no Colégio Estadual do Paraná se apresentou para os estudantes durante uma palestra, na manhã desta quarta-feira (18), no auditório da escola. “A Polícia Militar está aqui para ser amiga dos alunos”, disse o soldado Eduardo Dias dos Reis Júnior, ao pedir a ajuda dos estudantes para a solução dos problemas que aparecerem no decorrer do ano. Dos Reis explicou que para qualquer denúncia que surgir, é garantido o anonimato. Segundo ele, que já trabalhava na patrulha escolar tradicional, muitas pessoas com más intenções se passam por alunos nos colégios e acabam prejudicando quem está lá para aprender. A soldado Georgia Priscila Stoco reforçou o discurso do colega sobre a necessidade da confiança por parte dos alunos. Pais e Professores – Para a professora de Língua Portuguesa Tânia Maria Acco, que trabalha há sete anos no Colégio, esse era o programa que faltava. “Existem situações que devem ser acompanhadas mais de perto e a ajuda dos policias é essencial”, avaliou. A professora acredita que agora será possível fazer um trabalho preventivo nas escolas. “Com o acompanhamento e orientação da Patrulha Escolar, vamos saber, dependendo da situação, quais atitudes tomar”, explicou. A professora de Matemática, Eliana Poiani, também se mostrou satisfeita, acrescentando que a medida deve melhorar a segurança tanto para os professores quanto para os alunos. Cristian Nogueira Gomes, ao buscar o irmão que está 3.º ano, disse que conhece o programa e o acha excelente a mudança. “Os policiais são pessoas treinadas e especializadas para essa área”. Pai de dois alunos que estão no 3º ano do Colégio, Paulo Ricieri, afirmou que era necessário aumentar esse patrulhamento nas escolas. “Existem muitos problemas relacionados a drogas”, disse. Diretores – A diretora do Colégio Estadual do Paraná, Elza Camargo Rocha, contou que a patrulha escolar já vinha atuando e mostrando bons resultados. “Com o treinamento e capacitação que eles receberam, a patrulha vai ficar, com certeza, melhor do que já era”, disse. Em outras escolas, o programa também teve boa receptividade por parte dos diretores, que relataram os problemas que enfrentam no dia-a-dia. “O governo está de parabéns por ampliar o atendimento da Patrulha Escolar”, afirmou a diretora da Escola Estadual Dom Orione, Maria Ivonete Favarim Vendrametto. Para ela, esse contato mais próximo entre polícia e escola vai proporcionar um trabalho mais eficiente, unindo esforços para solucionar os problemas de segurança. Segundo a diretora, a atuação da patrulha tem sido muito importante para a tranqüilidade dos 840 alunos de 5ª a 8ª séries que estudam no Dom Orione, no bairro de Santa Quitéria, em Curitiba. “Os problemas aqui se concentram mais nos horários de saída e temos sido atendidos sempre que solicitamos a presença dos policiais. Agora parece que vai ficar melhor ainda, com esse novo conceito de trabalho”, comemorou. A atuação da Patrulha Escolar Comunitária também é aguardada com expectativa por Adriana Tomazoni, vice-diretora do Colégio Estadual Hildebrando de Araújo, no bairro Jardim Botânico, em Curitiba. No ano passado, a presença de dois policiais da patrulha no período noturno resolveu o problema principal enfrentado pelo colégio, que é o tráfico de drogas na região. “Estamos localizados próximos a uma favela, e a presença de traficantes nas proximidades da escola trazia muita insegurança aos alunos e professores”, relatou. Adriana acredita que a ampliação do sistema de atendimento trará muito mais benefícios a todos os 1.500 alunos da escola. Região metropolitana – Na Escola Estadual Angelina Anna Maria Consuelo do Prado, em São José dos Pinhais, os policiais da Patrulha Escolar já compareceram na noite de terça-feira (17). No estabelecimento funciona o Centro de Atuação Integral à Criança e ao Adolescente (Caic), com 2.200 alunos entre os três turnos. O novo programa da PM, para a diretora Isa Roseli da Silva, é fundamental porque a escola está localizada numa região muito violenta, dominada por gangues de adolescentes usuárias e traficantes de drogas. Primeiro, os policiais conversam com a direção da escola que apresentou a repassou a situação do colégio e dos alunos que pertencem às gangues. “Os policiais abordam os alunos durante o recreio, com uma relação de orientação e não de repressão”, explicou. A diretora Maria Aparecida dos Santos da Escola Estadual Alfredo Chaves, de Colombo, também elogiou o trabalho da Patrulha Escolar. Disse que já participou das reuniões de implantação do programa e pretende chamar os policiais para fazer a ronda nas imediações da escola. Maria Aparecida observou que dentro da escola ela não tem problemas com violência, mas teme pelos alunos nas imediações porque freqüentemente são abordados por "desocupados", que os roubam, mexem com as meninas e tentam passar drogas. A escola de Colombo tem 1.300 alunos entre os três turnos. Reforço – Os policiais da Patrulha Escolar Comunitária tiveram 15 dias de treinamento. “Na verdade é uma reciclagem, pois todos trabalhavam na Patrulha Escolar tradicional. Os policiais trabalharão como consultores de segurança, não apenas patrulhando a entrada e saída de alunos, pois a nossa idéia é trabalhar dentro do colégio com a apresentação de palestras e identificando ações e atitudes que possam resolver os problemas da escola quanto à segurança, inclusive com modificações estruturais”, comentou o capitão Luiz Marcelo Maziero Jakiemiv, comandante da 1.ª Cia do 12.º BPM, responsável pelo policiamento da área na qual está inserido o Colégio Estadual do Paraná. Em Curitiba, a Patrulha Escolar Comunitária está presente em 163 escolas nos turnos em que a escola está funcionando. Os policiais trabalham em dupla e em dois turnos diferentes, das 7h às 15h e outro até as 23h. Cada dupla de patrulheiros é responsável por um número que varia de oito a dez estabelecimento de ensino da mesma região. O programa também foi deflagrado em Londrina.