Passo Fundo luta pela expansão da Ferroeste até o Rio Grande do Sul

O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, participou do encontro, organizado pelo Comitê Pró-Ferrosul, que reúne mais de 60 entidades da região do norte gaúcho
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24/02/2010 - 19:00
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A Ferroeste realizou na tarde desta quarta-feira (24), em Passo Fundo, na região Norte do Rio Grande do Sul, mais uma audiência pública para discutir a expansão da ferrovia até o território gaúcho e a criação da Ferrosul. O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, participou do encontro, organizado pelo Comitê Pró-Ferrosul, que reúne mais de 60 entidades da região.
O Encontro Regional de Mobilização pela Ferroeste, segundo o vereador Juliano Roso (PcdoB), um dos coordenadores do Comitê Pró-Ferrosul, acontece no Gran Palazzo Eventos, em Passo Fundo, e tem por objetivo “criar uma clima de unidade em prol da ferrovia que vai necessitar de força política para frutificar”, disse o vereador. “É um passo significativo”, disse ele, “para somar os povos paranaense, catarinense e gaúcho em torno do desenvolvimento desse projeto”. Para o vereador, autor da proposta de criação do Comitê, “a importância do projeto para o Norte e Noroeste gaúcho é estratégica” tendo em conta que Passo Fundo é um pólo econômico importante na área do agronegócio e da indústria de máquinas.
O Comitê Pró-Ferrosul já tem influência regional e reúne entidade como a Câmara dos Vereadores, o Conselho Regional de Desenvolvimento (Cored) e a Associação dos Municípios do Planalto (Ampla) gaúcho. Está é a quarta atividade do Comitê e a primeira com a participação do presidente da Ferroeste.
No dia 8 de outubro, a Ferroeste havia feito uma audiência pública em solo gaúcho, no município de Nonoai, para discutir o novo ramal que pretende construir até Chapecó e que vai colocar uma grande região produtiva do Norte e Noroeste gaúcho na área de influência da ferrovia. Na ocasião foi elaborada a Carta de Nonoai, “certidão de nascimento da Ferrosul”, de acordo com declaração do presidente Samuel Gomes.
Para o prefeito de Nonoai (RS), João Vianei Rubin (PP), que participou da audiência nesta quarta-feira, em Passo Fundo, “o projeto é altamente viável e vai entrar no PAC”. Prova disso, disse ele, foi ter toda a “grande Passo Fundo reunida” para discutir a ferrovia que abrange todo o Rio Grande do Sul e vai interligar o Estado com outras regiões do país. “Todos estão enxergando a ferrovia passando por aqui”.
Em 25 de janeiro, uma comitiva integrada pelo então prefeito em exercício de Passo Fundo, René Cecconello, pelo vereador Juliano Roso (PcdoB), pelo presidente da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agronegócio de Passo Fundo (Acisa), Dimas Froner, pelo empresário Elmar Luiz Floss, presidente do Conselho de Desenvolvimento de Passo Fundo, veio a Curitiba oficializar o convite para a reunião de hoje em Passo Fundo ao presidente da Ferroeste.
Um dos objetivos da audiência em Passo Fundo é “atualizar o conjunto de passos dados desde o início da mobilização para a criação da Ferrosul e evoluir para a discussão do traçado no Rio Grande do Sul a partir dos estudos existentes”, disse Samuel Gomes. “Manifestações como esta da comunidade de Passo Fundo demonstram que a transformação da Ferroeste em Ferrosul é uma necessidade percebida pelo conjunto da sociedade e dos governos da região Sul do Brasil”, ressalta o presidente da Ferroeste.
FERROSUL - Gomes explicou durante a audiência pública que a decisão de criar a Ferrosul, a partir da Ferroeste, foi tomada pelos governadores do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul em reunião do Codesul – Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul, realizada em 18 de novembro de 2009, em Campo Grande (MS). A empresa, disse ele, será instituída e gerida pelos quatro Estados para planejar, construir e operar ferrovias e sistemas logísticos na região.
Do ponto de vista jurídico, a Ferrosul será resultado da incorporação, como sócios do Paraná na Ferroeste, dos três Estados (RS, SC e MS). A Ferroeste, estatal paranaense, mudará os seus estatutos. Em seguida, acordo de acionistas assegurará a gestão compartilhada da Ferrosul.
A criação da Ferrosul visa impulsionar todo um conjunto de projetos ferroviários em andamento, como a ligação do Mato Grosso do Sul e do Paraguai ao Porto de Paranaguá e a ferrovia da integração que conectará o porto de Itajaí e a ferrovia litorânea catarinense, articulando essas linhas entre si e à ferrovia Norte-Sul, e também aos modais rodoviários, hidroviários e aeroportuários e aos portos da região. Assim é que a Resolução Codesul nº. 1.042 manifesta “a evidência de que a construção de novas ferrovias no Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sudeste brasileiro, atualmente planejadas e executadas pelo Governo Federal, somente se completa como projeto de integração nacional quando a ferrovia Norte-Sul interligar-se, em bitola larga, com os trilhos da Ferroeste em Maracaju, no Mato Grosso do Sul, para que, com isso, os portos do Sul do Brasil e não apenas os das demais regiões do País, possam contar com conexões com o interior do território com linhas modernas e de alta capacidade”.
O avanço para a consolidação da Ferrosul só foi possível com a unidade política criada na região em torno do projeto. O papel do Codesul tem sido determinante. Foi o governador André Puccinelli (MS), no início de 2007, em reunião do Codesul, em Gramado (RS), quem pela primeira vez propôs a união em torno da expansão da Ferroeste. E foi a governadora Yeda Crusius (RS) quem propôs ao Codesul a criação da Ferrosul, em Campo Grande (MS). As propostas foram adiante com o apoio decidido dos governadores Requião (PR) e Luiz Henrique (SC). A mobilização do Parlasul, que reúne os parlamentos da região, também foi determinante.