Parque Histórico do Mate é reaberto ao público

O espaço cultural agora restaurado e com uma exposição permanente sobre o Ciclo da Erva Matel está pronto para visitantes, pesquisadores e estudantes
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12/04/2005 - 06:00
Editoria
O Parque Histórico do Mate, no Engenho da Rondinha, será reaberto ao público nesta sexta-feira (15), às 16 horas, no quilômetro 17, da BR-277, em Campo Largo. Restaurado e com uma exposição permanente sobre o Ciclo da Erva Mate, o último exemplar de engenho de erva-mate do século XIX está pronto para visitantes, pesquisadores e estudantes. Para o dia da abertura estão programadas diversas atividades como um Café Tropeiro, Pinhão na Brasa, Ripa de Costela com Fogo no Chão, produtos à base de mate, e um conjunto de chorinho. A festa é aberta ao público e contará com a presença de autoridades municipais, estaduais, jornalistas e convidados. Unidade do Museu Paranaense, da Secretaria de Estado da Cultura, o Parque contará a história da erva-mate por meio de mostras didáticas e atividades interativas. Escolas e grupos podem agendar visitas monitoradas no Setor Educativo do Museu Paranaense, no telefone (41) 304 3330. O Parque permanecerá aberto de terça-feira a domingo, das 9h30 às 17h30. Totalmente restaurado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o engenho ganhou obras de estabilização estrutural, reforma total do telhado e das paredes de pau-a-pique. Além disso, foram restauradas as paredes de pedra, um painel de madeira e a roda d´água. Faltando, agora, apenas obras de drenagem do terreno e de apoio para visitantes. Segundo a diretora do Parque Histórico do Mate Elaine Andréa Moro Costa, para a total revitalização do espaço foram recuperados objetos, documentos e rótulos. Numa segunda etapa serão executados projetos de paisagismo, viveiro de erva-mate, trilha ecológica e mirantes. O parque terá ainda uma lanchonete, loja e espaço para eventos. “A importância desse engenho é pelo fato de ser único em todo o Paraná e Brasil, e de ter sido a erva-mate um ciclo de grande importância econômica”, afirma o superintendente do Iphan, José La Pastina. Essa importância teve inicio no século XIX, mais precisamente em 1820, quando o comerciante portenho Francisco de Alzagaray se estabeleceu em Paranaguá e construiu um engenho de beneficiamento de erva-mate para abastecer o mercado argentino. Nessa época, os curitibanos não processavam a erva, que era um hábito indígena. A erva-mate era então produzida no Planalto e beneficiada no Litoral. O percurso era feito pela Estrada da Graciosa em mulas que carregavam o produto em surrões de couro e cestos de taquara,. Com o passar do tempo, os engenhos foram subindo a serra, na medida em que a estrada da Graciosa recebia melhorias. As mulas começam a ser substituídas por carroções. “A proximidade dos engenhos com os centros de produção possibilitam um grande salto na economia da erva-mate”, conta La Pastina. Surgem inúmeros engenhos na região de Curitiba. Só em Campo Largo funcionavam mais de quatorze. Rondinha - O Engenho da Rondinha foi construído pelo capitão Carlos José de Souza Franco, cuja filha casou-se com o também ervateiro Agostinho Ribeiro de Macedo. A data da construção fica entre 1850 e 1876. Em 1894 foi adquirido pelo imigrante italiano Pedro Paulo Marchiorato, que realizou alterações radicais nos equipamentos que de engenho passou a moinho de cereais. Até que em 1968 foi tombado pelo Patrimônio do Estado e em 1985, pelo Patrimônio Nacional. Como no local vivia o casal de idosos Constantino Marchiorato (filho de Pedro Paulo Marchiorato), o Estado permitiu que a família continuasse morando na casa. Isso garantiu a sobrevivência do engenho, que não foi demolido como todos os outros. Em 1979, o engenho passou por uma primeira restauração, com projeto e pesquisa dos arquitetos José La Pastina e Cyro Corrêa Lyra. Nessa época foram feitas obras de prospecção arqueológica e estudadas diversas fontes iconográficas para a recomposição da planta industrial original. Como diversos objetos desapareceram do local, a prefeitura da Lapa doou um pilão e a Fundação Cultural de Curitiba doou um cocho de seis pilões escavados. Processo de beneficiamento – As folhas de erva-mate assim que eram colhidas, passavam por uma sapecada (as folhas eram passadas por uma fogueira muito rapidamente), ainda na mata. No engenho iam para o barbaquá, para a secagem mais completa. Esse barbaquá era construído na boca de um túnel ligado a uma fogueira. A erva era seca apenas com o calor do fogo e seguia para a cancha, onde era triturada e reduzida a pó para o consumo. Os índios da tribo Guarani, por sua vez, usavam o que se chama de carijo para secar a erva. Essa técnica utilizava uma estrutura de madeira como um jirau com a erva, embaixo eram feitas várias pequenas fogueiras. Depois de seco, o produto era batido com os cambaús (peças de madeira) sobre couro de boi e estavam, então, pronto para o consumo. Ainda hoje a erva-mate tem importância na economia do Paraná, como fonte de renda complementar, por ser uma cultura perene e requisitar poucos cuidados. No entanto, os engenhos atuais usam motor a diesel e pilões metálicos. A economia do Paraná deve à erva-mate, não só o impulso econômico mas também o desenvolvimento da indústria gráfica, uma vez que as embalagens e rótulos eram produzidos em litografia. Até a década de 30 havia em Curitiba o Instituto Nacional do Mate e existia até um clube para os fabricantes de barricas de erva-mate, era a Sociedade Barriqueiros do Ahú. A erva-mate era exportada em barricas feitas com pinho. O ciclo da erva-mate vive a decadência assim que começa o ciclo da madeira.

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