Paraná proíbe venda de poncãs com folhas e ramos

A medida visa atender a legislação federal, editada em janeiro deste ano, que proibiu o trânsito interestadual de frutos cítricos com folhas e ramos, para evitar a disseminação da MPC (Mancha Preta dos Citros) detectada na região de Cerro Azul
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18/05/2009 - 18:50
Editoria
A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento decidiu proibir definitivamente nesta segunda-feira (18) o tráfego interestadual e a venda de frutos cítricos com folhas e ramos, para evitar a disseminação da doença MPC (Mancha Preta dos Citros). Em reunião realizada nesta segunda-feira (18) com prefeitos, produtores e representantes de sindicatos rurais do Vale do Ribeira, o diretor da Secretaria, Herlon Goelzer de Almeida, explicou que não será possível atender a reivindicação dos produtores, de comercializar as frutas com folhas e ramos. Segundo Almeida, a medida visa atender a legislação federal, editada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em janeiro deste ano, que proibiu o trânsito interestadual de frutos cítricos com folhas e ramos, para evitar a disseminação da MPC (Mancha Preta dos Citros) detectada na região de Cerro Azul em 2006. “É também uma forma de evitar a disseminação da doença para outras regiões onde a fruticultura tem importância econômica como Norte e Noroeste do Estado”, explicou. Os técnicos da Secretaria estão orientando toda a cadeia produtiva dos citros para as novas medidas, desde a produção até as redes de supermercados e de comercialização. Na semana passada alguns produtores se reuniram com o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, para discutir uma solução para o impasse, pois a safra está no início e com esta determinação o comércio da fruta está paralisado em toda a Região Sul e Sudeste do país. Bianchini lembrou aos produtores da necessidade de cumprir a resolução federal, já que os Estados compradores da fruta adiantaram que não vão abrir mão dessa determinação. “O que nos resta fazer, no momento, é adotar a medida com menos trauma possível”, disse o secretário. Herlon de Almeida explicou aos produtores que esta doença, como tantas outras, precisa ser combatida com ações, e é isso que a Secretaria da Agricultura pretende ao acatar a decisão do Ministério. “Vamos trabalhar nesse sentido e precisamos da adesão de todos os produtores nesse processo. Não tem outra saída, ou como prorrogar. Folhas e caules precisam ser retirados senão os produtos não vão chegar a outras regiões. O melhor que o Paraná pode fazer agora é se adequar, mesmo que implique custos e logística, mas é uma forma de não perdermos mercado”, adiantou o diretor. O município de Cerro Azul é o maior produtor nacional de tangerinas poncã, com uma produção anual de sete milhões de caixas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2006. O segundo maior produtor do país é o município vizinho, Doutor Ulysses. Juntos são responsáveis por 50% da produção nacional de tangerinas. Segundo Herlon Almeida, a Secretaria vai orientar os produtores para que se organizem para instalações de “packings house”, onde se trata a fruta e para a padronização das caixas. Com isso, o produtor irá ganhar um valor agregado que, certamente, vai substituir o cabo e as folhas, que podem ser disseminadores de doenças. O diretor do Defis (Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária), Silmar Bürer, reforçou a decisão e disse que o problema que afeta hoje municípios do Vale do Ribeira tem que ser controlado com medidas sanitárias para evitar a disseminação da doença. E a medida técnica sanitária é fazer o controle, e evitar que citros da região circulem para outras regiões com folhas e ramos. Os Estados da Bahia e do Sergipe já proibiram a entrada de materiais de propaganda e frutas cítricas, procedentes de outras unidades da Federação com ocorrência de Mancha Preta dos Citros. Nos demais Estados, ainda não há o impacto da proibição do envio de poncã. A comercialização e o tráfego do produto é permitido, desde que desprovidos de ramos e folhas. Silmar Bürer adiantou ainda que técnicos já estão orientados a não emitir certificado de PTV (Permissão de Trânsito Vegetal) aos produtores de cargas com ramos e folhas. A próxima medida a ser implementada a partir de agora, segundo o diretor do Defis, é firmar uma parceria com a Associação Paranaense de Supermercados, Ceasa, prefeituras, feirantes, Federações e Associações de Agricultores, para orientar o consumo da fruta sem talos e folhas. “A intenção é promover a qualidade da nossa fruta e não valorizar folhas e galhos”, justificou Silmar Bürer.

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