Paraná perde mais de 18% da safra de grãos devido à seca

O governador Roberto Requião e o vice e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, preocupados com a quebra na safra 2004/05, em função da longa estiagem que atingiu o Estado no início desse ano, anunciaram que não vão medir esforços no sentido de amenizar a situação que afetou grande parte dos agricultores paranaenses
Publicação
03/05/2005 - 18:51
Editoria
Último levantamento sobre a safra feito pelo Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria da Agricultura, aponta para uma produção de grãos de 23 milhões de toneladas, contra uma previsão inicial de 30 milhões (antes da estiagem). A queda é de 18,76%, sendo que a soja, milho-safrinha e milho normal foram as culturas mais prejudicadas pela estiagem. A estimativa de perda na soja é de 3,13 milhões de toneladas (25,25%), do milho-safrinha de 1,04 milhão de toneladas (31,34%), e milho normal, 0,88 milhão (11,87%), produtos que apresentam também as maiores perdas financeiras (R$ 1,54 bilhão com a soja, e R$ 0,52 bilhão com o milho). Segundo estimativa do secretário da Agricultura e vice-governador, Orlando Pessuti, a renda bruta que deixará de circular no Paraná por conta da estiagem chega a R$ 2,33 bilhões, contra os R$ 2,11 bilhões anunciados no relatório de março. O governador Roberto Requião e o vice e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, preocupados com a quebra na safra 2004/05, em função da longa estiagem que atingiu o Estado no início desse ano, anunciaram que não vão medir esforços no sentido de amenizar a situação que afetou grande parte dos agricultores paranaenses. A redução na produção de soja é responsável por 66% dessa projeção, ocupando o milho o segundo lugar, com 22%, e o restante (12%) é proveniente das demais culturas que também sofreram os efeitos da estiagem. Em contrataste com a safra passada, onde neste mesmo período 39,7% dos grãos de verão já estavam comercializados, na safra atual apenas 26,1% da produção foi vendida pelos produtores, de acordo com dados do Deral. A principal causa da retenção da produção por parte dos agricultores, segundo a Secretaria da Agricultura, é o baixo preço praticado no momento. Exemplo disso é a soja, vendida em média a R$ 47 (saca de 60 kg) em 2004 e agora está cotada em R$ 29. Situação crítica também a dos plantadores de algodão, que na safra passada venderam o produto a R$ 20 a arroba, e agora o produto está sendo comercializado a R$ 13. A queda significativa no preço do algodão fez com que a Secretaria da Agricultura enviasse ofícios aos ministros da Fazenda, da Agricultura, e do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, sugerindo a compra, através de AGF (Aquisições do Governo Federal), de 10 mil toneladas do produto no Paraná. O mesmo acontece com os produtores de farinha de mandioca, que também solicitam do Governo Federal medidas para amenizar a situação, uma vez que estão sem produzir por falta de preço. A saca, que hoje custa R$ 25, era vendida no início de 2004 a R$ 60. A intenção dos produtores é vender ao Governo Federal um milhão de sacas de farinha de mandioca, através de contrato de opção, ou compra direta do agricultor. A estiagem também modificou a intenção de plantio dos produtores. A projeção inicial de cultivo do milho-safrinha era de 1,1 milhão de hectares, mas em virtude do prolongamento da seca, estendendo-se até o limite do período recomendado pelo zoneamento agrícola, muitos agricultores desistiram de semear a cultura. A reavaliação da área plantada passou a ser estimada em 889.000 hectares, sendo que destes, 135 mil já foram totalmente perdidos (15,3%). Com a redução de plantio e de áreas disponíveis, após as perdas o produtor demonstra migrar suas intenções de plantio para as culturas de inverno, segundo estimativas de técnicos do Deral. Em março era estimado que as culturas de inverno ocupariam aproximadamente 1,58 milhão de hectares, e em abril a estimativa passou para mais de 1,69 milhão de hectares. O destaque ficou para o trigo, que apresentou uma elevação de 7,6% na intenção de plantio (1,27 milhão de hectare contra 1,18 milhão no mês passado). Quadro geral - A composição do VBP (Valor Bruto de Produção) tem a participação média de 500 produtos, sendo soja, milho, frango, trigo, leite e boi gordo os que tem a maior representatividade. Embora os preços de suíno e do leite estejam maiores nos primeiros meses de 2005, se comparados ao mesmo período de 2004, os preços praticados pelos produtos (soja, milho e boi gordo) até o mês de abril/05 tem apresentado variação negativa em relação ao ano de 2004. Isso significa que o Valor Bruto da Produção Agropecuária em 2005 não deverá ultrapassar R$ 25 bilhões de reais, pelos cálculos do Deral.