Paraná lança projeto de cultivo e transplante celular

O projeto substitui o transplante de órgãos inteiros por células que são levadas ao órgão diminuindo o risco de rejeição
Publicação
16/03/2004 - 00:00
O Paraná desenvolverá um projeto inovador na área de cultivo e transplante celular a portadores de insuficiência cardíaca por infarto do miocárdio no Laboratório de Engenharia e Transplante Celular, que será implantado com recursos do Fundo Paraná. O projeto é apoiado pela secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC e em síntese visa adaptar células musculares esqueléticas à função cardíaca. O lançamento do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico na semana passada abre um leque de opções para investimentos na área de pesquisa científica e estruturação do laboratório e o desenvolvimento da pesquisa é um deles. O Programa de Apoio é contemplado com recursos da Unidade Gestora do Fundo Paraná e disponibilizou R$ 400 mil para o projeto de transplante celular. De acordo com o médico cardiologista Paulo Brofman, o Brasil é o terceiro a desenvolver a técnica, depois da Alemanha e Estados Unidos. A primeira parte do projeto já foi executada em animais e agora já tem autorização, pelos comitês de ética, para a prática em seres humanos. Dez pacientes já aguardam o transplante, segundo a assessoria de imprensa da PUC. O Projeto - Independente da vontade humana, a célula do coração se auto-estimula para a contração. No Laboratório da PUCPR, depois de retirado fragmento de músculo da coxa do paciente é feita a cultura dessas células, as quais são adaptadas para esse tipo de contração automática. Depois, as células são injetadas em áreas lesadas do coração em decorrência de enfarto, por exemplo, onde as células estão mortas e substituídas por tecido fibroso ou por inflamação. Isso se constitui uma nova etapa em relação aos transplantes. A primeira fase representou o transplante de órgãos inteiros: coração, fígado, pulmão, com toda a complexidade que representa introduzir um órgão totalmente estranho na pessoa. Agora, levam-se células ao órgão, o que reduz a possibilidade de rejeição. A terceira etapa - em discussão ainda - é a obtenção de células-tronco da mesma pessoa. As células-tronco guardam em si potencial de transformação em várias outras células. A partir do momento em que a ciência dispuser de fatores de ativação convenientes para essas células-tronco, é possível produzir órgãos do próprio ser humano, sem qualquer rejeição. O secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldair Rizzi diz que o projeto está dentro da área de prioridade do governo, que é a saúde, e reconhece que ele deve ter impacto na sociedade assegurando a saúde de todos, além de ser de extrema importância à pesquisa. O reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Clemente Ivo Juliatto, afirmou que a parceria é muito significativa para a instituição e que se refletirá em benefício público.