À meia-noite deste sábado para domingo, começa mais uma edição – a trigésima quarta – do horário de verão brasileiro, alcançando os 11 estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além do Distrito Federal. Em toda essa região, cumprindo uma rotina que vem se repetindo há 22 anos, os relógios devem ser adiantados em uma hora, deixando o domingo mais curto. A hora suprimida será reposta à meia-noite de 16 para 17 de fevereiro do ano que vem.
O artifício de adiantar os relógios para aproveitar melhor a luminosidade natural, que é maior durante o final da primavera e o verão, permite ao sistema elétrico nacional operar com maior folga durante o período crítico do dia – o chamado horário de ponta, que vai das 18 às 22 horas. Isso acontece porque a solicitação máxima de algumas classes de consumo deixa de coincidir com o pico de demanda de outras, proporcionando um alívio nas condições de funcionamento de todo o sistema. Dessa maneira, as usinas, linhas de transmissão e subestações podem operar mais distantes do limite da sua capacidade e permitir que as paradas de equipamentos para manutenção, por exemplo, possam ser programadas com maior confiabilidade.
Redução
Em termos práticos, o ONS, organismo que coordena e gerencia a operação do sistema elétrico interligado, estima que o horário de verão venha a proporcionar ao sistema, no horário crítico, uma redução entre 4 e 5% nos níveis habituais de demanda – algo como 2 mil megawatts, ou dois terços da demanda máxima do Paraná.
No seu sistema elétrico, a Copel espera por uma redução de 5,5% nos níveis máximos de demanda, ou cerca de 220 megawatts – o correspondente à carga de Londrina durante a ponta. “É como se não houvesse consumo nenhum na cidade entre 18 e 22 horas”, ilustra Christina Courtouke, gerente da Coordenação de Operação do Sistema Elétrico da Copel.
Ela lembra, ainda, que a adoção do horário de verão também proporciona uma pequena economia nos níveis de consumo de energia elétrica – da ordem de 0,5% – que decorre, basicamente, do menor tempo de uso de lâmpadas, já que a luminosidade natural é mais bem aproveitada. “Essa é uma conseqüência importante do horário de verão mas não é o motivo determinante da sua adoção”, explica Christina. “A razão maior é, de fato, aliviar as condições de operação do sistema elétrico durante o horário de ponta e ampliar seus níveis de confiabilidade, a custo zero, em benefício da população”.
O horário de verão é uma prática comum em diversos países do mundo, estando perto de completar 100 anos de utilização habitual em alguns deles. No Brasil, foi adotado pela primeira vez por Getúlio Vargas, em 1931, e teve duração de cinco meses. “Até 1967, no entanto, a medida foi adotada de forma errática por mais nove vezes, só voltando à cena em 1985”, lembra Christina Courtouke. “Desde então tornou-se rotina, incorporando-se aos hábitos da população que, na sua maior parte, apóia e aprecia o horário de verão”, encerra.