Promovido pelo Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul no Paraná (Codesul/PR), o ciclo de debates “Diálogos para a integração”, que discute o tema “Políticas Públicas na América Latina”, trouxe nesta quarta-feira (12) a palestra “Globalização e construção social do espaço: o caso da tríplice fronteira”, proferida pela pesquisadora do Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Tecnológica da Argentina (Conicet), Sílvia Montenegro.
Sílvia discutiu a integração da região do Mercosul, focando principalmente a tríplice fronteira, com a idéia de uma construção social e cultural. A pesquisadora ressaltou a situação de Foz do Iguaçu, com seu multiculturalismo e convivência pacífica entre argentinos, paraguaios e brasileiros na região de fronteira, que possui mais de 30 nacionalidades diferentes. Ela vem desenvolvendo um projeto nessa área com pesquisadores da Argentina e agora amplia o trabalho, incluindo pesquisadores do Brasil.
“A integração e o fluxo transfronteiriço são temas muito importantes. O que falta em relação à integração é deixar de pensá-la um pouco apenas pela via econômica. A integração é muito mais e só pode existir quando existe integração social. Esse é um lado um pouco esquecido da questão que temos que privilegiar, com as sociabilidades que existem na região transfronteiriça”, afirmou Sílvia, que também é professora universitária, antropóloga social, mestre e doutora em sociologia.
De acordo com o secretário do Codesul, Santiago Martin Gallo, é importante que os Estados subnacionais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, estabeleçam políticas de cooperação transfronteiriça. “São políticas que vêem a fronteira não como uma divisão, mas como um mesmo espaço geográfico territorial. O Paraná, por sua localização geográfica, tem a necessidade de implantação dessas políticas, que levarão desenvolvimento à região de fronteira”.
Segundo o diretor-presidente do Ipardes, José Moraes Neto, a proposta do evento é reunir pessoas que discutam a problemática do desenvolvimento dos países da América Latina, fundamentalmente do Mercosul, para o intercâmbio de idéias sobre políticas sociais. “São trocas de experiências entre pesquisadores, professores, funcionários públicos e sociedade sobre esses espaços latino-americanos. Viemos discutir políticas públicas para tentar avançar no processo de desenvolvimento e construirmos uma sociedade mais equilibrada, mais justa”, afirmou.
“O evento nos dá nova perspectiva para uma série de situações que estão acontecendo na América Latina e também no nosso país. E há uma certa acomodação nossa enquanto população, seres pensantes e atuantes, de batalhar algum processo para as pessoas menos assistidas, menos instruídas, para melhorar a qualidade da política no país. Enquanto professor, quero despertar a consciência dos alunos para essas questões”, disse o psicólogo, mestre em educação e professor universitário, Dori Luiz Tibre Santos.
A diretora do Centro de Treinamento do Ipardes e organizadora do evento, Thaís Kornin, explicou que a idéia é dar continuidade aos os ciclos. “Percebemos que existe uma grande procura por esse tipo de debate pelo público em geral, principalmente pesquisadores, gestores públicos e os próprios acadêmicos da Universidade Federal do Paraná. Essa é uma primeira proposta de fazer intercâmbio de estudos com pesquisadores nacionais e internacionais e acredito que vamos continuar”, disse.
CICLO - Promovido pelo Governo do Estado, Codesul, Universidade Federal do Paraná, Ipardes, Sanepar, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul e Unesco, o evento acontece até o dia 24 de outubro, no auditório 100 da Universidade Federal do Paraná.
A próxima palestra será no dia 19 de setembro e traz o tema “Sistema mundial e Estados nacionais: história da privatização na América Latina”, com o economista do Instituto de Estudos Latino-Americanos/Universidade Federal de Santa Catarina, Nildo Ouriques. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site www.ipardes.gov.br ou pelo telefone (41) 3351-6338.
Paraná discute novas políticas públicas para ampliar integração com Mercosul
“O que falta em relação à integração é deixar de pensá-la um pouco apenas pela via econômica; a integração é muito mais e só pode existir quando existe integração social”, destacou a pesquisadora Sílvia Montenegro
Publicação
12/09/2007 - 16:58
12/09/2007 - 16:58
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