Paraná apresenta dinâmica instável de crescimento demográfico

Movimentos migratórios são os principais motivos para a variação no crescimento da população paranaense nos último 50 anos, quando todo o território do Paraná foi ocupado
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02/07/2007 - 16:31
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O Paraná vem se destacando nas últimas décadas, no cenário nacional, por apresentar uma dinâmica de crescimento demográfico bastante instável. Um dos motivos determinantes para esta instabilidade são os movimentos migratórios, de acordo com análise feita pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Durante um largo período, em meados do século passado, o estado recebeu um enorme número de pessoas vindas de outras regiões durante a etapa de expansão de sua fronteira agrícola. No transcorrer de 40, 50 anos, praticamente todo o território paranaense foi ocupado, crescendo tanto a população residente nas áreas rurais quanto nas cidades. A partir de final dos anos 1960 e início da década de 1970, essa dinâmica populacional se alterou bruscamente. As áreas rurais do estado passaram a perder população em ritmos acelerados, as cidades aumentaram de tamanho, principalmente aquelas que já tinham maior porte, mas uma grande parte da população antes residente no estado buscou novas oportunidades de trabalho e de vida no vizinho estado de São Paulo, que naquela época colhia aceleradamente os frutos do vertiginoso crescimento econômico, e na nova fronteira agrícola nacional, que se expandia principalmente por sobre Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia. Paralelamente ao forte movimento de pessoas indo e vindo para o estado e também se movimentando dentro dele, os anos 1970 também marcaram o início de uma enorme transformação na demografia brasileira, e portanto igualmente na paranaense, de repercussões profundas e prolongadas. Trata-se do intenso processo de declínio da fecundidade que vem ocorrendo em todas as regiões do País, em todos os segmentos sociais, e que vem alterando substancialmente a pirâmide etária brasileira. Há uma redução acelerada da população infanto-juvenil em contrapartida a um aumento expressivo da população adulta e, principalmente, da idosa. Em decorrência desses processos (queda da fecundidade, provocando a redução da taxa de crescimento vegetativo, e forte emigração estadual), o Paraná, nos decênios de 1970 e de 1980, foi o estado que experimentou o menor crescimento populacional no País. Em contraposição, a Região Metropolitana de Curitiba, em comparação com as demais RMs, foi a que mais cresceu demograficamente, revelando as fortes ocupações de novos espaços que os movimentos migratórios imprimiram no Estado, em um curto intervalo de tempo. Nos anos 1990, a taxa de crescimento da população do estado voltou a crescer ligeiramente, mantendo-se, porém, ainda abaixo do crescimento natural da população, ou seja, saldo de nascimentos menos óbitos. Tal crescimento não se deu em função de que mais pessoas tenham vindo para o estado, mas principalmente porque menos pessoas saíram do Paraná. As atratividades em termos de emprego, fontes de renda e possibilidades de ascensão social fora do Estado já não são as mesmas, fazendo com que a população que se dispõe a migrar não se arrisque em longos trajetos. Ao contrário, existem indicações de que o Paraná vem recebendo significativos fluxos migratórios de retorno, seja porque os que haviam emigrado obtiveram êxito e retornaram para se estabelecer agora em melhores condições no estado, ou seja porque a emigração redundou em fracasso, provocando um retorno às origens, em busca das redes sociais e de parentesco de proteção. Associado a isso, os movimentos migratórios dentro do Estado continuam intensos.