Paraguai propõe pagar 50% da ponte da Ferroeste em Foz

Proposta feita nesta quarta-feira (20) pelo governo paraguaio é uma contrapartida à construção do ramal de 170 quilômetros da Ferroeste ligando Cascavel a Foz do Iguaçu
Publicação
20/05/2009 - 19:10
Editoria
O Paraguai pode financiar 50% de uma ponte ferroviária entre Foz do Iguaçu, no Brasil, e Puerto Presidente Franco, no Paraguai, em contrapartida à construção do ramal de 170 quilômetros da Ferroeste ligando Cascavel a Foz do Iguaçu. A intenção foi formulada pelo vice-presidente do Paraguai, Federico Franco, na Expo Santa Rita, durante encontro que reuniu o presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, autoridades ministeriais e produtores rurais daquele país. A extensão entre Cascavel e Foz do Iguaçu já possui projeto final de engenharia. Como consequência, o governador do Departamento de Alto Paraná, Paraguai, Nelson Aguinagalde, o vice-ministro da Pecuária do Paraguai, Armim Hamann, e o vice-ministro do Comércio do Paraguai, Agustín Perdomo, divulgaram nesta quarta-feira, 20, a “Carta de Santa Rita”, com o objetivo de “articular o setor público com a sociedade civil” nos dois países. O manifesto objetiva acelerar a construção da ponte sobre o rio Paraná e fazer avançar o projeto do corredor bioceânico unindo os portos de Paranaguá e Antofagasta, no Chile. Também assinam o documento – que será entregue ao presidente do Paraguai, Fernando Lugo – o presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, autoridades departamentais, municipais, líderes cooperativistas e empresários paraguaios. Carta aberta A “Carta de Santa Rita” menciona a declaração do vice-presidente paraguaio, na Expo Santa Rita, sobre o projeto de integração ferroviária. O documento ressalta que Federico Franco manifestou que “o Governo Nacional (do Paraguai) financiará 50% da ponte ferroviária para unir Foz de Iguaçu com Puerto Presidente Franco”. Depois de aprovada no âmbito interno do governo, a proposta paraguaia seria encaminhada ao governo brasileiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante entrevista a jornalistas, dia 8 de maio, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, por ocasião da inauguração do novo trem do Pantanal, lembrou o esforço do Governo brasileiro no sentido de viabilizar a expansão da Ferroeste: “Nós estamos agora trabalhando uma ferrovia (Ferroeste) ligando o Mato Grosso do Sul ao Estado do Paraná e possivelmente chegar ao Paraguai”. A carta aberta explica que a decisão de formar uma comissão para ir ao presidente Lugo a carta de intenção também visa “expressar a decisão de atuar conjuntamente para formar um grupo de trabalho que impulsione a integração dos projetos ferroviários Puerto Presidente Franco/Santa Rita/Encarnación/Pilar com o projeto de expansão ferroviário da Ferroeste e a integração ao sistema ferroviário argentino, em Posadas e Resistência”. O texto da carta de intenção, frisa que a ferrovia “possibilitará integrar os povos do Brasil, Paraguai, Argentina e Chile através de 2.800 km de via férrea desde Paranaguá, Brasil, até Antofagasta, Chile, permitindo o acesso à bacia (rota) Ásia-Pacífico, além da tradicional bacia do Atlântico”. O grupo de trabalho, informa o documento, além de definir estratégias para a construção da ponte entre Foz do Iguacu e Puerto Presidente Franco, também vai estudar a construção de outra ponte ferroviária “sobre o Paraguai, na altura de Pilar, para a integração da linha ferroviária argentina, em Resistência, e desta ao Chile pelo Noroeste argentino”. Entre as decisões tomadas pelo grupo constam: a contratação de uma assessoria governamental, técnica, econômica e financeira para analisar as propostas; a reativação do corredor de exportação de Paranaguá, através de acordos logísticos com a Ferroeste; e empenhos junto ao governo paraguaio no sentido de solicitar que o projeto seja considerado de “Interesse Nacional”. A “Carta de Santa Rita”, segundo o documento, surgiu em função da visita do presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, à Expo Santa Rita, a convite de um grupo de empresários paraguaios (Unicoop) que está retomando as exportações pelo Porto de Paranaguá, através do porto seco de Cascavel. Gomes, ressalta o documento, apresentou o projeto de expansão da Ferroeste, que constitui, segundo o texto “uma realidade na qual o Paraguai necessita definir sua ‘visão ferroviária’ para integrar-se à rede do Brasil, Argentina e Chile”. Projeto binacional O ramal entre Cascavel e Foz do Iguaçu, parte brasileira do trecho do corredor bioceânico ligando Cascavel e o Paraguai, foi assumido pelo Brasil e pelo Paraguai como um projeto binacional. A parte brasileira, entre Cascavel e Foz do Iguaçu, A Ferroeste investiu R$ 10,1 milhões nos estudos preliminares de viabilidade do ramal e parte dos estudos ambientais. Esses últimos precisam apenas ser atualizados. O trecho entre Foz do Iguaçu e o ponto de ligação no território paraguaio com a fronteira argentina terá cerca de 300 quilômetros e custará em torno de US$ 600 milhões, já incluído o custo da ponte ferroviária internacional sobre o rio Paraná entre Foz do Iguaçu e Puerto Presidente Franco. Samuel Gomes ressalta que a construção do ramal de Cascavel para Foz do Iguaçu, obra que conta com o respaldo de parceiros internacionais sul-americanos, permitirá consolidar o “corredor ferroviário bioceânico”, que passará pelo Paraguai, unindo o porto de Paranaguá, no Sul do Brasil, ao porto de Antofagasta, no Chile. “A decisão política de construir o corredor”, lembra o dirigente, “foi tomada pelo Brasil, Paraguai, Argentina e Chile”. Esse fato aconteceu na Reunião de Integração Ferroviária Argentina-Brasil-Chile-Paraguai, em 29 de maio de 2008, em Buenos Aires, que definiu prazo entre cinco e dez anos para o corredor entrar em operação.