O professor Yury Gromyko, membro da Academia de Ciências da Rússia e diretor do Instituto de Estudos Avançados da Academia, disse nesta terça-feira (9) que os países, sobretudo os em desenvolvimento, devem, neste momento de crise internacional, investir em ciência e tecnologia voltadas ao incremento da atividade industrial. Gromyko falou no painel “Papel Econômico e Geopolítico da China, Estados Unidos, Rússia e China”, na tarde do segundo dia do seminário “Crise – Rumos e Verdades”, promovido pelo Governo do Paraná, em Curitiba.
Na avaliação do especialista russo, para as nações se livrarem da crise não bastam as medidas imediatas – “o que já é uma batalha acirrada” – que vêm sendo anunciadas. O momento precisa ser aproveitado para uma ampla reformulação no sistema financeiro, e que as instituições financeiras sejam utilizadas para o fomento à renovação das plataformas industriais dos países.
Para Gromyko, faz-se necessário investir em ciência, de forma a direcionar esses estudos à viabilidade prática; em educação; e em indústrias com inovações tecnológicas, sejam inovações em seus produtos ou em técnicas que minimizem os impactos ambientais de suas atividades.
O professor russo ressaltou que é preciso garantir, em acordos internacionais, “o direito de todo país se desenvolver”. Para o planejamento e execução de políticas de desenvolvimento econômico, Gromyko sugere cooperações internacionais e a integração de institutos dos diversos segmentos da atividade econômica.
Yury Gromyko comparou as medidas que vêm sendo adotadas atualmente por dois países que pertenceram à extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), como caminhos para escapar da crise internacional: Bielo-Rússia e Cazaquistão.
A Bielo-Rússia, depois do fim da URSS, procurou preservar a estrutura do sistema socialista, disse o professor. Hoje, como combate à crise, o país vem intensificando essa estrutura – comprou, por exemplo, a participação que havia delegado à iniciativa privada nos dois maiores portos marítimos do país. Está investindo numa usina nuclear estatal e firmando acordos com a Venezuela.
O Cazaquistão, por sua vez, liberalizou o mercado no pós-URSS. Com a crise, as iniciativas do país têm se focado na adoção de instrumentos voltados mais ao mercado financeiro e menos ao setor produtivo da economia. “Temos a Bielo-Rússia com medidas direcionadas à produção, e o Cazaquistão adotando mecanismos financeiros”, assinalou Yury Gromyko.