Palacete dos Leões abre mostra de esculturas de Espedito Rocha


A exposição Luisa Morena, abre nesta quinta-feira (16), às 19 horas no Espaço Cultural - BRDE
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15/04/2009 - 11:50
Editoria
O Espaço Cultural BRDE - Palacete dos Leões abre, nesta quinta-feira (16), às 19 horas, a exposição Luisa Morena, do escultor Espedito Rocha. Os trabalhos poderão ser apreciados pelo público até o dia 15 de maio. Aos 88 anos, o artista homenageia a neta mais nova, que empresta seu nome à mostra. Espedito Rocha começou a fazer esculturas na infância. Caçula de nove irmãos, acompanhava os pais na lavoura e lá, numa macaxeira, que as primeiras formas foram esculpidas. Ele não queria ser lavrador, então saiu à procura de outra profissão. Com 12 anos, Espedito já era sapateiro. Nesta época, descobriu sua afinidade pela madeira, consertando santos quebrados na sapataria do santeiro Mané Imaginaro. Desenvolveu a técnica de forma autodidata. Da infância guarda lembranças que o marcaram profundamente. O garoto, que viu o pai sair para votar, estranhou a apreensão da família, lá em Pernambuco, nos anos 30. “O pai vai votar e quem vota contra o governo, eles matam” contou a tia. O garoto só sossegou depois que o pai voltou para casa. “Foi aí que me tornei um homem político, contra tudo o que é poderoso”, explica Espedito, que se filiou ao Partido Comunista em 1938 e se tornou dirigente do partido em 1967. Preso e torturado, após 100 dias de prisão foi internado em um hospital, de onde fugiu. O partido abrigou Espedito em São Paulo, na casa de um casal de professores que foi estudar no exterior. Sindival Rodrigues Martins, o dono, fazia esculturas de madeira que ficavam inacabadas. Espedito resolveu terminar as esculturas e, quando Martins voltou de viagem, surpreso com o seu talento, o apresentou a Pietro Maria Bardi, que foi organizador e autor do texto da primeira exposição do artista, em 1980, no Sesc do Carmo na capital paulista. “Espedito Oliveira da Rocha é um desses homens que desafiam as injunções próprias de quem é ligado ao mundo do trabalho. Na cartilha mais difícil, aprendeu a vida por ela própria. Transformou em poema de aroeira, peroba e cedro tudo o que viu e viveu”, relata Pietro Maria Bardi no texto. Seis anos depois, foi convidado oficial do governo Gorbatchev para ir à União Soviética. “Eu nem imaginava o prestigio que tinha”, lembra. Em vez do discurso político, usou a arte para expor a revolta contra o que considera injusto. Esculturas como “Boia-fria em Curitiba” e “Retirantes” demonstram o cansaço pelo trabalho pesado e pela vida difícil. Ele se afastou da política, mas ainda recebe muitas visitas de políticos. “Converso, mas não dou opinião. Chega uma idade em que não temos o direito de errar porque não dá tempo de recuperar o erro”, comenta. Sem título - Uma de suas obras – Amigos - faz parte do Acervo do BRDE. É uma das poucas obras com título. “Se eu der nome às esculturas a tendência é que o público tenha a mesma visão que eu. Cada um deve estar livre para imaginar e entender o que quiser de acordo com a sua vivência”, comenta. As esculturas são “leves”, segundo o artista. A técnica de retirar o miolo nasceu por acaso. “Um dia fui expor na Biblioteca Pública e vi os artistas com o trabalho embaixo do braço. Eu tive que levar em uma Kombi. Depois disso resolvi fazer escultura leve”, diz. Espedito tem grande apego por suas obras. “Algumas eu faço e dou de presente, mas aquelas de que eu mais gosto coloco o preço mais alto, justamente para que ninguém compre”, brinca. Serviço: Exposição Luisa Morena, de Espedito Rocha Abertura: nesta quinta-feira, dia 16 ,às 19 horas, para jornalistas e convidados Exposição: de 17/04 a 15/05, de segunda à sexta-feira, das 12h30 às 18h30 Local: Espaço Cultural BRDE - Palacete dos Leões, Av. João Gualberto, 530/570 (com estacionamento) Alto da Glória – Curitiba

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